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PAD injeta guitarras pesadas e arranjos sofisticados no pop rock nacional

Combate Rock

19/07/2018 06h56

Marcelo Moreira

PAD (FOTO: CAIKE SCHEFFER/DIVULGAÇÃO)

O movimento é muito semelhante ao que perpetrou o Noturnall cinco anos atrás: músicos veteranos e conhecidos da cena paulistana para formar uma espécie de supergrupo, com direito a produção das melhores e pouca disposição para se adequar ao mercado "pede".

Assim como o Noturnall em 2013, que surgiu das cinzas do Shaman, o PAD já nasceu grande, o que poderia imputar ao sexteto uma responsabilidade a mais. Será?

"De jeito nenhum. Nós criamos o PAD para fazer o som que a gente gosta. Todos trabalharam, em algum momento, com várias vertentes do rock e outros gêneros musicais. E agora demos sorte de juntar caras que pretendiam seguir o mesmo caminho tocando o som que queríamos", diz um entusiasmado Marcos Kleine, guitarrista solo que também faz parte do Ultraje a Rigor, hoje a banda titular do programa The Noite, de Danilo Gentili, no SBT.

Essa coisa de "nascer grande" não encontra eco nos seis integrantes. No ensaio realizado na última terça-feira, 17 de julho, em um estúdio da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, a descontração deu o tom dos trabalhos, que tinham como meta arredondar tudo para o show de lançamento do primeiro álbum, "O Som e a Cura", no dia 26 de julho.

"O PAD é uma banda que deu vazão a uma série de influências musicais, mas sobretudo pela necessidade de fazermos um som autoral. Adoro meu trabalho com o Ultraje, mas eu sou músico e compositor. Era assim quando toquei na banda Vega e tem sido muito interessante esse período de composição e lançamento de CD com o PAD", afirma Kleine.

O PAD conta ainda com Noogh (vocal), Leandro Pit (guitarra), Will Oliveira (baixo), Thiago Biasoli (bateria) e Rodrigo Simão (teclados).  As raízes da banda vieram do mais tradicional rock nacional: tudo no PAD é cantado em português.
da banda.

A ideia para fazer "O Som e a Cura" era não direcionar antecipadamente os trabalhos e não impor regras na hora de fazer o som. Era sentar, tocar e ver o que saía.

"A coisa saiu tão espontânea e legal que na primeira jam que fizemos saíram as ideias básicas para a primeira música, 'Not So Vain', que ficou pronta muito rápido", conta o vocalista Noogh.

À primeira vista, o som da banda é voltado para as guitarras. Kleine e o outro guitarrista, Pit, mostraram muita qualidade em duelos pesados nas duas primeiras músicas lançadas, "Not So Vain" e "Estranho Mundo Novo".

Os timbres escolhidos remetem a um hard rock de inspiração setentista, seja com ecos de Rainbow, como demonstram os solos incendiários de Kleine, ou como explodem nos falantes os arranjos de bom gosto que fazem lembrar de Journey, Van Halen, Kansas e, por que não, o subestimado Survivor.

O som não tem o peso que outras bandas brasileiras do segmento, que também cantam em português. Não é heavy como Carro Bomba, Baranga ou Kamboja, mas consegue ter maior volume sonoro que o extraordinário Golpe de Estado – como me disse uma vez o falecido Hélcio Aguirra, o guitarrista e cérebro do Golpe, "timbre é tudo".

Diante deste desafio, o PAD passou com louvor, já que não há nada parecido no rock nacional com as guitarras ora gêmeas, ora complementares, de Kleine e Pit.

O volume sonoro  fica mais encorpado quando entra em cena os teclados de Rodrigo Simão, um instrumentista de alto calibre que jpa tocou com o Dr. Sin. Simão é, provavelmente, o melhor tecladista do pop rock nacional, ao lado de Matheus Schanoski (Tomada) e Ari Borger (este mais ligado ao jazz e blues).

Noogh e o baterista Biasoli fazem questão de ressaltar que uma característica importante do PAD é reunir as muitas influências de todos, mas que tenha um caráter mais "leve", digamos assim.

"A gente é amigo de muita gente na cena e observa o trabalho suado e bem feito de muitas bandas. Tem gente que faz letras bacanas, com escracho, ironia e muito humor, mas temos visto que a maioria trata de temas mais pesados, da nossa realidade política e das dificuldades que atingem o país e nossas vidas. Preferimos outro caminho", diz o vocalista.

Biasoli complementa: "Não é que tenhamos optado por músicas alegrinhas, não é esse o termo. Temos impregnar nossa música e as letras com um astral mais positivos. Não é festa o tempo todo, mas quisemos fazer algo mais para 'cima'."

Não é tudo festa mesmo como se pode observar na letra crítica e corrosiva de "Estranho Mundo Novo", que ganhou um clipe bem legal, apesar de simples. O tema pega forte nos maus hábitos que vieram com a modernidade digital e a velocidade da tecnologia.

Ao vivo as músicas ficam mais pesadas, principalmente aquelas que têm as guitarras como centro, como as duas primeiras já citadas e a ótima "Guerreiros Pacíficos", onde Kleine e Pit duelam quase o tempo todo.

Outro destaque é "Eu Sou o Cara", que adquire alguns contornos épicos por conta do tema, que é a valorização do dia a dia dos chamados heróis invisíveis, integrantes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar que realizam operações que vão muito além de apagar fogo e trocar tiros com bandidos.

O show no teatro J. Safra terá as com participações especiais de Luiz Carlini, que no álbum gravou guitarra lap steel na faixa "Eu Sou o Cara", e de Roger Moreira para tocar algumas músicas do Ultraje a Rigor.

SERVIÇO

PAD – Show de estreia de O Som e A Cura

Teatro J. Safra (Rua Josef Kryss 318. Barra Funda – São Paulo)

Quando: 26/07

Hora: 21h

Ingressos online em bit.ly/pad-teatro-jsafra [2]

EVENTIM.COM.BR

PLATEIA PREMIUM: R$ 60

PLATEIA VIP: R$ 50

MEZANINO: R$ 40

MEZANINO COM VISÃO PARCIAL: R$ 30

Classificação: Livre

Duração: 90 minutos

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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