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Meninas em fúria: o hard pop dinâmico de Beth Blade e Jeanice Lee

Combate Rock

24/05/2019 07h02

Marcelo Moreira

Depois de tempo sumidas do hard rock britânico, as mulheres retornam às paradas das ilhas com um som mais acessível, menos visceral e com garra nos novos trabalhos das instrumentistas Beth Blade e Jeanice Lee – curiosamente, nenhuma delas é inglesa.

Beth Blade e sua banda, a Beautiful Disasters, são do País de Gales, nação britânica conhecida pelas cantoras de rock progressivo – os nomes mais importantes são Annie Marie Helder (Karnataka), Rachel Jones (Karnataka) e Christine Murphy-Booth (Magenta).

Originalmente conhecida como uma eloquente guitarrista de hard rock, Beth acaba de lançar "Show Me Your Teeth" e saboreia os bons resultados de uma temporada em um cruzeiro temático do Kiss, nos Estados Unidos.

Se no álbum anterior, "Bad Habit", de 2017, o rock dava as cartas, no trabalho atual o som  está um pouco mais ameno. As guitarras ainda são o motor, mas a banda agregou elementos mais suaves para tornar o som um pouco mais palatável. está menos pesado, só que é bem agradável.

O pique é legal e divertido na trinca de abertura. "Secrets" é um hard rock oitentista e veloz, enquanto que "Give It All You've Got" mantém o clima festeiro, com um clima meio sacana. "On and On" é mais pesadinha, com a guitarra forte lembrando justamente o Kiss, que parece ser uma influência marcante da cantora e guitarrista.

"Show Me Your Teeth" é mais roqueira, a melhor do álbum, com guitarras flamejantes e ambientadas nos anos 70, com Beth Blade fazendo o seu melhor vocal. "Lost in You" e "1974" são mais leves e nostálgicas, com as duas guitarras brincando com as melodias em cima de uma base simples de bateria.

Beth Blade e sua banda se arriscam ao buscar novos ares e um público mais amplo com um hard pop menos feroz e instigante, mas o trabalho é muito bem feito. Que as guitarras continuem comandando as ações.

Já a escocesa de origem asiática Jeanice Lee é uma guitarrista com mais estofo. É tecnicamente melhor e mais interessante do que a galesa, mas ainda precisa definir quem comanda a carreira, se a guitarra ou os vocais.

A voz dela é poderosa, grave e às vezes sombria. O hard rock é melancólico e por vezes repetitivo, mas sobram boas ideias no álbum de estreia, "Beyond Never".

O trabalho de guitarras é coeso e coerente e a moça acerta ao evitar arroubos de virtuosismo. A mistura de guitarra pesada com um vocal mais sóbrio e quase AOR dá resultado na boa música "Freefall" e da trágica "A Date to Die For".

A faixa-título é um hard pop duro e reto, demonstrando que o estado de espírito não é festivo, assim como as rápidas "Skull and Bones" e "Restless". Já "North Star" e "Let the Music" teriam muito mais impacto se caísse de cabeça mesmo no hard rock, com um timbe de guitarra mais pesado e uma execução mais vigorosa.

De qualquer forma, Jeanice Lee é uma artista promissora, com bons recursos, só que terá que optar por uma linha mais pesada se pretender mesmo ganhar projeção dentro do rock.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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