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The Who lança gravação do show de Woodstock, realizado há 50 anos

Combate Rock

17/07/2019 07h00

Marcelo Moreira

No começo nenhum dos quatro músicos ficou muito anmado em participar de um grande festival numa áerea rural do nordeste dos Estados Unidos. O cachê era baixo e vários outros astros tinham recusado participar de saída, como Bob Dylan, Beatles e Rolling Stones.

Persuadidos, desembarcaram em Nova York dedicidos a roubar a cena no chamado Woodstock Festival, em Bethel, no interior do Estado de Nova York.

Eles tinham ido bem em Monterey, na Califórnia, dois anos antes, mas aí o amigo nem tão amigo assim Jimi Hendrix resolveu radicalizar depois de uma discussão sobre quem fecharia a noite: colocou fogo na guitarra e foi A notícia daquele festival.

Desta vez o Who não precisaria enfrentar Hendrix, que tocaria em outro dia – mas tambem roubaria a cena com o hino norte-americano distorcido em protesto contra a Guerra do Vietnã.

E então quiseram ousar: tocar na íntegra "Tommy", a ópera-rock recém-lançada pela banda naquele que seria, na opinião do quarteto, o grande lance artístico do festival.

"Woodstock 1969: Live & Remastered" é o resultado daquele show, uma gravação que só foi lançada na íntegra por conta das comemorações dos 50 anos da realização do festival.

Praticamente nenhum artista que tocou em Woodstock se importou em lançar suas performances em áudio – assim comoo vídeo, envolvia uma severa negociação com os detentores dos direitos sobre o evento.

Para o Who, nunca se interessou porque os músicos acreditavam que a captação do áudio, que teve problemas, entre outros entreveros técnicos – não justificava o lançamento, por mais histórico que fosse. A banda até que foi bem no palco, mas, como se viu posteriormente, havia gravações de shows na Inglaterra muito mehores e mais representativas em termos artísticos.

É o caso de "Live at Fillmore East" (concertos famosos realizados em abrl de 1968, em Nova York) e "Live Hull", gravado na universidade inglesa da cidade de Hull – reza a lenda de que esses tapes deveriam ter sido lançados no lugar do fantástico e oficial "Live at Leeds", que frequenta as listas de melhores álbuns ao vivo da história.

Mudanças

O guitarrista Pete Townshend sempre disse que nunca achou espetacular a performance da banda em Woodstock. Segundo ele, as condições não eram as ideais, com problemas nos equipamentos e a interrupção famosa do ativista Abbie Hoffman, que invadiu o palco em um pequeno intervalo para um discurso político. Foi devidamente expulso a golpes de guitarra por Townshend.

O Who estava em uma época de definição na carreira. Enquanto os compatriotas de várias bandas decolavam e ganhavam dinheiro, o quarteto tinha muito mais fama do que grana e estava mito endividado com as constantes quebras de equipamentos no palco.

"Tommy" salvou a carreira da banda, que se transformou em um gigante do rock a partir do lançamento da ópera-rock. Também acalmou o baterista Keith Moon e o baixista John Entwistle, que cogitram sair no ano anterior para montar um grupo com os guitarristas Jimmy Page e Jeff Beck. Os dois estava fartos das brigas internas entre Townshend e o cantor Roger Daltrey – e entre Daltrey e Moon. O projeto fracassou.

Mesmo com um excepcional tratamento sonoro, as músicas do show de Woodstock não conseguem mostrar toda a potência e virulência da performance da banda, que naquele ano começava a cair de cabeça no hard rock ao vivo. A captação original não foi boa e a banda pareceu, em alguns momentos, hesitante diante da escuridão que tomou o palco na sua apresentação.

Foi um bom show, com bastante energia e os músicos tocando com vontade. Só que o Who já não era uma grande nmovidade, como ocorrera dois anos antes no Monterey Festival. Além disso, a decisão ousada de tocar "Tommy" quase na íntegra deixou grande parte do público boiando por não ter familiaridade com o então material novo.

Na comparação com os shows do Fillmore East, do ano anterior, e da Universidade de Leeds, de fevereiro de 1970 – o show que virou álbum oficial em 1970 -, Woodstock deixa um pouco a desejar em fúria, em peso e empolgação. Parece que no festival o grupo estava menos à vontade, talvez por conta de executar um material ainda pouco ensaiado e quase não executado ao vivo.

Os destaques são "Pinball Wizard", que ganhou contornos ainda mais dramáticos, "Amazing Journey", que praticamente introduziu "Tommy" ao grande público presente, e o magnífico encerramento da ópera-rock "We're Not Gonna Take It", que inclui o trecho que virou música separada "See Me Feel Me".

Na reta final, o grupo se soltou mais, com uma versão furiosa de "My Generation", o seu maior hit, e recuperando clássicos do blues e da soul music, como "Shakin' All Over", e do rockabilly, como "Summertime Blues".

De qualquer forma, é um registro histórico necessário e que a banda estava devendo aos amantes do rock. The Who foi a única banda do top 5 histórico do gênero – completado por Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e Pink Floyd  a se apresentar no icônicoe mais célebre festival já realizado."A

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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