Anunnaki, uma ópera-rock instigante em português
Marcelo Moreira
Ópera-rock não transforma nenhum músico em gênio, mas quem se atreve a fazê-la ganha muitos pontos na praça e respeito da crítica, geralmente. São obras mais complexas, que nem sempre funcionam, ainda que seus autores demonstrem um estofo diferenciado para cometê-la.
No Brasil, dois nomes sempre se destacaram no rock pesado, o cantor Mário Linhares (ex-Dark Avenger, morto em 2017) e o baterista Heleno Vale (mentor do projeto Souspell), além de Rafael Bittencourt, guitarrita do Angra um ótimo compositor de álbuns conceituais.
O time ganha o reforço de dois músicos talentosos da Bahia, que encararam missão difícil de fazer a trilha sonora de um desenho animado com roteiro difícil em formato ópera-rock.
O resultado de tal trabalho é "Anunnaki – Mensageiro do Vento", cantada em português com mistura de rock e ritmos musicais brasileiros. Os autores da trilha são os guitarristas Fabrício Barretto e Fábio Shiva (que também é baixista).
O trabalho não é recente, é de 2016, mas ainda segue atual por conta da mensagem positiva e interessante de todo o projeto, que se tornou a primeira ópera-rock com desenho animado do Brasil.
Complexidade foi o que não faltou neste empreendimento, que teve roteiro baseado livremente nas traduções das tabuletas de argila da Suméria, a primeira civilização conhecida, em estudos profundos realizados pelo professor Zecharia Sitchin.
O roteiro apresenta os Anunnaki (palavra que significa "aqueles que do céu para a terra vieram"), que chegaram ao nosso planeta há milhares de anos em busca de ouro, metal que seria uma solução para salvar o seu planeta natal, Nibiru.
Aqui, eles criam a espécie humana, ao misturar seus genes com uma raça nativa, para conseguir trabalhadores para as minas. Uma nova aproximação de Nibiru na atmosfera provoca então um dilúvio, quase exterminando a humanidade, que logo enfrenta outra ameaça: a disputa de poder entre os Anunnaki, o que deflagra uma guerra nuclear.
Apesar do defecho bombástico, o projeto passa uma mensagem positiva de alerta e de fraternidade ao contar a história, mostrando como o ser humano é capaz de superar as adversidades e seguir em frente.
Todo o projeto, que envolve um CD duplo e um DVD, teve grande apoio do governo da Bahia por meio de financiamentos em programas culturais específicos e já foi exibido na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos.
Barretto e Shiva foram responsáveis por tudo: desenharam e criaram as animações, compuseram músicas e letras, gravaram e produziram tudo e ainda tocam ao vivo quando fizeram as apresentações musicais ao lado da exibição do filme de 90 minutos. A dupla também participou do projeto da banda Imago Martis chamado "VIDA – The Play of Change", de 2002.
Apesar de o CD ser duplo, a música não atinge 80 minutos de duração e o encarte, assim como as letras claras e bem feitas, permitem uma compreensão fácil da história.
O resultado é música de muito boa qualidade, por mais que soe estranho, em alguns momentos, o encaixe de algumas letras dentro das métricas. Barretto, que canta bem, não foi muito rígido nesta questão, privilegiando o aspecto lírico do projeto, o que foi um acerto.
Não é o caso de destacar alguma música em razão do encadeamento das faixas dento da história, mas o rock está presente em todas as 28 faixas, indo do rock básico ao hard setentista, passando por baladas e alguns trechos folk e blues. Um grande trabalho musical de origem brasileira e que ganhou fartos elogios no exterior. É altamente recomendável a audição e também ver o filme, que pode ser apreciado abaixo. A partir do segundo vídeo é possível escutar, separadamente, no YouTube, as 28 faixas do CD:
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