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'Yesterday': como o cinema redescobriu a magia dos Beatles neste século

Combate Rock

03/09/2019 06h28

Marcelo Moreira

Um mundo sem os Beatles. Um mundo sem a música pop e o rock como o conhecemos. E eis que temos um filme delicioso que estreou recentemente nos cinemas brasileiros, "Yesterday".

A ideia é interessante e o rotyeiro faz jus às expectativas, mas o que tem chamado a atenção de muita gente é a qualidade da trilha sonora, com músicas da banda interpretada pelos atores. Como assim a trilha sonora chama a atenção, se as músicas estão tocando sme parar há 57 anos?

Os Beatles são sinônimo de ouro. Qualquer coisa que tenha o seu nome ou alguma associação vende bastante, ou rende o suficiente para deixar todos satisfeitos. Como assim? Reinvenção?

É saudável que de tempos em tempos haja essa redescoberta por conta de filmes interessantes e que estimulem a busca pelas canções do quarteto e de outras de bandas muito importantes e contemporâneas, como Rolling Stones, Kinks, The Who, Small Faces, Yardbirds, Cream, Jimi Hendrix Experience, The Doors… ]

A música pop após 1970 seria bem pior e menos importante para a humanidade se os Beatles não tivessem dado o pontapé para a revolução após deglutir o som de Elvis Presley, Chuck Berry, Litte Richard, Muddy Waters, Buddy Holly, Fatys Domino e muitos outros.

O filme "Yesterday" é interessante e de boa qualidade, mas sua trilha sonora é estupenda, obviamente. O diretor Danny Boyle (de "Traisnpotting) com seu alto conhecimento de cultura pop, atingiu o equilíbrio entre ficção e realidade mexendo em um vespeiro, que é a vida e a carreira dos Beatles, a maior de todas as bandas de rock.

Com direção segura e sutil, conduziu com inteligência o ator Himesh Patel, que interpreta Jack Malik, um músico de boteco que um dia sogre um acidente de bicicleta em Londres, bate a cabeça e desmaia.

Ao acordar no hospital, percebe que tudo está muito diferente e estranho, a principalmente em relação aos fatos cotidianos de um passado não tão longínquo.

Quando tem alta, percebe que muita coisa mudou, e o mais chocante é quando descobre que os Beatles nunca existiram.

Ele insiste, pega o violão e toca as músicas da banda pra todo mundo ouvir, e logo é considerado um gênio por ter "composto" aquelas músicas e vira um astro mundial.

Patel interpreta com competência boa parte das músicas da trilha sonora e ajudou a deixar a aura do filme mais instigante.

No entanto, se o roteiro de "Yesterday" é original, o uso das músicas dos Beatles como escada e ponto de partida para o sucesso não é exclusividade do filme de Boyle.

"Uma Lição de Amor" ("i Am Sam", 2002), de Jessie Nelson, é uma fita extraordinária que aborda com muita sensibilidade o autismo e a inserção dos portadores da síndrome na sociedade.

Sam Dawson (Sean Penn) é um homem de mais de 40 anos de idade com um grau avançado de autismo a ponto de ser considerado portsador de um distúrbio mental e se comportar como uma criança de sete anos.

Trabalha em um subemprego e mora em um apartamento minúsculo, e recebe a supervisão de uma assistente social da cidadezinha onde vive.

O problema é que ele tem uma filha espertíssima de oito anos, fruto de uma relação de uma única noite com uma moradora de rua, que abusou sexualmente dele.

Após dar a luz, ela some, mas avisa que Sam é o pai. Curiosamente, a sua principal fomra de relacionar com as pessoas é por meio das músicas dos Beatles – conhece todas as letras de todas as músicas, sabendo cantar todas elas. A trilha sonora é maravilhosa, com artistas da época tocando versções bem bacanas dos clássicos dos Beatles.

É o mesmo caso de "Across the Universe", que praticamente só saiu no Brasil em DVD. É um filme de 2007, dirigido por Julie Taymor.

Ao longo de 31 canções dos Beatles interpretadas por vários artistas, o roteiro passeia pela contracultura dos anos 60 nos Estados Unidos, enfocando a trajetória de um estudante de Liverpool apaixonado por uma ativisdta dos direitos civis. Neste caso, o filme é apenas razoável, valendo muito mais pela trilha sonora.

Outras duas fitas merecem destaque por conta da trilha bem bacana baseada nas músicas dos Beatles. Entretanto, a força e o sucesso das trilhas obrigatoriamente teria de acontecer, já que os dois roteiros abordam diretamente a carreira da banda.

"Os Cinco Rapazes de Liverpool"("Backbeat", de 1994), de Iain Softley, retrata o período entre 1960 e 1961 da carreira dos Beatles, época em que eles eram quinteto e tocavam em botecos de Liverppol e Hamburgo, na Alemanha.

O baterista era Pete Best e o baixista, Stuart Sutcliff, um artista plástico que era o melhor amigo de John Lennon e que foi convencido a comprar um baixo e entrar na banda. Nunca foi músico de verdade.

Vários artistas dos anos 90 participaram da trilha sonora gravando canções que faziam parte do repertório do grupo inglês, mas que não eram de sua autoria.

Por fm, temos "O Garoto de Liverpool" ("Nowhere Boy", 2010), de Sam Taylor-Johnson, que aborda a adolescência de John Lennon em Liverpool, tendo como clímax a morte da mãe do beatle, Julia, em julho de 1958, um ano depois de ter conhecido Paul McCartney. A trilha sonora, por sua vez, é um passeio pelo mundo musical do garoto Lennon, com 17 anos e descobrindo as maravilhas do blues e do rock norte-americano.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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