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Com gravação de DVD em grande show, Angra parte para turnê mundial

Combate Rock

02/08/2018 06h20

02Marcelo Moreira

Angra tocando em São Paulo com Sandy (FOTO: CLOVIS ROMAN/DIVULGAÇÃO)

Quando um artista escolhe determinado show específico para gravar imagens para um DVD, e ainda mais com convidados, raramente sabe o tamanho da encrenca em que se meteu, por mais experiente que seja. Dá muito trabalho e não raro os problemas aparecem com rapidez, e a coisa complica se o orçamento é limitado.

No último dia 21 de julho, o Angra fez um baita show, reservado especificamente para a gravação de seu próximo DVD. E, como já era esperado, não se tratou de um show, mas sim de uma celebração. Quando isso acontece, surgem impaciências e intolerâncias em alguns momentos.

É muito raro um show do Angra ser ruim. Esqueça o desastre do Rock in Rio 2011, quando a banda claramente não esteve bem. Dá para contar nos dedos de uma mão a quantidade de shows verdadeiramente desastrosos da banda.

O Tom Brasil presenciou mais uma apresentação da "OMNI World Tour", e a qualidade esteve alta, como sempre. Só que o perfeccionismo que anda lado a lado com o Angra, cortesia do guitarrista Rafael Bittencourt, exigiu que algumas execuções tivessem de ser refeitas, seja por supostos problemas técnicos, seja por necessidades relacionadas à performance.

Os motivos para isso são irrelevantes. Há bandas que têm orçamento para gravar todos os shows de uma turnê para, eventualmente, escolher os melhores trechos e fazer uma compilação ou escolher uma apresentação, a melhor, para fazer em estúdio eventuais correções musicais.

Quem assistiu à gravação do DVD solo de Bittencourt, ocorrida há três anos, viu a extrema dificuldade e complexidade de fazer a captação de imagens sendo que o próprio músico fazia a direção da obra ao mesmo tempo em que tocava. Evidentemente, pausas e interrupções foram necessárias para que o resultado final fosse bom.

Entretanto, surgiram nas redes sociais muitas ironias e reclamações por conta de eventuais pausas no show do Angra para ajustes ou mesmo para refazer certas partes. Total injustiça.

Se a banda refaz certas partes é acusada de estar fazendo um trabalho "artificial" e "sem alma", em uma tentativa de mascarar erros; se faz a gravação bruta do show, com o mínimo de correções, será acusada de desleixo ou de falta de qualidade se os erros transparecerem e ficarem evidentes, mesmo se a intenção for a a de manter o registro "verdadeiro". Qual é a versão que você gostaria de ver no produto final?

O profissionalismo do Angra e da equipe de filmagem foram admiráveis. Muito entrosado e com vontade de tocar, o quinteto mostrou competência de sobra e de sempre garantiu um bom material para o DVD.

Claro que a expectativa maior era de ver como Sandy, a cantora sofisticada que um dia cantou pop e sertanejo com o irmão Júnior na dupla Sandy & Júnior, se comportaria em um show de heavy metal.

Ela foi muito bem na música "Black Widow's Web", de "OMNI", onde dividiu os vocais com o vocalista da banda, Fabio Lione, e a cantora Alissa White-Gluz, da banda sueca de thrash/death metal Arch Enemy.

Ao vivo, como convidada, cantou suas partes da mesma música com muita tranquilidade – e méritos para Lione, que fez as partes guturais de Alissa, que não pôde participar do show. A recepção á moça foi a melhor possível.

O que ninguém esperava era que Sandy fosse ainda melhor no dueto com Lione em "Heroes of Sand". A voz delicada e enganadoramente pequena cresceu, em resultado surpreendente bacana. A moça mostrou que é muito versátil, capaz de transitar do jazz ao heavy metal sem muito esforço.

Não poderia ter começado melhor a turnê mundial que a banda vai encarar a partir de agora. "Depois de 27 anos de história, o Angra conseguiu se reinventar e se reerguer com força total.  Estamos vivendo um sucesso sem precedentes", comemorou o guitarrista Rafael Bittencourt, que considerou o empreendimento um enorme sucesso.

"Estamos vivendo um momento histórico. A nossa turnê mundial já tem mais de 100 shows e estamos entrando em lugares que nunca estivemos antes. Só nos Estados Unidos serão 32 shows. Nunca fizemos uma turnê tão extensa por lá. Estamos mostrando aos fãs e admiradores de heavy metal que mesmo contra todas as adversidades do cenário da música no Brasil, não se pode desistir dos sonhos. Com trabalho e competência conquista-se o almejado", diz o guitarrista.

Como vimos afirmando neste ano, a marca Angra, sempre poderosa, está ainda mais inflada. Qualquer coisa associada ao nome da banda vira sucesso, como as recentes turnês do vocalista Edu Falaschi (em companhia do baterista Aquiles Priester) e do baterista Ricardo Confessori, ex-integrantes que estão executando material de suas épocas como músicos do Angra.

Está mais difícil para os detratores encontrarem motivos para criticar uma banda que se aproxima dos 30 anos de carreira com tal nível de qualidade e sucesso.

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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