Malta reencontra o caminho com pesado álbum 'IV'
Marcelo Moreira
Com a superexposição veio uma base de fãs de primeira hora, mas também o preconceito; e o preconceito trouxe junto o ódio e o desprezo. Foram necessários alguns anos de reflexão para dar a volta por cima. Será que a banda Malta conseguiu?
Para o baterista Adriano Daga, o lançamento do álbum "IV" é a prova de que a banda conseguiu. "Todo o processo de criação e gravação caminhou bem, fizemos um álbum que nos agradou e que mostra o grupo focado e empolgado."
Fazer pop rock em um momento em que o gênero está em baixa e a indústria fonográfica praticamente não existe mais é um ato de coragem, especialmente quando a música ficou grátis e os fãs são menos leais do que em outras eras. A Malta decidiu que tinha de continuar e a investir e aposta no novo álbum para dar um novo salto.
"IV" é certamente o melhor disco do grupo. Se antes restavam algumas dúvidas sobre o caminho a seguir, o CD recém-lançado estabelece o grupo como uma força do pop rock cantado em português. As letras melhoraram e o som está bem mais pesado, em um aparente acerto de estratégia expandir o público.
"Algumas das músicas que gravamos agora estão entre as mais pesadas que fizemos. Semrpe fizemos questão de manter a veia rock nas nossas composições, não tem como mudar isso", diz o baterista.
A completa adaptação da cantora Luana Camarah, que entrou na banda em 2016, é um elemento fundamental para o impulso que a Malta está planejando. Seu vocal é mais agressivo, mais intenso, e empurra a banda naturalmente para canções com mais peso e energia.
Talvez fosse isso o que banda necessitasse. Com canções mais agressivas e rápidas, com boas doses de guitarras com afinação mais baixa em algumas canções, o som da banda ficou mais encorpado, emulando, de alguma fora, o começo da carreira da baiana Pitty, onde o peso predominava.
"Com as mudanças de hábitos ao escutar música e o surgimento de novas bandas, sentimos que o rock ainda tinha espaço para boas canções e melodias mais acessíveis, por mais que o pop rock tenha sumido das rádios e dos rankings de audiência. O rock está longe de morrer e percebemos isso no dia a dia", afirma Daga.
Ele conta que o movimento no mercado é intenso, ainda que não possa ser comparado ao de anos atrás. Também produtor musical, trabalha com muitas bandas novas, de diferentes segmentos roqueiros, e percebe que o entusiasmo para quem grava seus primeiros trabalhos é grande.
E é esse entusiasmo que a Malta tentará atrair para que faça de "IV" um álbum importante dentro do rock nacional. E investimento para isso não falta, já que a banda agora tem a carreira gerenciada em parceria com a Top Link, empresa gigante no ramo que cuida dos negócios do Angra, por exemplo.
Coincidência ou não, um dos primeiros frutos foi a presença de Ron "Bumblefoot" Thal (ex-Guns N'Roses) tocando guitarra na música "Manipulação", que tem um belo clipe de divulgação.
"Manipulação", aliás, é a música mais interessante do álbum, com sua letra forte e guitarras muito pesadas. O peso também é destaque em faixas como "Amor e Ódio", "Pátria Amada". O lado mais pop e mais suave pode ser observado em "Ainda Estou Aqui" e "É Só Você" – são boas canções, mas sem o carisma e a energia das anteriores.
Produzido, mixado e masterizado por Adriano Daga nos estúdios Daga Music House e coproduzido por Thor Moraes no Do Martelo Studio, em São Paulo, o álbum "IV" teve seu projeto gráfico e direção de arte idealizado por Diego Lopes, mostrando que a Malta é autossuficiente em termos de produção.
O disco contou com algumas participações especiais – além de Bumblefoot, o percussionista Carlinhos Brown, do ator global Rodrigo Lombardi (locução em "Pátria Amada"), Amon Lima (violino em "Manipulação") e do tecladista Junior Carelli (ANIE, ex-Noturnall), entre outros.
"O novo álbum é bastante especial em nossas carreiras, em muitos sentidos. É o primeiro trabalho com nosso empresário Paulo Baron (Top Link Music), que nos trouxe aquela paixão de garoto novamente, colocando a banda nos eixos com um som mais pesado, é claro, sem perder a nossa identidade", disse o baixista Diego Lopes.
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