Meninas em fúria: o hard pop dinâmico de Beth Blade e Jeanice Lee
Marcelo Moreira
Depois de tempo sumidas do hard rock britânico, as mulheres retornam às paradas das ilhas com um som mais acessível, menos visceral e com garra nos novos trabalhos das instrumentistas Beth Blade e Jeanice Lee – curiosamente, nenhuma delas é inglesa.
Beth Blade e sua banda, a Beautiful Disasters, são do País de Gales, nação britânica conhecida pelas cantoras de rock progressivo – os nomes mais importantes são Annie Marie Helder (Karnataka), Rachel Jones (Karnataka) e Christine Murphy-Booth (Magenta).
Originalmente conhecida como uma eloquente guitarrista de hard rock, Beth acaba de lançar "Show Me Your Teeth" e saboreia os bons resultados de uma temporada em um cruzeiro temático do Kiss, nos Estados Unidos.
Se no álbum anterior, "Bad Habit", de 2017, o rock dava as cartas, no trabalho atual o som está um pouco mais ameno. As guitarras ainda são o motor, mas a banda agregou elementos mais suaves para tornar o som um pouco mais palatável. está menos pesado, só que é bem agradável.
O pique é legal e divertido na trinca de abertura. "Secrets" é um hard rock oitentista e veloz, enquanto que "Give It All You've Got" mantém o clima festeiro, com um clima meio sacana. "On and On" é mais pesadinha, com a guitarra forte lembrando justamente o Kiss, que parece ser uma influência marcante da cantora e guitarrista.
"Show Me Your Teeth" é mais roqueira, a melhor do álbum, com guitarras flamejantes e ambientadas nos anos 70, com Beth Blade fazendo o seu melhor vocal. "Lost in You" e "1974" são mais leves e nostálgicas, com as duas guitarras brincando com as melodias em cima de uma base simples de bateria.
Beth Blade e sua banda se arriscam ao buscar novos ares e um público mais amplo com um hard pop menos feroz e instigante, mas o trabalho é muito bem feito. Que as guitarras continuem comandando as ações.
Já a escocesa de origem asiática Jeanice Lee é uma guitarrista com mais estofo. É tecnicamente melhor e mais interessante do que a galesa, mas ainda precisa definir quem comanda a carreira, se a guitarra ou os vocais.
A voz dela é poderosa, grave e às vezes sombria. O hard rock é melancólico e por vezes repetitivo, mas sobram boas ideias no álbum de estreia, "Beyond Never".
O trabalho de guitarras é coeso e coerente e a moça acerta ao evitar arroubos de virtuosismo. A mistura de guitarra pesada com um vocal mais sóbrio e quase AOR dá resultado na boa música "Freefall" e da trágica "A Date to Die For".
A faixa-título é um hard pop duro e reto, demonstrando que o estado de espírito não é festivo, assim como as rápidas "Skull and Bones" e "Restless". Já "North Star" e "Let the Music" teriam muito mais impacto se caísse de cabeça mesmo no hard rock, com um timbe de guitarra mais pesado e uma execução mais vigorosa.
De qualquer forma, Jeanice Lee é uma artista promissora, com bons recursos, só que terá que optar por uma linha mais pesada se pretender mesmo ganhar projeção dentro do rock.
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