Metal Brasil: o rolo compressor ultraviolento de Andralls e Nervochaos
Marcelo Moreira
Ano de crise e cultura em risco = criatividade em alta. Essa contradição é uma constante na história da humanidade, principalmente na atribulada trajetória brasileira a partir dos anos 60.
Desde que a música extrema brasileira renasceu no início deste século, praticamente todas as principais bandas de thrash e death metal mantém uma trilha de ascensão, lançando CDs melhores do que os antecessores. É o caso, porvavelmente, do Torture Squad, que mudou de formação e cometeu o excelente "Far Beyond Existence".
Certamente é o caso também de duas bandas de São Paulo que estão afiadíssimas com seus trabalhos mais recentes: Andralls, com "Bleeding for Thrash", e Nervochaos explodindo com "Ablaze".
O trio Andralls mostra vigor e fúria com um álbum impecável. A urgência e a porrada dão o tom, percorrendo todo o espectro extremo nas letras e no peso das guitarras.
É difícil recuperar o fôlego diante de tamanha violência sonora, principalmente na abertura, "We Are the Only Ones", um belo cartão de visitas, e "Andralls on Fire part III", uma desgraça sonora que abala as estruturas.
São 11 canções que expõem um mundo desabando, uma destruição sonora ao melhor estilo de Sepultura, uma influência evidente, e também com pitadas de Slayer e algo de Exodus do tempo de Paul Baloff nos vocais.
Merecem destaque também neste CD as furiosas "Imminent Cancer", "Legion" e a faixa-título. Certamente é um dos candidatos a melhores do ano para o Combate Rock.
O Nervochaos também vem bastante furioso com "Ablaze". Provavelmente a mais internacional das bandas de metal brasileiras, ao lado de Krisiun e Nervosa, no quesito shows no exterior, o quarteto expande horizontes ao agregar mais elementos ao metal extremo de qualidade que sempre fez.
Com ótima produção e temas polêmicos e contundentes, as guitarras preenchem completamente o ambiente, formando uma parede de som intimidante.
As referências são inúmeras, mas nota-se uma preocupação grande com arranjos em com linhas melódicas mais precisas e marcantes, dando ares quase "progressivos" ao death metal avassalador. Não é à toa que a banda é respeitadíssima na Europa.
É difícil realçar qualquer música por conta da alta qualidade do trabalho, mas não há como não falar de duas – "Demonic Juggernaut" e "Whisperer in Darkness".
Pesadas e demolidoras, estabelecem um padrão bem diferente e acima do que estamos acostumados no metal extremo brasileiro.
A primeira devasta cérebros com timbres de guitarra ensurdecedores, enquanto a segunda mostra uma competência absurda ao alinhar velocidade e peso de forma espetacular. "Death Rites" e "Dawn of War" também são massacrantes e uma amostra poderosa de como o som do Nervochaos se tornou devastador.
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