O rock grita contra Bolsonaro e o desmonte de políticas públicas
Marcelo Moreira
O rock perdeu contundência como música de protesto no Brasil e muita gente cobra os artistas do gênero um posicionamento diante do atual momento sombrio em que vivemos, com ataques de todos os lados contra a educação, a ciência, as artes e a cultura. O medo de perder oportunidades de trabalho e chances no mercado está falando mais alto, infelizmente.
Entretanto, se era contundência que as pessoas queriam de uma banda de rock, essa veio do trio punk veterano Dead Fish, que lançou o seu novo álbum, "Ponto Cego", com críticas ferozes contra a onda conservadora que toma conta do Brasil e contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL).
"Sangue nas Mãos", o primeiro single, já mostrava que a banda chutaria a porta e não aliviaria. Com posição clara e direta, o Dead Fish é uma voz forte contra as medidas arbitrárias e decisões de viés autoritário tomadas pelo governo federal e outros estaduais que optaram pelo conservadorismo perigoso.
"Ponto Cego" é uma pancada na mesmice e no comodismo que dominam o cenário roqueiro nacional desde os protestos de rua que estouraram em 2013.
Até mesmo Tico Santa Cruz, do Detonautas Roque Clube, notório por suas posições contundentes de protesto contra os ataques à democracia e a governos legitimamente eleitos, tem se mantido mais quieto do que de costume.
"É um disco que tem uma urgência. Ele mostra o óbvio, mas da forma mais urgente possível. Ao nosso ver, as pessoas não estão dispostas a ouvir a realidade, elas querem viver a verdade delas. E começamos a trabalhar falando exatamente isso, que era necessário falar de forma direta. Estamos num momento que não dá para ter muitas subjetividades", explicou Rodrigo Lima, o vocalista, em entrevista ao UOL Entretenimento.
Infelizmente, não é o suficiente. Dead Fish se une à banda Surra no canto do ringue em que os protestos contra o conservadorismo são mais explícitos e diretos – podemos colocar mais umas poucoas outras bandas na área, como Ação Direta, Iocentes, Subalternos e Garotos Podres, não por coincidência todas punks ou do hardcore.
A música de protesto voltou a ser relagada ao gueto do underground, o que não é ruim quando se analisa a conjuntura de como a música brasileira se mldou e se assentou em trmos mercadológicos.
O desagradável é que o rock perdeu relevância no Brasil e deixou de reverberar mesmo quando as coisas começaram a ferver em 2013. Junte-se a isso ao comodismo e a pouca disposição de bandas grandes de entrar para o debate e defender a própria cultura diante da erosão da civilização proposta por Bolsonaro e seu campo político extremista?
Cadê os Paralamas do Sucesso com a crítica pesada de "300 Picaretas" e coisa semelhantes? Por que os discursos de Dinho Ouro Preto nos shows do Capital Inicial arrefeceram?
É elogiável que alguma voz, depois de tanto retrocesso, se levanteno rock contra as trevas que estão impondo à sociedade. Entretanto, ainda é muito pouco depender dos protestos de Dead Fish e Surra. É o underground se movimentando, mas com pouca amplitude. Só que esse é o caminho e esperamos que mais gente adira ao "movimento".
O silêncio do rock dó bastante em nossos ouidos enquanto o extremismo de direita domina vários segmentos da sociedade e atua para desmantelar políticas sociais, restringir direitos e espalhar o ódio.
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.