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Metal Brasil: heavy tradicional pulsa nos álbuns de Hellish War e Sunroad

Combate Rock

11/09/2019 06h48

Marcelo Moreira

No começo tudo era heavy metal. Depois vieram as milhares de subdivisões e as muitas maneiras que as bandas inventaram para se destacar, algumas com muita criatividade. E então o chamado metal tradicional ficou fora de moda.

No Brasil teve gente que não se incomodou com isso e nunvca abandonou as raízes do heavy metal, entre elas as bandas ótimas Dark Avenger, Fates Prophecy e Pastore, entre outras.

Dois recentes lançamentos de bandas nacionais reforçaram a predileção pelo metal tradicional por aqui: "Wine of Gods", do Hellish War, e "Heatstrokes", do Sunroad.

O Hellish War e uma veterana banda do interior de São Paulo que nunca abandonou o tradicionalismo. Mesmo flertando algumas vezes com o thrash, manteve as guitarras gêmeas bem timbradas e as famosas "cavalgadas" à a Iron Maiden.

O grupo inglês, aliás, é a principal influência do Hellish War, que expande as possibilidades incluindo pitadas de Judas Priest e Manowar. O novo álbum é repleto de referências e transporta, de certa forma, o ouvinte para os dourados anos 80.

"Wine of Gods" é um trabalho que tem uma boa produção, que valoriza os detalhes e os timbres de guitarra. Com a maturidade, o quinteto paulista deixa de lado qualquer excesso e recupera o prazer de fazer uma música em que é possível curtir e, ao mesmo tempo, parar para prestar atenção aos detalhes.

O grande momento do álbum é "Warbringer", um poderoso míssil tradicional que tem a participação de Chris Boltendahl, vocalista da ótima banda alemã Grave Digger. Os riffs de guitarra são um tributo ao metal tradicional europeu, mesclando um som moderno e o típico tema épico que tanto encanta os tradicionalistas.

"Wine of God", a música, é agressiva e incisiva, jogando o metal na garganta do ouvinte e trazendo todo aquele clima que o Manowar imprime em suas canções mais rápidas.

O memso pode ser dito de "Trial by Fire", que fala da Santa Inquisição espanhola, rápida e bastante pesada, quase um encontro do memso Manowar com o Grave Digger de Boltendahl. É mais reta, com um belo traalho vocal de Bil Martins.

Os temas históricos permeiam toda a obra, como é o caso de "Devin", que cita um castelo na Eslováquia, e "Falcon", inspirada em um poema britânico antigo e épico.

Há uma boa surpresa com uma faixa mais básica e hard, como "Burning Wings", que fala de depressão, e a que talvez seja a mais pesada, "The Wanderer", com uma mensagem um pouco miais positiva.

O disco do Hellish War mostra que ainda é possível fazer som moderno mesmo mirando o passado, com bons resultados. Não é original nem inovador, mas incorpora aquele espírito oitentista revigorante de fazer boa música com prazer.

Já no caso da Sunroad, "Heatstrokes" é uma tentativa de ir além do que heavy metal tem oferecido atualmente. A busca por um som moderno e acessível é a obsessão do baterista Fred Mika e do vocalista e guitarrista Andre Adonis.

Felizmente, essa obsessão não ultrapassou os limites do que costumamos chamar de invencionices. É um hard'n'heavy mais para heavy, com guitarras que lembram bastante os trabalhos recentes de Dead Daisies e Revolution Saints, misturando timbres clássicos e arranjos mais modernos e arrojados.

A trinca que abre "Heatstrokes" já vale o CD. "Mind the Gap" joga o astral lá para cima, com riffs matadores de guitarra e bons solos. "Given and Taken" é uma boa exibição de técnica e virtuosismo, mas longe da autoindulgência, enquanto "Screaming Ghosts" é mais versátil e rápida.

A faixa-título é mais pesada, com boas soluções de arranjos de guitarra e um baixo musculoso e pulsante, assim como em "Spellbound Age", que tem letra simples, mas cativante.

Sunroad é um sopro de talento no rock nacional que nos lembra, ainda bem, que existe vida inteligente em Goiânia, uma cidade que se tornou capital do sertanejo e da indústria massiva de hits ruins e repetitivos de tal gênero.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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