Robert Plant, 70: de Deus Louro a mestre do folk e da country music
Marcelo Moreira
Uma das frases mais arrogantes e enganosas que existe em nossas vidas é a famigerada "não preciso provar mais nada para ninguém". A expressão evidencia não só arrogância, mas insegurança de quem já não tem mais gás, está decadência e não se garante mais.
Na música, existem muitos artistas que poderiam proferir tal barbaridade e, ainda assim, não seria um absurdo. É o caso de Robert Plant, que completou 70 anos nesta segunda-feira, 20 de agosto.
De todos os gênios vocais do rock, provavelmente ele é o que alcançou a velhice com a voz mais prejudicada. Ele já demonstrava problemas para ser a grande voz que marcou o Led Zeppelin já nos anos 90.
Ao contrário dos contemporâneos e concorrentes, como Roger Daltrey (The Who), Rod Stewart, Mick Jagger e Ian Gillan (Deep Purple), só para citar alguns, Plant sofreu para manter o alto padrão e acabou fracassando em algumas tentativas, geralmente acompanhadas por trabalhos apenas medianos e sem destaque.
Consciente da deterioração da voz e o peso da idade, teve a sabedoria e a inteligência de trilhar caminhos alternativos em vez de insistir no rock pesado, como fez David Coverdale, do Whitesnake, com resultados questionáveis.
Aos 70 anos de idade, o mestre Plant desfruta de muito mais tempo para caminhar e pescar nas região de Birmingham, além de estar mais presente no conselho deliberativo do seu amado Wolverhampton Wanderers, clube de futebol outrora importante que finalmente volta à primeira divisão do Campeonato Inglês.
Seu mais recente trabalho, "Carry Fire", do ano passado, é a coroação de um novo patamar em sua carreira, em que a música country e o folk inglês deram as cartas e o transformaram de novo em um artista relevante.
O garoto descoberto nos botecos de Birmingham pelo empresário Peter Grant e pelo guitarrista Jimmy Page graças a uma indicação do cantor Terry Reid se tornou um ícone cuja força permanece intacta, como é possível observar pela repercussão do trabalho na novíssima banda norte-americana Greta Van Fleet. Seria de Plant a voz ouvida no disco de estreia da banda?
Quem vê a discrição com que Plant conduz sua vida e sua carreira após o final do Led Zeppelin não imagina que possa ser verdadeira a passagem do filme "Almost Famous" ("Quase Famosos"), de Cameron Crowe, quando vocalista louro sobre no telhado de uma casa e se proclama o próprio "Deus Louro".
quando perguntado sobre a passagem do filme, Plant apenas sorriu de canto e não respondeu. Nem precisava. Foi o mais perto que um roqueiro chegou do altar. E o que ele isso significa? Apenas que ele é Robert Plant. Isso já diz tudo.
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