Restrição de smartphones em shows é um capricho de artista mimado
Marcelo Moreira
O maior inimigo dos músicos é o telefone celular. A cruzada contra os aparelhos une artistas tão díspares como Paul McCartney, Ian Astbury (The Cult) e cantores de rhythm & blues modernos dos Estados Unidos – curiosamente, os cantores sertanejos não se importam…
Os flashes das câmeras fotográficas de celulares é capaz de provocar a ira de tal forma que, recentemente, o cantor inglês Rob Halford chutou um aparelho em recente show do Judas Priest – o espectador, que estava na grade, filmava insistentemente o cantor, apesar dos pedidos desde o começo da apresentação para que ninguém fizesse isso. Halford, é bom que se diga, é um dos artistas mais educados e gentis do rock.
Agora é a vez do King Crimson, banda maravilhosa de rock progressivo que comemora 50 anos de carreira neste ano e que fará sua estreia em palcos brasileiros em 2019.
A banda anunicou que o show de São Paulo, nso Espaço das Américas, smartphones estarão proibidos para que as pessoas "desfrutem das inúmeras sensações de assistir a um concerto."
Não é a primeira vez que a banda faz isso e não é o primeiro grupo a tentar restringir (reprimir?) o uso de aparelhos celulares nos shows. A questão que fica é a seguinte: até que ponto esse tipo de atitude é uma invasão da vida privada dos espectadores?
Em 2017, no Allianz Parque, em São Paulo, Ian Astbury, o cantor do The Cult, ficou irritado com os espectadores paulistanos que estavam mais interessados em navegar no celular e em tirar fotos do que curtir a apresentação da banda e ironizou o fato em algumas tiradas sarcásticas.
Por que os celulares incomodam tanto? Os artistas não deveriam estar m,ais preocupados em fazer um show decente (coisa que Asbury e sua banda não fizeram) em vez de ficar cuidando da vida privada dos fãs?
É compreensível, de certo modo, que os músicos se irritem com a mania atual de filmar e fotografar os shows. Eles querem toda a tenção, e é mito justo, para não falar do fato de que as luzes dos celulares e flashes atrapalham.
Entretanto, a praga dos celulares é um fato. Multifuncionais, vieram para ficar. Transformaram-se em uma parte importante da vida e do "corpo" das pessoas. Como estabelecer limites para o seu uso? Por meio de lei? Os artistas têm o direito de restringir o uso do aparelho?
É louvável a preocupação do King Crimson em preservar a sua arte e em valorizá-la, mas desde que isso não interfira na liberdade individual das pessoas.
Proibir o uso de smartphones, seja para fotos/filmes ou até mesmo para o uso normal de checagem de mensagens, é um dos maiores absurdos da história da humanidade.
Não cabe ao artista ou a quem quer que seja regular comportamentos e dizer o que cada um pode ou não fazer dentro de um show.
Queiram ou não, celulares se transformaram em artigos necessários e fundamentais no dia a dia das pessoas. Um médico não pode ficar sem o telefone durante um espetáculo, assim como um oficial do Corpo de Bombeiros.
Ao menos dois advogados consultados pelo Combate Rock afirmam que, em princípio, a restrição dos smartphones pode ser contestada judicialmente.
A questão é controversa. No entanto, em termos artísticos, o problema é outro: até que ponto o uso dos celulares interfere e atrapalha o espetáculo? O artista não deveria se preocpar com assuntos mais relevantes e importantes?
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