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Kreator traz o fim do mundo e estremece São Paulo

Combate Rock

02/12/2018 15h44

Nelson Souza Lima – especial para o Combate Rock

Candace Kucsulain, vocalista da banda Walls Jericho, em São Paulo (FOTO: LIBERATION/DIVULGAÇÃO)/FACEBOOK)

Por todos os diabos. O que foi aquilo que rolou na Áudio Clube, no dia de 17 de novembro? Os demônios fizeram a festa com os alemães do Kreator. Uma das bandas mais pesadas e podreira do metal não deixaram pedra sobre pedra.

Os caras que já têm quase quarenta anos de estrada tocam com energia de banda iniciante. Pancada atrás de pancada, entre clássicos e as novas do recente "Gods Of Violence, o 14º álbum do quarteto.

O Kreator percorreu o Brasil com a tour Liberation Fest, a qual passou também por Porto Alegre, Fortaleza, Manaus e Rio de Janeiro. Os suecos do Arc Enemy e sua estonteante vocalista Alissa White-Gluz foram co-headliners durante a turnê.

Mas antes de falar dos alemães uma rápida pincelada do que rolou primeiro. Não vou me ater detalhadamente na apresentação de cada banda, pois senão de resenha vira dossiê e ninguém tem saco pra ler. Quem não gostar e quiser descer a lenha, entra na fila, por favor.

Então. Em São Paulo a banda escolhida pra abrir os serviços foi o Genocídio. Achei corretíssimo. O grupo formado por Murillo Leite (garganta/guitarra), Rafael Orsi (guitarra), Wanderley Perna (baixo) e Gil Oliveira (bateria) é muito competente, pesada e concisa.

Na minha opinião é uma das bandas brasucas mais subestimadas da história. Merecem maior reconhecimento e respeito. Tá na estrada há mais de 30 anos sem parar, levando a bandeira da música extrema é pra reverenciar.

Os caras mostraram músicas de toda a carreira, além das novas do álbum "Under Heaven None", de 2017. Apesar da curta apresentação foi um bom aquecimento para a maratona que seguiu com os americanos do Excel.

Entre idas e vindas os caras estão na ativa desde o final dos anos 80. Em 1996 entraram em hiato voltando em 2012 arregimentando novos fãs. O quarteto traz na atual formação Dan Clements (vocal), Alex Barreto (guitarra), Shaun Ross (baixo) e Michael Cosgrove (bateria) faz uma miscelânea de ritmos: hard, punk, vocais rap o que provocou as primeiras rodas de pogo.

Pra mim pareceu uma mistura de Ugly Kid Joe com Suicidal Tendencies. No entanto, acho que pra chegar perto da banda de Mike Muir vão ter comer muito feijão ou bacon ainda. Mas foi uma apresentação bacaninha. Clichê dos clichês se disseram felizes por tocar no Brasil e que amam os fãs brasileiros. A ladainha de sempre, mas tá valendo.

Mostrando incrível precisão no horário os também americanos do Walls Of Jericho entraram no palco às 20 horas. A pontualidade dos shows foi pra incensar. Não houve atraso nenhum.

O Walls Of Jericho está completando 20 anos de carreira, e confesso minha ignorância: não os conhecia e foi uma boa surpresa. Liderada pela vocalista Candace Kucsulain tem ainda nas fileiras os guitarristas Chris Rawson e Mike Hasty, o baixista Aaron Ruby e o batera Dustin Schoenhofer.

Candace tem um gutural que impressiona e tem o público na mão pedindo a todo instante pra fazerem as rodas de pogo. A essa altura o público já era bem maior e obedeceram a moça de pronto.

Com discurso que crítica a postura do governo americano ela pedir dedos médios em riste contra o American Way of Life. Acho que foi a apresentação mais curta de todas. Às 20h30 o quinteto deixou o palco, agradecendo os fãs e sem direito a bis. O horário tava apertado.

Os roadies entraram rapidamente pra fazer o serviço e preparar o palco pro furação Alissa e seu Arc Enemy. Pontualmente às 21 horas começou o cataclismo. Luzes apagam, clima de tensão e o quinteto entra detonando. Claro que as atenções maiores são para a vocalista que bangueia, pula, corre pelo palco, chama os fãs, bate palmas. Um verdadeiro terremoto.

Uma das melhores performances do metal. A voz que vai do gutural ao melódico é de deixar o queixo caído. Durante mais de uma hora a banda mandou uma porrada atrás da outra. Uma aula de death, trash, melódico sem falhas. Lembrando que na bagagem trouxeram o mais recente "Will To Power".

Às 22h07 deixaram o palco para fazer um docinho e voltar em seguida. Terminaram seu show apoteótico, sendo ovacionados pelos fãs. Claro, que palhetas, baquetas para o público, foto e fim de apresentação. Terminaram às 22h25. Agora era esperar pelo apocalipse sonoro do Kreator.

Entre um show e outro claro que o melhor do metal rolando, com clássicos entre outros de Iron e Slayer.

Pouco antes das onze da noite o DJ ou sei lá quem mandou "Ace Of Spades", do Motorhead. Desnecessário dizer que o público delirou. Termina a música, luzes se apagam, galera grita e "Mars Mantra" anuncia o fim do mundo.

Os caras já abriram o show na pancada e nem poderia ser diferente. "Phantom Antichist", do álbum homônimo de 2012 já elevou a temperatura aos infernos.

Ai os demônios não pararam mais. É incrível a energia dos caras. Parece que Mille Petroza (voz/guitarra), Christian Gieler (baixo), Jurgen Reill (bateria) e Sami Yli-Sirnio (guitarra) são garotos com hormônios/demônioso metálicos à flor da pele.

De "Gods Of Violence" mandaram "Hail to the Hordes", "Satan Is Real", "Fallen Brother", além da faixa-título, mas não esqueceram de revisitar a carreira passando por álbuns emblemáticos. "Flag of Hate", foi uma volta às origens da banda lá em 1986. De "Hordes of Chaos", de 2009, mandaram "Hordes of Chaos (A Necrologue for the elite").

"Enemy of God", do álbum homônimo de 2005 também foi executada para delírio da galera. Sem contar que os caras mandam efeitos de fumaça, explosões de papel picado. Uma farra pra exaltar o senhor das trevas.
Já passava da meia-noite quando os caras deixaram o palco. Docinho e voltam pro Gran Finalle.

Quatro porradas no encore: "The Patriach" e "Violent Revolution", do disco "Violent Revolution", de 2001, 'Pleasure to Kill", de 1986 e claro que tinha que acabar com "Apocalypticon", de "Gods of Violence".

Final cataclísmico assim como foi todo o show. Incrível que a Áudio não desabou. Kreator e seus demônios saíram reverenciados pela horda de fãs

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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