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Metal moderno e progressivo na gelada noite palistana da zona leste

Combate Rock

13/06/2019 07h00

Marcelo Moreira

AnganT abre o minifestival de rock do Cervejazul Music Club (FOTOS: MARCELO MOREIRA)

o lugar era acanhado e o ambiente enre os garçons e proprietários, um pouco tenso. Alguém disse que era a primeira vez que o bar recebia cinco bandas em uma noite de sábado, e bandas que levaram um público acima do normal para a casa que tinha pouco tempo de funcionamento.

Seja como for, o local transpirava rock no sábado 1º de junho, com Dire Straits, Shery Crow e bandas clássicas rolando nas TVs. A pista em frente ao palco, nos fundos do bar, era bem pequena, com capacidade para no máximo 50 pessoas, o que era ideal para uma banda estrear ao vivo.

Era o palco perfeito para a banda AnganT, que tocava pela primeira vez ao vivo em quase dois anos de atividades e após o lançamento do EP "Deep and Far", com quatro músicas.

Também foi bom para banda de metal progressivo The Anmer, que tocou praticamente todo o CD "Look at the Midnight", que tem sete músicas. Superando o nervosismo, a banda Lendo a Bula, de pop rock, conseguiu bons resultados cantando em português.

E o ambiente tenso se desanuviou na Cervejazul Music Club, bar pequeno dedicado ao rock encravado numa esquina da Mooca repleta de botecos onde predominam gêneros musicais diversos e mais populares. Não deixa ser corajoso da parte dos proprietários estabelecerem uma casa roqueira alina rua Taquari, pertinho da Universidade São Judas.

As três bandas citadas foram os destaques porque se dedicam à música autoral – o Galo Índio, que também tocou, faz covers de bandas dos anos 70, como Mountain, ZZ Top, Lynyrd Skynyrd e muitas outras.

Coube ao AnganT começar a noite com seu heavy metal moderno temperado por thrash metal à la Death Angel e groove metal nos moldes do Pantera – os vocais poderosos do baixista William remetem diretamente a Phil Anselmo.

Com um repertório ainda em formação e prudentes em relação a tocar músicas que certamente estarão no primeiro álbum, os quatro integrantes entremearam versões interessantes às quatro faixas do EP de estreia.

"The Race" e "Hipocrosies", com toques de Lamb of God e um pouco de hard rock, agradaram bastante a uma pista cheia, que vibrou ainda com versões para "Cowboys From Hell" (Pantera) e "Hardwired" (Metallica), além de "Slave New World", do Sepultura.

"Monster", mas uma autoral, assustou um pouco quem não conhecia o pessoal por ser muito pesada, um thrash explosivo e bem estruturado nas duas guitarras de Valter Mendes Júnior e Higor Campos.

Foi uma estreia interessante e os caras passaram no teste, ainda que o som da casa não tenha ajudado muito por conta das características próprias do AnganT.

Lendo a Bula é uma banda de garotos em busca de seu som. Ao vivo é mais pesada e as duas guitarras dão um tom mais hard em relação ao pop mais comedido nas músicas de estúdio. A música "Você" é um rock pegajoso, feito na medida para um seriado como "Malhação".

The Anmer

The Anmer deu a impressão de ser a banda mais "pronta" do minisfestival. Formada por músicos bem jovens, já tem um álbum na praça – com músicas tocadas na Kiss Fm e na 89 FM, de São Paulo – e mostrou um ótimo entrosamento.

O quinteto é a soma dos projetos do guitarrista, vocalista e compositor Pedro Zomer, carismático e competente líder que comandou o bom show no Cervejazul.

Os destaques foram "Portrait" e "Look at the Midnight", que aliaram com inteligência as influências de Dream Therater, Fates Warning, Haken e rock progressivo dos anos 70.

Com músicos de idades entre 18 e 24 anos, the Anmer mostrou bom potencial para avançar no cenário nacional. Um pouco mais de musculatura poderá colocá-los em um patamar onde já estão,por exemplo, Maestrick e Soulspell.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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