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A retomada do saudável hábito de oferecer coletâneas com artistas novos

Combate Rock

21/06/2019 07h00

Marcelo Moreira

Banca de jornais dos centros das capitais brasileiras ou em bairros abastados sempre foram pródigas em revistas estrangeiras com CDs bônus com músicas de bandas novas ou de tendências musicais mais modernas.

Os mais antigos vão se lembrar das inglesas Mojo, Q, Metal Hammer, Classic Rock Magazine, Uncut, New Musical Express e da japonesa Kerrang!, além da alemã Metal Hard. Algumas delas ainda estão em circulação e trazendo os valiosos CDs de amostra ou brinde.

Essa forma de divulgação teve seus dias de glória no Brasil e na Argentina no fim dos anos 90, em especial a Planet Rock brasileira, que trazia várias bandas novas brasileiras e internacionais.

A prática foi abandonada por aqui ainda no comecinho deste século, seja pelo custo do bride, seja pela .morte das publicações ou dos problemas judiciais que envolviam empresas e as próprias bandas "agraciadas", o que é lamentável em se tratando de divulgação em épocas de mercado fonográfico destroçado e música perdendo cada vez mais o valor.

Por isso não deixa de ser salutar que a revista Roadie Crew, a única dedicada à música a sobreviver no Brasil no formado impresso até agora, de se dedicar retomar a prática de trazer CDs encartados nas edições mensais.

Por enquanto, a experiência de retomada ocorreu na edição nº 242, de março, mas os editores já adiantaram, em editorial, que pretendem oferecer o "brinde" em futuras edições.

Todo mundo só tem a ganhar com essa prática, além de ser uma forma de revitalizar um mercado claudicante e com poucas perspetivas, como é o do rock/hard/heavy metal da América do Sul.

"Roadie Crew Collection vol. 1" é o nome do CD que foi encartado na edição 242 da revista que mesclou bandas conhecidas com outras emergentes do cenário nacional, com 16 canções.

O grande destaque é "Shout", então música inédita do Dr. Sin, que retomou as atividades após quase quatro anos de separação. A música estará novo álbum, que será lançado em setembro e é o segundo single divulgado –  primeiro é "Lost in Space".

Com a qualidade de sempre, o trio, agora com o guitarrista Thiago Mello, mostra um hard'n'heavy poderoso e consistente, menos bluesy e mais heavy metal.

Outra boa surpresa é "Back to he Light", single inédito de Alírio Netto, ex-Age of Artemis e atualmente vocalista da banda Queen Extravaganza, um "tributo" avalizado e produzido pelos integrantes do Queen Brian May e Roger Taylor. Depois de um álbum dedicado ao pop rock/MPB, "João de Deus", o cantor retoma o caminho do rock pesado em uma música muoito legal na linha do hard rock.

Outra banda conhecida é o Noturnall, que contribui com "Wake Up", do álbum mais recente, "9". É uma forma de msanter o trabalho em alta enquanto o vocalista Thiago Ianchi reformula a formação.

Bruno Sutter, que também aparece por aí como Detonator – vocalista do Massacration e como "cantor solo" – emprestou a faixa "Archangel Master", de seu primeiro álbum de estúdio com o nome verdadeiro.

O Age of Artemis, de vocalista novo, ressurge com "Lightning Strikes", do álbum "Monomyth", lançado este ano, enquanto o Eminence também divulga trabalho novo com "Obey".

A Heaviest aparece com o power metal "Fire It Up", de seu mais recentre trabalho; o grupo One Arm Way traz a pesada e violenta "Oblivion to Divinity", enquanto que o Brado vai na mesma linha com "Gmme a Reason e a Sun Diamond, com "Go to the Yard".

Se a prática volta a ser novidade entre as publicações impressas que ainda restam, é uma realidade há muito tempo, no campo virtual entre gravadoras e selos musicais brasileiros. Os mais ativos nos últimos anos são a Roadie Metal e a UGK Discos.

A Roadie Metal é uma empresa especializada em rock pesado brasileiro sediada em Goiânia (GO), mas atua em todo o territóri0 nacional. Oferece assessoria de imprensa, de marketing e gerenciamento profissional de carreiras, além de se tornar praticamente um selo musical.

Privilgiando as bandas de seu elenco de clientes, vem oferecendo coletâneas virtuais de músicas há quase dez anos com bons resultados.

Na última leva de lançamentos, os destaques vão para "Five Years Metal" e "Five Years Death", dedicadas ao som mais pesado e brutal.

"Five Years Heavy" é mais diversificada em 28 músicas no formato CD duplo. Como acontece em empreendimentos desse tipo, e não poderia deixar de ser diferente, o material é irregular, ja que junta artistas com anos de estrada e experiência grande no estúdio com novatos que apostam na urgência para divulgar seus trabalhos, não dando tanta atenção a aspectos importantes de produção.

O hard rock marca presença com os paranaenses do Motorocker com a faixa "Curva de Rio", em "Você não Sabe Onde Estou", do Velho Buffalo Ruffus, e com "Start", de Ameslari.

O thrash/hardcore surge com a banda Corram Para as Colinas, que aparece com "A Marcha", com o Brutallian em "Love Is All Around (But The World)", o  Warleggion em "Knock Me Down" e o Sem Futuro chega com "O Boteco de Barrabás".

O Heretic, boa banda de oriental metal, oferece a música "Jihad", enquanto que o hard'n'heavy tem bons representantes, como o SuperSonic Brewer ("Blood Whashed Hands"), Arken ("Fast Dog") e Rhegia ("Dream War").

Aquele hard rock rápido e rasteiro ao estilo Baranga e Carro Bomba aparece com  Omegakill "("Eu não te quero mais") e Overhead ("BR da Morte").

O metal extremo dá as caras em "Five Years Death", também em 28 canções. O maior nome é o Torture Squad, que empresta a faixa "Blood Sacrifice", de seu mais recente álbum, que é bastante interessante por englobar diversos elementos e vertentes.

O Attomica vem com "Feeling Bad", tão pesada e violenta quanto "Priests From Hell", do Faces of Death, "Rotten Brain", do Necrofobia, e "Forsaken", do Death Chaos.

O rock em português surge dos trabalhos do Feios Sujos e Malvados ("Tortura"), Grinding Reaction ("Recuse a Cegueira"), Invokaos ("Clube da Luta") e Saga HC ("Malandragem do Covarde").

"Rock Soldiers vols. 22, 23 e 24" já mostram, só pelo nome, o tamanho da responsabilidade e importância das coletâneas. É um bastião de resistência comandado por Marivan Ugoski, da UGK, que organiza essa iniciativa ha mais de 22 anos.

É um incansável lutador do underground nacional e tem paixão por revelar novas bandas e novos nomes do rock brasileiro.

No 22º volume, como não poderia deixar de ser, há material bom e ruim em termos técnicos, jáque a variedade de atistas e de condições de gravação é grande. Há coisas bem legais, como as bandas Soul Tormentor (RS), Silence Means Death (ES), A Rua (MG) e Animal Core (GO), em uma salada que mistura rock pesado, punk, hardcore e coisas extremas.

Já no volume 23 a predominância maior é do metal extremo. Destacam-se neste CD Xakol, Cadafalsom, Lethal Sense, Balboas Punch, Libertarya, Kizilia e Platoon.

No 24º volume, a mistura é a mesma, com destaque para nomes um pouco mais conhecidos, como Viletale, Blood Corrosion, Marreta e Barril de Pólvora, ao lado de nomes emergentes como Garrafa Social, Exorcismo, Atestado de Óbito, Profeta do Inferno e Tormento Alcoólatra, entre outros.

COMO OBTER OS CDS OU ARQUIVOS DIGITAIS:

– No caso da Roadie Crew, é necessário entrar em contato diretamente com a editora e comprar os números atrasados da edição nº 242. Por enquanto não há previsão de liberação de downloads pagos. Para adquirir pelo site acesse https://roadiecrew.com.br/roadie-shop ou entre em contato pelo telefone (11) 5058-0447

– As coletâneas da Roadie Metal, inicialmente, são destinadas ao mercado musical e fonográfico, principalmente para progfissionais de imprensa e de marketing. Eventualmente, downloads pagos ou gratuitos são liberados para alguns sites parceiros divulgarem a banda. Procure mais informações em www.roadie-metal.com.

– Os trabalhos da UGK Discos podem ser obtidos após consulta à empresa, nos mesmos moldes da Roadie Metal. Entre em contato por meio de https://www.facebook.com/pages/Ugk-Discos/384354458659978.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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