Heavy metal Brasil: a competência de MX, Daydream XI, Drowned e Acid Tree
Marcelo Moreira
Os mais empolgados estão falando em "renascimento" do rock pesado nacional. Por que renascimento? Tinha morrido? Seria então uma ressurreição?
O fato é que o final da segunda década deste século é um momento muito interessante para o metal brasileiro. O surgimento de tantas boas bandas, de nível internacional, só é comparável com o boom do final dos anos 90, na éóca puxado pelo Angra e pelo Krisiun.
Infelizmente, o movimento agitado de surgimento de boas bandas é inversamente proporcional à degradação do mercado musical como um todo, com diminuição de público, no geral, e redução na quantidade de locais para tocar.
Nada disso parece incomodar os músicos, que continuam apostando forte em seus trabalhos autorais, motivando inclusive o retorno de bandas importantes, como o quarteto MX, de São Bernardo do Campo (SP).
Um dos nomes promissores das leva de thrash metal paulista dos anos 80, a banda sumiu de cena no comecço do século XXI e voltou há dois anos mais furiosa do que nunca. Prova disso é o seu novo CD, "A Circus Called Brazil", que traz uma mistura coesa de metal oitentista com um som mais moderno e encorpado.
As letras politizadas e furiosas têm origem em um passado que esbarra no punk. O resultado é um protesto virulento e latente, como na ótima "Toy Soldier", e na pesadíssima "Marching Over Lies". Outro destaque fica por conta da faixa-título. Um dos grandes álbuns do ano.
Já o primoroso Daydream XI é uma das ótimas bandas brasileiras deste século. A banda de prog metal volta com um trabalho primoroso, que conseguiu superar o ótimo "The Great Disguises", de 2014.
"The Circus of the Tattered and Torn" traz o grupo gaúcho apostando em temas mais extensos e uma produção muito caprichada. O investimento feito deu resultado – foi gravado em estúdios dos Estados Unidos e do Brasil, com mixagem e masterização feita pelo sueco Jens Bogren.
Teclados e guitarras tecem camadas sonoras de muito bom gosto em canções que formam um álbum conceitual que mistura o ambiente circense e digressões filosóficas sobre fraquezas e virtudes das pessoas. É difícil destacar apenas algumas faixas, mas a faixa-título é excelente, assim como "A Cup of Agony" e "Forgettable".
No caso do Drowned, a fúria dá o tom no mais recente lançamento. "7th" pode ser considerado o coroamento de uma carreira longeva e perseverante de uma banda mineira respeitável.
O novo é álbum é uma aula de death metal em uma produção simples e certeira. A música é muito pesada e violenta, com as guitarras transformando o som em um verdadeiro pesadelo. Ouça as ótimas "Elitist HeavenRuled by Devil" e "Rage Before Some Hope".
E quem assistiu aos shows de Edu Falaschi na "Rebirth of Shadows Tour" se surpreendeu com o trio que fez a abertura. Divulgando o EP "Arkan", o Acid Tree abusa da psicodelia e do stoner metal.
É um som datado? Até pode ser, mas é pesado e virtuoso, com temas longos que mostram a qualidade musical dos integrantes. É quase prog metal, mas com os dois pés nos anos 70.
Tem muito de Kadavar e Samsara Blues Experiment, duas excelentes banda alemãs, mas lembra muito também os suecos do Opeth com temas intrincados e longos. "Caged Sun" e "Milestones" são os destaques.
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