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Edu Falaschi celebra a sua redenção com orquestra e estrelas do metal

Combate Rock

12/03/2019 07h00

Marcelo Moreira

Angra e perseverança. Essas são as palavras-chave para a redenção do cantor e compositor Edu Falaschi, um dos nomes mais importantes do heavy metal nacional. Foram sete anos do fundo do poço à recuperação, com a coroação em 2019 de um desempenho fantástico, em todos os sentidos, entre os artistas que fazem rock no Brasil.

Foram mais de 50 shows no Brasil e no exterior em um uma extensa turnê que marcou, de verdade, a estreia da carreira solo do cantor, antes marcada por uma vitoriosa passagem pelo Angra e pelo recomeço no Almah, antes um projeto paralelo que virou banda.

No dia 4 de maio, no Tom Brasil, Falaschi e sua banda solo, que conta com dois amigos ex-Angra, o baterista Aquiles Priester e o tecladista Fábio laguna, farão uma apresentação especial ao lado da Orquestra Bachiana Filarmônica, com regência do maestro João Carlos Martins, além dos convidados Kai Hansen (guitarrista e vocalista do Gamma Ray e amigo de longa data) e da vocalista Sabine Edelsbacher, da banda austríaca Edenbridge. Outras atrações devem ser anunciadas em breve. A apresentação vai virar um DVD.

"Dá um trabalho danado organizar um empreendimento como esse, mas a satisfação é impossível de medir. São quase dois anos de intensa movimentação e muitos shows, o que me permitiu trabalhar com uma equipe extraordinária", diz o cantor.

O trabalho com orquestra não vai se limitar  a São Paulo. "Quero levar a outras praças essa apresentação. Depenmdendo do volume de venda de ingressos, o tamanho da orquestra no local será definido. No mínimo, será a minha banda com um quarteto de cordas, com arranjos eruditos."

Em Curitiba, por exemplo, na Ópera do Arame, haverá a participação especial da Sphaera Rock Orchestra, maravilhosa iniciativa do músico Alexey Kurkdjan, e do grupo de música barroca-medieval Illuminata.

"Esse é um projeto grandioso que eu achei muito difícil de realizar. Adoraria ter uma orquestra comigo, mas jamais pensei que um nome estrelado da música erudita fosse aceitar participar do projeto. Uma amiga em comum, musicista erudita, agendou uma reunião na casa do maestro João Carlos Martins, que gostou da ideia e topou participar. Será uma grande honra.

A gravação do DVd nesta apresentação especial em São Paulo coroa a persistência do músico após uma série de problemas de saúde e de relacionamento com os antigos companheiros do Angra, entre 2010 e 2012, quando saiu do grupo.

Recuperado, retomou lentamente a carreira com o Almah, com um show legal no Rock in Rio (que Falaschi sempre cita e agradece o apoio da empresária Monika Cavalera) em 2013 e com os primeiros passos de um trabalho solo, com um repertório baseado nas músicas do Angra e do Almah, mas em outros formatos, como o acústico.

No entanto, foi em um show em um festival no Peru que ele teve a certeza de que teria de retomar as canções do Angra de sua passagem (2000 a 2012) para recuperar o prestígio e inaugurar uma nova fase na vida.

"Fui ao Peru há algum tempo para um festival, onde eu tocaria com uma banda local, mas com a obrigação de tocar só músicas do Angra. Foi uma exigência da produção. Não fiquei muito contente, mas aceitei. No jantar, depois do show, conversei com uma das atrações principais, Joe Lynn Turner (ex-Rainbow e Deep Purple), que n ão tinha a dimensão do tamanho e da importância da minha passagem pelo Angra. Ele arregalou os olhos e disse: 'São suas músicas, fazem parte do seu passado. qual o problema em cantá-las e prestar um tributo a si mesmo? Você é parte disso, elas são suas e você merece usá-las'. Ele tinha razão", diz o cantor.

E assim o Angra se torna parte indissociável do atual sucesso da banda solo de Falaschi, com a ajuda de Priester e Laguna. Na turnê de mais de 50 shows no Brasil e no exterior, foram executadas músicas dos álbuns "Rebirth" e "Temple of Shadows", que tiveram a participação dos três. No show de 4 de maio, em São Paulo, a banda tocará na íntegra "Temple of Shadows", marcando os 15 anos do lançamento da banda.

Com o retorno do sucesso e das vendas expressivas de ingressos, Falaschi tem planos de gravar um álbum solo de inéditas, que de fato será o primeiro de verdade. O single "The Glory of the Sacred Truth", do ano passado, com duas músicas inéditas, é oi primeiro passo para esse novo projeto, que deve ser concretizado entre o final de 2019 e o primeiro trimestre de 2020.

"The Glory Of The Sacred Truth", o primeiro single e vídeo, remete diretamente à fase de ouro do Angra, aquele período entre 1996 e 2004, quando a banda era gigante no Brasil e no exterior.

É um power metal de primeira qualidade, à la Helloween, com bateria insana e guitarras fortes, na cara, com um timbre vintage – ok, os teclados estão um pouco exagerados, como se a ideia fosse acrescentar o Nightwish ás influências, mas ainda assim a música é boa e contagiante.

Já "Streets of Florence" é mais cadenciada e bluesy, se transformando em um hard rock vigoroso na segunda metade, com novamente as guitarras assumindo o protagonismo, com dois belos duelos entre os instrumentistas Roberto Barros e Diogo Mafra.

Com o sucesso da turnê com Aquiles Priester e Fabio Laguna, ambos ex-companheiros de Angra, Edu Falaschi deve ampliar o hiato da banda Almah e de sua carreira solo, e a boa repercussão do lançamento das duas novas músicas indica que a formação atual – Aquiles Priester (bateria), Fabio Laguna (teclados), Roberto Barros (guitarra), Diogo Mafra (guitarra) e Raphael Dafras (baixo) – deve ser mantida para futuros trabalhos autorais.

"A música 'The Glory Of The Sacred Truth' é muito forte, melódica e rápida, um power metal tradicional. Compus essa música como ideia de continuar a história que eu, Aquiles e Fábio estávamos escrevendo durante os nossos tempos de Angra", diz Falaschi empolgado com a nova fase.

"Tento colocar a minha visão sobre as fake news [notícias falsas], que são muito comuns hoje em dia quando as pessoas, covardemente, tentam destruir outras vidas usando mentiras e falsas informações. É uma coisa horrível de se fazer especialmente quando você não tem a chance de se defender", conclui.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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