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Geoff Emerick foi um dos anjos da guarda no auge dos Beatles

Combate Rock

03/10/2018 17h00

Marcelo Moreira

"Ei, Jeff, meu caro, você é o engenheiro de som dos Beatles a partir de agora." Foi assim, de forma propositalmente casual, que o produtor George Martin informou o então garoto Geoff Emerick na cantina dos estúdios Abbey Road, em Londres.

Era o final de 1966 e o então engenheiro responsável, Norman Smith (que morreu em 2008), estava de saída para se tornar produtor e engenheiro de som do Pink Floyd.

O diálogo que abre o texto tem várias versões, mas este, em suma, é aquele que consta do livro "Here, There and Everywhere: Minha Vida Com os Beatles", de Emerick, que ganhou uma boa versão brasileira anos atrás.

Essa e outras histórias foram contadas ao vivo pelo autor, em Porto Alegre, no último mês de junho, em um evento especial. Ele era uma das maiores autoridades em Beatles – afinal, era amigo íntimo dos caras.

Emerick morreu nesta terça-feira (2), nos Estados Unidos, de complicações cardíacas na véspera de participar de um evento sobre gravação e produção nos Estados Unidos.

Ao contrário de muitos profissionais que vivem do passado, Geoff Emerick foi um profissional que sempre usou a sua trajetória para expandir os próprios conhecimentos – e o dos outros.

Em Porto Alegre, ele explicou como a experiência de trabalhar com os Beatles e Paul McCartney, além das frequentes parcerias com sir George Martin, o ajudaram a formular novas estratégias de gravação e a criar maneiras de obter sonoridades diferentes e inéditas.

 

O engenheiro de som foi o responsável por álbuns icônicos, incluindo "Revolver", "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" e "Abbey Road", dos Beatles.

Com apenas 15 anos de idade, ingressou na EMI Records em Londres. Aos 17 já era responsável pelas masterizações. Com 19, já era engenheiro chefe trabalhando ao lado do produtor George Martin nos discos dos Beatles.

As histórias de bastidores de Abbey Road e dos estúdios da EMI são bastante saborosas. Quantas vezes ele presenciou os quatro beatles na cantina ou no hall do café discutindo arranjos ou mesmo terminando de compor a letra de alguma música?

E o que dizer das discussões insanas que teve com John Lennon e com George Martin a respeito das ideias do músico para arranjos de músicas? A história de exigir mil monges tibetanos para o coro de "Tomorrow Never Knows", do álbum "Revolver", é verdadeira, e foi Emerick que ajudou Lennon a abandonar a ideia.

O livro é recheado de boas histórias, mas também é um manual de gravação e produção de música na pré-história da tecnologia, se compararmos com os estúdios atuais e os recursos propiciados pela internet. E o legal é que Emerick foi didático a ponto de leigos entenderem do que se trata.

Como vencedor de diversos Grammys, incluindo prêmios técnicos, foi um profissional dos mais requisitados nos últimos 50 anos, incluindo gente como Jeff Beck, Supertramp, CheapTrick, Elvis Costello, Johnny Cash, America e muitos outros.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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