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Personificação do rock, Mick Jagger chega aos 75 anos

Combate Rock

26/07/2018 06h30

Marcelo Moreira

Mick Jagger (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O cantor feioso e bocudo, já milionário, bradou que não queria chegar aos 40 anos cantando "Satisfaction". Pois não só o fez como o faz até hoje, aos 75 anos de idade, completados hoje.

Mick Jagger já é bisavô e não dá sinais de que a aposentadoria esteja próxima. Afinal, a atual turnê dos Rolling Stones já está sendo considerada amais lucrativa de todos os tempos no rock'n'roll.

Ninguém cansa de ver os setentões tocando em estádios gigantescos, mesmo que seja apenas para ver pontinhos no palco e escutar um som sofrível por conta da distância. Possivelmente, só U2, Metallica e Iron Maiden provoquem tais sentimentos.

A pedra não vai parar de rolar tão cedo se depender das vontades de Mick Jagger e do guitarrista Keith Richards, que completa os seus 75 anos em dezembro.

Não deixa de ser um alento para quem gosta de boa música e reconhece a importância músico-cultural daquela que sempre será a maior de todas das bandas de rock.

A piada continua a cada quatro anos, desde que o insistente Jagger aparece em estádios de futebol nas Copas do Mundo para ver a sua seleção inglesa invariavelmente perder e ser eliminada – o azarado rock star viu três derrotas do seu time em sete jogos na Rússia.

Para muitos, a figura elegante, mas supostamente de mau agouro esportivo, é o retrato acabado de um músico decadente que vive do passado executando a mesma série de hits que são mais antigos do que mais da metade dos espectadores de seus shows?

Decadente? Toca por quase três horas toda noite aos 75 anos de idade e ainda tem de aguentar um bando de críticos imbecis e de panacas moderninhos que gostam de porcaria o chamarem de decadente?

Não que ele e a conta bancária dele estejam preocupados com isso, da mesma forma que ele provavelmente nem sabe que os brasileiros o consideram azarado no futebol desde pelo menos a Copa de 2010, na África do Sul.

Mick Jagger já foi chamado algumas vezes de "a personificação do rock" por cineastas e jornalistas amigos. Não é exagero. Ele sintetizou todos os excessos e toda a realeza que cercam uma estrela de rock máxima. Simbolizou uma era na música e no entretenimento como jamais alguém conseguiu.

Bob Dylan ganhou o prêmio Nobel de Literatura pela estética e pela qualidade das letras; Mick Jagger ganhou a eternidade simplesmente sendo Mick Jagger, e nada mais.

O líder dos Stones disse algumas vezes que não queria ficar velho. Inadvertidamente, emulava a estrofe do amigo Pete Townshend, inscrita no hino "My Generation", do Who: "Hope I Die Before Get Old" (Espero Morrer Antes de Ficar Velho) – só que, obviamente, ignorando a parte da morte.

Jagger conseguiu, de certa forma. Só os mais cínicos e pobres de espírito vão lembrar de que ele tem 75 anos. No palco, a personificação do rock encarna e reencarna todas as virtudes musicais – e suas idiossincrasias – de 56 anos de carreira.

Com os Rolling Stones, ao lado dos Beatles, ajudou a mudar drasticamente a cultura ocidental a partir dos anos 60, algo que nem mesmo o Nobel Bob Dylan conseguiu.

E, novamente, citando os Beatles: muito provavelmente os quatro de Liverpool, Mick Jagger e Pelé são as figuras humanas mais emblemáticas na área do entretenimento desde o século passado. São reconhecíveis imediatamente, em qualquer época e por pessoas de qualquer idade.

O bisavô Mick Jagger não queria ficar velho, mas nem sabia que se tornaria eterno e imortal. Com isso, veremos o cantor no palco com os Rolling Stones em 2023 para as comemorações de seus 80 anos. Será que teremos esse privilégio?

 

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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