Joe Bonamassa volta soberbo e radiante no álbum 'Redemption'
Marcelo Moreira
O rapaz não via a hora de encontrar o arco-íris ao final da tempestade. Com a guitarra nas mãos, desceu até o outro lado e decidiu que voltaria a ser radiante. E assim Joe Bonamassa se redimiu com "Redemption", seu novo álbum solo, recém-lançado.
Na verdade, não havia motivos para se redimir. Seu álbum anterior, "Blues of Desperation", de 2016, era o ponto alto de sua carreira, o melhor dos então 12 álbuns de estúdio gravados. No entanto, até pelo título do álbum e de uma das canções, era um conjunto de canções sombrias, um clima pesado. Qual seria o desespero de Bonamassa.
O guitarrista norte-americano voltou aos estúdios disposto a correr em busca da luz e "Redemption" cumpre o seu objetivo: o astral está alto, as músicas, mais leves, o clima melhorou e as músicas são mais dançantes.
Desde o ótimo álbum "Drive Towards the Daylight", de 2012, Bonamassa escolhe um conjunto de canções variadas e abrangentes dentro do espectro do cancioneiro norte-americano. Ora mais blues, ora mais soul, os álbuns apresentam uma variedade que colocam o instrumentista entre os mais versáteis de sua geração.
Se em "Blues of Desperation" o blues e o blues rock predominavam, em "Redemption" quem assume o protagonismo são a soul music e o rhythm & blues. E dá-lhe uma saraivada sensacional de naipes de metais e coros femininos em abundância, tudo com muito bom gosto e inteligência.
Entre as meninas do coro está a estupenda australiana Mahalia Barnes, que teve Bonamassa como convidado especial em seu último trabalho, uma ode às canções de Betty Davis. A moça lidera o time que faz as segundas vozes e os vocais de apoio e dá um show de interpretação.
O disco é excelente, bem no padrão Bonamassa, mas não ultrapassa "Blues of Desperation" em qualidade, algo que, de qualquer forma, seria muito difícil.
"Redemption" é um álbum forte, mas não tem hits, ou canções memoráveis – o anterior tinha pelo menos três petardos, que são a faixa-título, "This Train" e "Mountain Climbing".
A música "Redemption" é um dos destaques, com seu arranjo extraordinário de violões e seu clima gospel ressaltado pela soberba interpretação de Bonamassa. É uma grande canção, mas que remete a outras grandes canções da carreira do instrumentista, como "Sloe Gin" e "The Ballad of John Henry".
O momento blues é fantástico, com "Self-Inflicted Wounds" exaltando a capacidade de Bonamassa de extrair notas emocionantes com solos profundos e dedilhados aparentemente simples.
É uma balada em tom de lamento, épica, que tem muito em comum com "The Last Song For a Resting Place", canção estupenda do Black Country Communion, lançada no ano passado, banda da qual Bonamasssa faz parte – e que é cantada por ele no CD "BCC IV".
"Molly O" resgata um pouco da juventude do guitarrista com seu acento folk irlandês, evocando as tabernas de Boston e arredores. A country music comparece com a acelerada e agitada "The Ghost of Macon Jones", enquanto o tempero soul domina as fabulosas "Evil Mama" e "King Bee Shakedown".
Com um álbum luminoso e reluzente, Joe Bonamassa explicita ainda mais uma de suas grandes características, o prazer de tocar e criar.
Com suas múltiplas atividades, seja na carreira solo, no Black Country Communion, no Rock Candy Funk Party ou na parceria com a cantora Beth Hart, ele deixa clara a necessidade de estar em movimento constante.
O nerd da guitarra não para, prezando o rigor nas composições e a excelência na execução. Como disse recentemente o produtor Kevin Shirley, que o acompanha há anos, é "impossível para Joe compro e gravar alguma coisa ruim. Ele simplesmente não consegue."
"Redemption" é o terceiro lançamento do guitarrista neste ano. Em fevereiro, colocou no mercado "Black Coffee", o terceiro disco de estúdio ao lado de Beth Hart. Em junho, foi a vez do CD duplo "British Blues Explosion", gravado ao vivo na Inglaterra com canções das carreiras de Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page.
A turnê do novo álbum deve tomar o tempo que resta deste ano, mas o instrumentista já promete novos projetos para 2019, entre eles um novo álbum do Black Country Communion e iniciar a composição de outro álbum solo.
Fôlego é o que menos preocupa Bonamassa, a questão é saber até quando vão durar as mãos do rapaz com este ritmo alucinante de shows e estúdio.
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