Baranga e Carro Bomba estremecem as paredes em novos trabalhos
Marcelo Moreira
Vamos celebrar a mesmice sob as bênçãos de São Lemmy. É assim que duas das melhores bandas de heavy metal nacional decidiram mostrar seus novos trabalhos recentemente. Se o Baranga respira e transpira Motörhead, o Carro Bomba mostra que está vivíssimo emulando as ótimas vibrações de Black Sabbath e Judas Priest.
São duas pancadas sonoras com o melhor do rock pesado em português. As duas bandas paulistanas não economizaram na energia, e não quiseram saber daquela história de ousar para avançar. "Fazemos rock e pronto", diz o vocalista Rogério Fernandes, do Carro Bomba, que até há pouco tempo também cantava no Golpe de Estado.
"Motör Vermelho", assim mesmo, com trema no primeiro "o" de motor, é recheado de homenagens a Lemmy Kilmister, baixista, vocalista e líder do Motörhead, morto em dezembro de 2015.
Cinco anos após o álbum "O 5º dos Infernos", o Baranga comete o seu melhor álbum. "Motör Vermelho" term uma produção melhor, mais cristalina, deixando as guitarras de Marcelo Schevano e Xande (também vocalista) mais altas e mais na cara, realçando a timbragem característica do grupo.
As letras continuam espertas, com boas sacadas e bem sacanas, como nos álbuns anteriores, mas a impressão é que a galera parece estar mais afiada neste sexto trabalho.
É o caso da pancada "Boteco ao Lado", a primeira do CD, que é veloz e sarcástica, emulando muito bem o clima Motörhead.
A faixa-título mantém a alta rotação, em seguida, com um trabalho muito bom de guitarras – duelos e sequências matadoras naquela que é a melhor música do disco.
Não há descanso para o ouvinte com as porradas "Rock de Rua", "Encrenca" e "Jazigo", onde o sotaque paulistano dá o tom nas letras e nas sacadas, algo que o Golpe de Estado sempre fez com muita maestria. São três músicas rápidas certeiras e com a dose certa de humor e ironia.
O trabalho também marca o retorno do baterista Paulão Thomaz, que substitui Alemão, que gravou o álbum mas teve de sair por conta de problemas de saúde – havia entrado no lugar do próprio Paulão, um dos fundadores da banda e que passou Centúrias e Kamboja, entre outras bandas.
Produzido pela banda e Heros Trench (guitarrista do Korzus), traz dez faixas, incluindo uma versão de "O Carona"", de Tony Bizarro, que remete à primeira demo do Baranga, lançada em 2000.
O Baranga estava nos devendo um retorno às músicas inéditas em alto estilo, e é o que temos aqui, um grande álbum que traz doses maciças de bom astral e bom humor.
Assim como no novo álbum do Baranga, as guitarras são o motor do DVD do Carro Bomba – "Ao Vivo – A Máquina Não Para", gravado em 2016 no Sesc Belenzinho.
Outra obra que também era muito esperada, registra uma apresentação memorável de 2016, com o quarteto repassando toda a carreira de forma avassaladora.
Aqui o som está mais pesado e mais denso. O Carro Bomba é heavy metal na essência e tem em Rogério Fernandes o cantor perfeito para o estilo que abraçou: rústico, potente e com a voz rascante que é o seu diferencial.
Ele mostra as ferramentas logo em "Máquina", a abertura trovejante do DVD. A guitarra de Schevano oscila entre o peso do Black Sabbath e a agressividade do Pantera, enquanto Fernandes faz às vezes de Brian Johnson (ex-AC-DC) um pouco mais afetado – e isso é muito bom.
A pancadaria continua com "Overdrive Rock'n'Roll" e "Sangue de Barata", com Fernandes abusando do sarcasmo, enquanto que a sequência "Intravenosa", "Carcaça" e "Queimando a Largada" envereda por uma trilha de demolição – tudo fica mais pesado e rápido.
Outros bons momentos são as ótimas "Bala Perdida" e "Fuga", que caem mais para o lado do hard rock, enquanto que a pesada "Pragas Urbanas" e a rápida "Punhos de Aço" servem de bela entrada para aquela que talvez seja a melhor música da banda, "Thrash'n'Roll", o resumo do rock pesado e sem firulas do Carro Bomba.
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