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Trinta anos do álbum de estreia do Danzig

Combate Rock

07/09/2018 06h57

Flavio Leonel – do site Roque Reverso

Agosto de 2018 chega ao fim e tem como destaque entre seus últimos dias a data de aniversário de um importante disco dentro do heavy metal. "Danzig", o primeiro da banda de mesmo nome liderada pelo vocalista Glenn Danzig, completou 30 anos no dia 30 de agosto, conforme o registro da Associação da Indústria de Gravação da América (RIAA, na sigla em inglês, para Recording Industry Association of America).

Com 10 músicas, que trazem a alta qualidade do rock pesado, somada a pitadas de blues e letras densas, o disco é o melhor registro da banda, que tinha entre grupos admiradores e parceiros nada menos que o Metallica. Tanto que o vocalista e guitarrista James Hetfield até participa dos backing vocals de duas das melhores canções.

Glenn Danzig já tinha importância histórica no meio musical, já que foi membro fundador nos Anos 70 simplesmente do Misfits, banda de horror punk que gerou uma legião de fãs de várias gerações. Após sair do Misfits, ele formou o Samhain, que foi uma espécie de embrião do Danzig, fundado em 1987.

A banda com o nome do vocalista trouxe para sua companhia músicos talentosos, como John Christ (guitarra), Eerie Von (baixo) e Chuck Biscuits (bateria).

Von, também formador do Samhain, chegou a tocar bateria nos primórdios daquele grupo, mas, no Danzig, foi vital para fazer a "cozinha" com o ágil e técnico batera Chuck Biscuits.

Talentoso, Christ tratou de moldar o som marcante do Danzig. Com sua guitarra de som nervoso, ajudou a colocar na história do heavy metal riffs que marcaram o final dos Anos 80.

A música "Twist of Cain" traz justamente introdução e riffs de uma das maiores músicas do Danzig. Originalmente feita para o Samhain, ela ganhou uma roupagem melhor na banda nova, sem contar a participação de James Hetfield nos vocais de apoio. Uma cláusula contratual impedia o vocalista do Metallica de aparecer nos créditos, mas isso não impediu o músico de participar da faixa.

"Not of This World" é a segunda do álbum. Também com a guitarra nervosa de John Christ, ela também chama a atenção pela agilidade e rapidez nas viradas de Chuck Biscuits.

"She Rides" vem na sequência e traz a levada blues para o disco, sem perder o peso da banda. O entrosamento do quarteto parece chegar na melhor forma na música considerada sexy por John Christ.

"Soul on Fire" e "Am I Demon" não possuem o mesmo brilho das três anteriores, mas nem por isso são canções fracas. A primeira confirma que aquele ano de 1988 traz a voz de Glenn Danzig, talvez, em seu maior momento de toda a carreira. A segunda traz mais um riff poderoso de John Christ e uma bateria contagiante de Chuck Biscuits.

A sexta música do álbum é o maior sucesso da carreira do grupo. Uma das obras-primas do rock pesado, "Mother" virou hino imediato do heavy metal nos Anos 80. Com suas diferenças de ritmo, que vão desde a parte lenta no início ao momento de catarse na parte final, a canção não fez sucesso por acaso e abria com maestria o então Lado B dos discos em vinil da época.

"Possession" é a sétima do álbum e, para muitos fãs, é a melhor do disco. Tal qual "Twist of Cain", ela também foi escrita originalmente para o grupo Samhain e traz a participação de James Hetfield nos vocais de apoio. Com uma levada envolvente e empolgante, ela dificilmente consegue deixar quem a escuta sem uma reação positiva.

"End of Time", "The Hunter" e "Evil Thing" fecham o disco. Não tem o mesmo brilho das duas anteriores, mas, tal qual as faixas que fecham o Lado A, são todas demonstrações de que o grupo estava inspirado quando fez o álbum.

Produzido pelo lendário Rick Rubin, o disco "Danzig" é um ótimo cartão de apresentação do grupo, que ainda faria mais 3 bons discos com a mesma formação: "Danzig II: Lucifuge", de 1990; "Danzig III: How the Gods Kill", de 1992; e "Danzig 4", de 1994.

Este último, de 1994, já não trouxe a banda no mesmo nível dos álbuns anteriores, mas foi na turnê para a divulgação deste trabalho que os fãs brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer os músicos ao vivo.

O grupo tocou em 1995 no saudoso Olympia, em São Paulo. Com o baterista Joey Castillo já no lugar de Biscuits, o show foi visto por poucas pessoas (talvez menos que a metade da lotação da casa, que comportava 4.500 pessoas), mas está entre as melhores apresentações de rock pesado em um lugar fechado na capital paulista daquele período.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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