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"Matthew Shipp Ao Vivo" é o mais novo CD da série Jazz na Fábrica

Combate Rock

02/12/2018 06h57

Eugênio Martins Júnior – do blog Mannish Blog

Matthew Shipp (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O lançamento de um disco de jazz em tempos de streaming sempre deve ser comemorado. Mais ainda quando a ousadia parte do Selo Sesc, incentivador e porto seguro da música instrumental brasileira e estrangeira.

Mas calma jovens, o disco também estará disponível nas novas plataformas. Só que nós, os coroas, gostamos mesmo é do físico, e a embalagem, em formato digipack, vem com livreto recheado de informações, ficha técnica e fotos. As capinhas vermelhas são bem bacanas e ajudam a achar os disquinhos na prateleira.

O caso em questão é o CD do pianista norte-americano Matthew Shipp, registrado na sua única apresentação na edição de 2016 do Festival Jazz Na Fábrica, no charmoso Sesc Pompéia.

Trata-se do quarto lançamento da série de discos gravados ao vivo que começou com Roscoe Mitchell (2013), passando por Anthony Braxton Quartet (2014) e Willian Parker Quartet (2015).

O ao vivo de Matthew Shipp reúne 11 faixas, com standards do jazz como Angel Eyes, On Green Dolphin Street e Summertime, e composições próprias deste expressivo pianista norte-americano.

Pouco menos de uma hora de música em que Shipp evoca ritmos e precisão técnica, contemplando um universo amplo de escolas jazzísticas, do free-jazz à música de câmara.

Matthew Shipp nasceu em 7 de dezembro de 1960 em Wilmington, Delaware. Começou a estudar piano aos cinco anos de idade e aos doze se apaixonou pelo jazz.

Mudou-se para Nova York em 1984 e logo se tornou um dos principais nomes da cena jazzística da cidade como sideman do quarteto de David S. Ware e também do Note Factory, de Roscoe Mitchell, antes de tomar a decisão de se concentrar em sua própria música. Nos anos 2000, Shipp foi curador e diretor do selo "Blue Series", da Thirsty Ear, onde também participou de gravações.

Matthew Shipp é daqueles artistas que trabalham o jazz não apenas como um gênero ou repertório fixo, mas um campo de exploração sonora, o que o faz ser considerado uma das principais referências do piano jazzístico nos dias atuais.

Pupilo de Dennis Sandole, instrutor de saxofone de John Coltrane, e aluno de Joe Maneri, Shipp tem como parceiros grandes nomes da música instrumental contemporânea, como o contrabaixista William Parker e o saxofonista Roscoe Mitchell.

Desde 1988, quando debutou com o álbum Sonic Explorations, Matthew Shipp soma mais de 50 álbuns como bandleader e co-leader em formações diversas (solo, duo, trio, quarteto), sem contar seus 19 discos com o brasileiro Ivo Perelman e outros 19 no quarteto com andado por David S. Ware.

Jazz na Fábrica

O festival transformou o Sesc Pompeia em um espaço de encontro do público com sonoridades cheias de inventividade e improviso musical.

Em todas as suas edições, o festival teve como marca a presença de diferentes vertentes do jazz, buscando no cenário internacional diversos artistas conhecidos por explorar novas possibilidades musicais, sem se deixar esquecer dos grandes nomes que, de uma forma ou outra, participaram da transformação estética do jazz.

A partir de 2018, o festival ganhou uma nova roupagem e amplitude em seu alcance estendendo-se as unidades do interior de São Paulo.

Selo Sesc

Registra o que de melhor é produzido na área cultural. Constrói um acervo artístico pontuado por obras de variados estilos, da música ao teatro e cinema. Em 2018 lançou dezenas de discos, entre eles "Debut" de Paulo Martelli, "A Paixão Segundo Catulo", dirigido por Mário Sève, "Mar Virtual" de Eugénia Melo e Castro, "Viola Paulista", dirigido por Ivan Vilela, "Tradição Improvisada", de Nelson da Rabeca e Thomas Rohrer.

Além do box de DVDs "Movimento Violão" e os lançamentos exclusivos para o digital: "Basa Black Bossa" de Alexandre Basa e a série "Sessões Selo Sesc", com gravações de shows ocorridos nas unidades do Sesc: #1: Orquestra Mundana Refugi, #2: Siba e a Fuloresta, #3: Metá Metá.

Em 2017, o Selo Sesc colocou na praça os CDs "Aluê" (Airto Moreira), "A poesia de Aldir Blanc" (Maria João), "Avenida Atlântica" (Guinga e Quarteto Carlos Gomes), "AM60 AM40 (Antonio Meneses e André Mehmari), "No Mundo dos Sons" (Hermeto Pascoal & Grupo), "Carlos Gomes, Alexandre Levy e Glauco Velásquez"(Quarteto Carlos Gomes), "Fruta Gogoia: Uma Homenagem a Gal Costa" (Renato Braz e Jussara Silveira), "Guarnieri Nepomuceno" (Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e Cristina Ortiz), "Box Villa-Lobos" (Quartetos Bessler-Reis e Amazônia), "Com Alma" (Banda Mantiqueira), "Festival Música Nova" (Ensemble Música Nova), "Saudade Maravilhosa" (Mario Adnet), e o DVD "Alcance dos Sentidos" (Ivaldo Bertazzo).

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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