Soulspell: trabalho, empreendedorismo e muita qualidade
Marcelo Moreira
Juntar 30 músicos para gravar um DVD com uma ópera-rock complexa e cheia de variações, com ares de superprodução, em um teatro de uma cidade de interior. Uma insanidade? Não para o músico Heleno do Vale.
O baterista de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, é um músico obstinado. É um cientistas respeitado no país em sua área – é professor de ciência e engenharia da computação em diversas instituições – com e criatividade transbordantes. Optou pela bateria para extravasar, mas isso não o suficiente. Então o jeito foi criar, entre uma aula e outra, o projeto extraordinário chamado Soulspell.
Há quem diga que o músico copiou o projeto Avantasia, do igualmente elétrico Tobias Sammet, cantor da banda alemã Edguy. Mas será que não foi o contrário?
Depois de quatro CDs conceituais e com o respeito adquirido no metal nacional e internacional, estava na hora de um DVD. E o Vale encarou um desafio hercúleo, para abusar do clichê, para viabilizar o trabalho que envolveu o trabalho de 70 pessoas, em sua cidade, em julho passado. Quem assistiu ao show diz que foi soberbo.
"É um trabalho do qual me orgulho, principalmente por reunir mais de 30 músicos do Brasil e do exterior. O nível que atingimos na apresentação foi espetacular e o resultado ficou grandioso", disse o músico.
O Soulspell Metal Opera é um projeto audacioso. Não é apenas uma ópera-metal ou trabalho conceitual. É um verdadeiro musical digno das ideias megalomaníacas (no bom sentido) dos suecos do Therion ou mesmo do Avantasia – projeto alemão, aliás, que tem o maior respeito de Vale e dos músicos que o acompanharam.
O Teatro Adélia Lorenzetti, em Lençóis Paulista (SP), ficou lotado e acabou sendo adequado para a grandiosidade do projeto.
Na banda Soulspell, só feras do rock e da música paulista – Daísa Munhoz (Vandroya), Pedro Campos, Victor Emeka Rocha Ikwueme, Jefferson Albert, Talita Quintano, Edney Marques, Daniel Guirado, Leandro Erba, Sergio Pusep e Rodrigo Boechat.
E os convidados? Olhe só a lista: Andre Matos (ex-Angra e Shaman), Fabio Lione (Angra), Iuri Sanson (ex-Hibria), Bruno Maia (Tuatha de Dannan), Mario Pastore (Pastore), Dani Nolden (Shadowside), Leandro Caçoilo (Viper e Seventh Seal), Alex Voorhees, Dan Rubin, Raphael Dantas (Almah), entre outros.
A apresentação foi uma celebração à carreira do projeto e registrou trechos da história de ficção científica contida nos quatro CDs já lançados, misturando trechos suaves de piano e duetos de vozes femininas, a pesados e tensos corais com guitarras distorcidas.
Os álbuns são "A Legacy Of Honor" (2008), "Labyrinth Of Truths" (2010), "Hollow's Gathering" (2012) e "The Second Big Bang" (2017).
Seus discos foram gravados com participações especiais de músicos internacionalmente reconhecidos, como Timo Kotipelto (Stratovarius), Fabio Lione (Angra/Rhapsody Of Fire), Ralf Scheepers (Primal Fear/ex-Gamma Ray), Andre Matos, Edu Falaschi (Almah) , Markus Grösskopf (Helloween), Blaze Bayley(ex-Iron Maiden), Kiko Loureiro (Megadeth), Tim Ripper Owens (ex-Judas Priest), entre muitos outros.
"Eu sabia que daria certo, embora a tensão dominasse os bastidores. Fiquei animado e penso em levar o show para outras cidades, principalmente em São Paulo, mas com uma versão reduzida do espetáculo", diz Vale.
A ambição do projeto vai além, com a intenção de levar o Soulspell para o exterior, já que os quatro álbuns tiveram ótima acolhida na Europa e na América do Sul. "Vai demorar um pouco para isso acontecer, mas certamente está no horizonte marcar algumas apresentações fora do Brasil. A repercussão da banda é muito positiva."
Assim como o Avantasia, de Tobias Sammet, é uma referência, Heleno Vale cita outros artistas importantes do chamado metal progressivo, como Savatage e Ayreon, e até mesmo alguma influência do Dream Theater, além de Queen e artistas da música pop.
Como curiosidade, apesar de ser a principal figura, o baterista considera que o Soulspell é uma banda, e fica um pouco incomodado quando alguém insiste na palavra "projeto". "Os músicos fixos que me ajudam estão comigo há muito tempo, temos um entrosamento excelente, então é uma banda mesmo."
Sem entrar em detalhes, Vale comenta que a questão financeira é a maior dificuldade para manter um esquema como do Soulspell, que está à beira dos 15 anos de existência. Se fosse só isso…
"Gerenciar a parte administrativa pode ser um desafio – fazer contatos com grandes artistas, divulgação, gerenciamento de muitas pessoas ao mesmo tempo, criar músicas que funcionem individualmente e também no contexto da história, escolher adequadamente as participações, e coordenar toda a logística no local da apresentação, sem falar que é necessário ser um pouco 'diretor' de vídeo e acompanhar tudo nos detalhes. Soulspell é um orgulho, mas também um grande aprendizado", finaliza o baterista.
Ouça abaixo a entrevista que Heleno Vale deu ao programa de web rádio Combate Rock, no segundo bloco:
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