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PA Pagni era a alegria e a esperança que resistiam no rock nacional

Combate Rock

23/06/2019 12h42

Marcelo Moreira

PA Pagni (FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK)

Para os amigos mais próximos era o Paulinho, aquele cara afável que adorava conversar e rir. Adorava falara sobre bateria e não rato era flagrado no meio de conversas tocando "air drum", mesmo que o assunto nada tivesse a ver com músicas.

Para os jornalistas, era PA, o ex-baterista do RPM que volta e meia reaparecia em alguma encarnação da banda, com ou sem o vocxlaista e baixista Paulo Ricardo.

PA Pagni, que morreu no sábado, 22 de junho em decorrência de fibrose pulmonar e outros problemas respiratórios, Sempre fez questão de estar perto da música, mesmo quando ela insistia em se afastar dele.

Ele precisava tocar, ainda que fosse algo diferente do seu RPM. E o fez bem, em vários locais e em várias bandas após os fins da celebrada banda do rock nacional.

Nâo foram poucas as rasteiras que o próprio RPM deu nele e nos outros integrantes. Com o declínio ocorrido ao final do anos 80, a banda submergiu na década seguinte e não houve jeito de fazê-la ressuscitar, com ou sem o proclamado líder, Paulo Ricardo.

Em 2019, PA, Luiz Schiavon (teclados) e Fernando Deluqui (guitarra) tentariam de novo, e novamente sem Paulo Ricardo. Havia um clima bom entre os músicos, um otimismo genuíno.

PA estava firme e acreditava que seria interesssante lançar músicas novas e fazer uma turnê de 35 anos de carreira, embora a data de fundação do grupo seja ainda mais longínqua.

PA brincava com o fato de haver muitas conspirações neste momento, desde aquelas que catapultaram o RPM das danceterias para os estádios, nos anos 80, até aquelas que derrubavam banda nas inúmeras tentativas de voltar aos palcos e ao estrelato.

O baixista nunca deixou de acreditar, mas també nunca tirou os pés do chão. Sabia o que mercado podia reservar para o RPM em 2019, se é que reservava alguma coisa. Entretanto, era na bateria do grupo que ele sentia que era o seu lugar desde sempre.

"Creio que fizemos parte de um momento crucial da música brasileira e do rock nacional. Causamos impacto. Falavam que éramos uma banda pop pegajosa e uma banda arrogante de rock progressivo. Essa dificuldade em nos classificar indica que éramos bons, muito bons", disse certa vez PA sobre os 30 anos dos primeiros lançamentos da banda, em 2015.

Se hoje Schiavon era o cérebro e Deluqui o pilar de sustentação do RPM, PA era a paixão que empurrva tudo para a frente – ou sempre foi, como certa vez comentou o agora novamente desafeto Paulo Ricardo.

A força motriz foi embora deixando um interessante legado de paixão pela música e pelo rock. Seu eterno bom humor e sua esperança farão falta por aqui.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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