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As últimas gravações de Keith Emerson ressurgem no 3.2, de Robert Berry

Combate Rock

20/08/2018 06h44

Marcelo Moreira

O multi-instrumentista norte-americano Robert Berry era um músico de sucesso no underground da Califórnia nos anos 80. Trabalhava como músico de estúdio, era requisitadíssimo e ainda encontrava tempo para compor trilhas sonoras. Mas ele queria mesmo era ser uma estrela de rock.

E então conheceu um de seus ídolos, o tecladista Keith Emerson, do Emerson, Lake & Palmer, um dos pilares do rock progressivo e uma das maiores banda de todos os tempos.

Emerson estava amargurado. tentara pela segunda vez reunir o trio, mas fracassara de novo. Quatro anos antes, conseguira convencer o baixista Greg Lake a voltar, mas esbarrou no baterista Carl Palmer. Este até queriam, e se esforçou, mas tinha compromissos assumidos com o Asia, e não pôde aceitar o convite.

O jeito foi convidar o excelente Cozy Powell (ex-Jeff Beck e Rainbow). O Emerson, Lake & Powell deu certo, mas nem tanto. O trio acabou. Em 1989, foi a vez de Lake não aceitar por uma série de motivos. E foi então que apareceu Berry, que já colaborava com o tecladista desde 1987.

Com o nome horrível, 3, Emerson, Palmer e Berry gravaram o álbum "…To the Power of Three", que era uma mistura de hard rock com rock progressivo. Passou despercebido e o projeto naufragou, o que acabou sendo o impulso para, finalmente, o Emerson, Lake & Palmer se reunir em 1992.

O que ninguém esperava era que, 29 anos depois, Berry reaparecesse no mercado com um álbum contendo as últimas gravações de Keith Emerson, que morreu em 2016, aos 71 anos.

Excelente guitarrista e vocalista e profissional extremamente bem-sucedido, retomou o contato com Emerson em 2014 e o convenceu a fazer nova parceria. Era o embrião do álbum "The Rules Have Changed", recém-lançado. O nome projeto? 3.2, para marcar a segunda encarnação do 3 (Berry conseguiu piorar o nome).

O Emerson não sabia era que Berry estava tramando o retorno do 3 com o empresário italiano Serafino Perugino, dono da Frontiers Records, talvez a única gravadora do mundo que ainda financia projetos dentro do rock internacional.

Com o aval do empresário, Robert Berry recuperou muito material de 1989 e convenceu Keith Emerson a participar do projeto.

"Keith e eu desenvolvemos juntos uma visão de como seria o novo álbum", explicou Berry em entrevista ao site Rock Report. "Houve muitas vezes nos últimos 30 anos, desde que 3 teve o álbum lançado, que Keith tocou em uma sessão para mim ou nós apenas conversamos sobre quando poderíamos voltar a trabalhar juntos."

Segundo Berry, o novo álbum é composto por composições não utilizadas em 1988 e 1989, músicas inéditas feitas pela dupla em 2015 e outros temas que o multi-instrumentista escreveu após a morte de Emerson como um tributo ao amigo e ídolo.

"The Rules Have Changed" é uma recuperação do conceito que o 3 desenvolveu e que Emerson, algumas vezes reeditou em projetos ao lado do guitarrista e vocalista Marc Bonilla: é um rock progressivo pesado, com as marcantes guitarras de Berry ressoando como em um grupo de hard rock.

"A cada segundo que eu escrevia, gravava e tocava essas músicas, eu tinha uma coisa em mente", diz Berry. "A frase … 'o que Keith faria' … me levou, me guiou, consumiu minha criatividade. Foi tão importante para mim cumprir a nossa visão para este álbum. Eu acredito que Keith trabalhou através de mim. Eu especialmente senti ele comigo quando eu fiz os solos."

É um álbum reverente, com teclados explosivos e temas fulgurantes, grandiosos e eloquentes. Como tributo a um dos maiores músicos do rock, "The Rules Have Changed" é muito bom, já que resgata a energia e a criatividade de Enerson, especialmente na faixa-título. Pena que Carl Palmer não pôde participar do trabalho, embora não haja explicações claras a respeito dos motivos.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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