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Não foi tempo perdido - a 'ressurreição' da Legião Urbana

Combate Rock

12/10/2018 06h23

Nelson Souza Lima – especial para o Combate Rock

Dado Villa-Lobos e André Frateschi no show do Espaço das Américas (FOTO: NELSON SOUZA LIMA)

Há tempos esperava conferir um show da Legião Urbana. Dessa forma poderia saldar comigo mesmo uma dívida de mais de 30 anos. Explico. Dos gigantes dos anos 80 o grupo brasiliense foi o único que nunca tinha assistido ao vivo.

E digo que não foi por falta de oportunidade. Na real, acho que tinha uma certa birra do líder/vocalista Renato Russo.

O cara, morto em 1996, é considerado um dos grandes letristas da música brasileira, autor de canções emblemáticas do rock brasuca. Porém confesso que nunca esteve entre os meus favoritos. Coisas da vida. Tem gente que vai cair na minha pele. Isso eu sei.

Sua morte, praticamente decretou o fim do grupo. Passados 22 anos os membros remanescentes Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria) estão percorrendo o país numa turnê comemorativa do lançamento dos álbuns "Dois", de 1986 e "Que País é Este?", de 1987. No dia 5 de outubro, o show foi no Espaço das Américas, em São Paulo.

Para isso Villa-Lobos e Bonfá arregimentaram um time forte que não deixa a peteca cair, demonstrando muita química. Completam a atual Legião Urbana André Frateschi (voz), Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (baixo) e Roberto Pollo (teclado).

Lá estava, como um Daniel na cova dos leões, na expectativa de ver os 50% restantes da Legião Urbana já que o outro membro da formação original, o baixista Renato Rocha, faleceu em 2015.

Como sempre cheguei bem antes da hora, o show tava marcado pra começar às 23 horas. Mas às 20h30 já estava diante do Espaço das Américas acompanhando a chegada dos fãs.

E como sempre afirmo o rock é sensacional. Um aglutinador de gerações. Fãs dos primeiros tempos dos brasilienses, lado a lado com outros bem jovens, muitos que nasceram depois que a banda terminou.

Com certeza, inúmeros pais e filhos, juntos ali pra conferir a apresentação. Olhei no celular pra ver o horário. Pensei ainda é cedo. Vou comer um lanche depois entro.

Uma vez lá dentro saquei que o culto em torno do grupo é atemporal. Um bom público já estava à espera dos caras e digo que a casa lotou.

Nas pick ups o melhor dos anos 80 rolando: Zero, Lobão, Culture Club, Depeche Mode, Kid Abelha, Joy Division, The Police, Rita Lee. Oh tempo bom.

Por volta das 22h30 sobe ao palco munido apenas de um violão o cantor João Pedro, o JP. Durante 20 minutos o cara aqueceu o público com clássicos internacionais como "Stand By Me", "Please Don't Let me be Misunderstood", além de algumas autorais. Foi um bom pré-show.

Mas a galera queria Legião. Pontualmente atrasado em quarenta minutos a banda entra. Primeiro Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá ovacionados pelos fás. André Frateschi com uma taça de vinho na mão faz saudação à galera.

Foram 120 minutos duma avalanche sonora. A banda é competente com o baixista Mauro Berman agitando bastante. Claro que as maiores atenções ficavam pra André Frateschi. Ninguém espera uma cópia de Renato Russo e Frateschi consegue mandar bem interpretando as canções com personalidade e cara própria.

Foram tocados na íntegra "Dois" e "Que País é Este?" com uma coleção de hits dos 80, entre eles: "Eduardo e Mônica", "Quase sem querer", "Índios", "Faroeste Cabloco", "Tédio (Com Um T Bem Grande pra Você)", "Tempo Perdido", "Há Tempos", "Fábrica", "Angra dos Reis" e "Música Urbana 2".

Tocante a declaração de Frateschi à obra de Renato Russo. Segundo ele, Renato entendeu como poucos a sua geração enaltecendo a música e arte dos quatro integrantes originais do grupo. Disse ainda que a música da Legião corre em suas plaquetas enaltecendo a obra atemporal dos brasilenses. .

Antes de mandarem "Que Pais é Este?" o vocalista lembrou da importância das eleições e do delicado momento que o Brasil atravessa. Aplausos.

Depois de encerrar com "Tempo Perdido". Frateschi disse que voltariam se os fãs pedissem. Batata né? Os caras deixaram o palco pra voltar logo em seguida.

Quebrando o protocolo no bis tocaram músicas fora do set original. Mandaram o clássico "Será" terminando o show com "Perfeição". Frateschi desfraldou uma bandeira com o rosto dos quatro integrantes originais da banda. Festa total.

Deram adeus ao público com a tradicional distribuição de baquetas e palhetas. Quanto a mim fiquei ali pensando o quanto o show foi legal. Aquelas duas horas não constituiu tempo perdido. Minha dívida foi paga. Long Live Legião Urbana.

Músicas

Daniel na Cova dos Leões

Quase sem querer

Acrilic on Canvas

Eduardo e Mônica

Central do Brasil

Tempo Perdido

Metrópole

Plantas embaixo do aquário

Música Urbana 2

Andrea Doria

Fábrica

Índios

Química

Set List – Que País é Este?

Que País é este?

Conexão Amazônica

Tédio (Com Um T bem Grande pra você)

Depois do começo

Eu Sei

Faroeste Caboclo

Angra dos Reis

Mais do Mesmo

Encore

Será

Perfeição

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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