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Robert Plant, 70: de Deus Louro a mestre do folk e da country music

Combate Rock

20/08/2018 17h00

Marcelo Moreira

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Uma das frases mais arrogantes e enganosas que existe em nossas vidas é a famigerada "não preciso provar mais nada para ninguém". A expressão evidencia não só arrogância, mas insegurança de quem já não tem mais gás, está decadência e não se garante mais.

Na música, existem muitos artistas que poderiam proferir tal barbaridade e, ainda assim, não seria um absurdo. É o caso de Robert Plant, que completou 70 anos nesta segunda-feira, 20 de agosto.

De todos os gênios vocais do rock, provavelmente ele é o que alcançou a velhice com a voz mais prejudicada. Ele já demonstrava problemas para ser a grande voz que marcou o Led Zeppelin já nos anos 90.

Ao contrário dos contemporâneos e concorrentes, como Roger Daltrey (The Who), Rod Stewart, Mick Jagger e Ian Gillan (Deep Purple), só para citar alguns, Plant sofreu para manter o alto padrão e acabou fracassando em algumas tentativas, geralmente acompanhadas por trabalhos apenas medianos e sem destaque.

Consciente da deterioração da voz e o peso da idade, teve a sabedoria e a inteligência de trilhar caminhos alternativos em vez de insistir no rock pesado, como fez David Coverdale, do Whitesnake, com resultados questionáveis.

Aos 70 anos de idade, o mestre Plant desfruta de muito mais tempo para caminhar e pescar nas região de Birmingham, além de estar mais presente no conselho deliberativo do seu amado Wolverhampton Wanderers, clube de futebol outrora importante que finalmente volta à primeira divisão do Campeonato Inglês.

Seu mais recente trabalho, "Carry Fire", do ano passado, é a coroação de um novo patamar em sua carreira, em que a música country e o folk inglês deram as cartas e o transformaram de novo em um artista relevante.

O garoto descoberto nos botecos de Birmingham pelo empresário Peter Grant e pelo guitarrista Jimmy Page graças a uma indicação do cantor Terry Reid se tornou um ícone cuja força permanece intacta, como é possível observar pela repercussão do trabalho na novíssima banda norte-americana Greta Van Fleet. Seria de Plant a voz ouvida no disco de estreia da banda?

Quem vê a discrição com que Plant conduz sua vida e sua carreira após o final do Led Zeppelin não imagina que possa ser verdadeira a passagem do filme "Almost Famous" ("Quase Famosos"), de Cameron Crowe, quando vocalista louro sobre no telhado de uma casa e se proclama o próprio "Deus Louro".

quando perguntado sobre a passagem do filme, Plant apenas sorriu de canto e não respondeu. Nem precisava. Foi o mais perto que um roqueiro chegou do altar. E o que ele isso significa? Apenas que ele é Robert Plant. Isso já diz tudo.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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