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Krisiun abusa da violência e potência sonoras e acerta em cheio em novo CD

Combate Rock

20/10/2018 07h07

Marcelo Moreira

Como soar mais extremo sendo que seu som já é muito extremo? Parece que o trio brasileiro Krisiun chegou muito perto da resposta em seu novo álbum, que foi lançado no final de agosto passado.

"Scourge of the Enthroned" era para ser um tributo ao passado da banda, com um som mais próximo do que se convencionou chamar de death metal original, não tão produzido e com músicas mais diretas. As expectativas foram excedidas, já que é um grande álbum – possivelmente o melhor do trio.

A caminho dos 30 anos de existência, o grupo gaúcho radicado em São Paulo faz de seu décimo álbum de estúdio o ápice de um estilo baseado na velocidade, potência, violência e pandemônio sonoro.

"Toda banda passa pela tal evolução sonora, agregando novos elementos e buscando outras opções. Isso aconteceu conosco e ficamos satisfeitos com nossos discos, mas agora queríamos uma espécie de retorno a uma sonoridade menos complexa e mais baseada em um death metal dos anos 90", afirmou o guitarrista Moyses Kolesne na edição de setembro da revista Roadie Crew.

O trio gaúcho mostrou consistência e maturidade em um gênero que é caracterizado por poucas variações nos últimos anos, o que credencia o Krisiun ainda mais como uma das bandas de metal extremo mais importantes do mundo, a ponto de ser referência constante de bandas do estilo, assim como o Sepultura o foi para os três irmãos de Ijuí, no interior do Rio Grande do Sul.

"Scourge of Enthroned" tem uma sonoridade moderna, mas traz uma pegada diferente em relação ao que a banda vinha produzindo. Os solos continuam intensos, assim como a parede sonora, mas as músicas estão mais diretas.

A pancadaria toma conta do ambiente já na abertura, a faixa-título de quase seis minutos que preenche tudo de forma colossal. É um terremoto que é sucedido por "Demonic III", que capricha na intensidade das guitarras e na bateria insana, ressaltando o caráter claustrofóbico da música.

Já existem manifestações na internet com fãs reclamando de certo groove que pode ser observado no álbum anterior, "Forged in Fury", de 2015. Então escute "Devouring Faith" e "Slay the Prophet", com suas linhas violentas de baixo e bateria e a guitarra zunindo e fazendo as paredes tremerem. São sons pesadíssimos e diretos, que dispensam qualquer tipo de groove ou arranjos mais elaborados.

Ok, temos algo que destoa, mas de forma positiva, que é o encerramento com "Whirlwind of Immortality", um épico veloz que contém passagens de metal tradicional e até mesmo pitadas de rock progressivo. E o resultado é ótimo, a melhor faixa do álbum.

"Ficou um pouquinho diferente do que a gente tinha feito no restante do álbum, mas é algo que mostra versatilidade e algumas formas diversas de fazer música", comentou Moyses na mesma entrevista à Roadie Crew.

O Sepultura ainda reina, com enorme prestígio internacional e presença constante em festivais pelo mundo, mas o Krisiun hoje está na ponta-de-lança do rock brasileiro que encanta no exterior. Com seu melhor álbum em quase 30 anos de existência, dificilmente será derrubado desta posição tão cedo.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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