Sem a Rolling Stone Brasil, a cultura brasileira fica muito mais pobre
Marcelo Moreira
Jornalismo de qualidade e diferenciado custa caro. Houve um tempo em que isso era valorizado e reverenciado. Hoje, infelizmente, tais atributos são ignorados.
Embora não seja uma grande surpresa, o anúncio de que a edição impressa da revista Rolling Stone Brasil será suspensa foi um golpe para quem preza informação de qualidade e bem feita na área da cultura e do entretenimento.
Houve um tempo em que não havia bolso para comprar todas as publicações que falassem de cultura, música e artes. Hoje só temos a revista Cult e as musicais Roadie Crew e Total Guitar. Cadê o resto?
A maioria das pessoas recebe esse tipo de notícia com desdém ou menosprezo. Toda semana um jornal ou uma revista anuncia o fim das atividades ou a migração definitiva para a internet. Jornais quase centenários de cidades importantes do interior somem e não causam comoção.
Era o caso de todos ficarmos comovidos com o fim do impresso da Rolling Stone? Com certeza.
Se não tinha o estofo e a dimensão da matriz norte-americana – e nem era o caso de ter -, a Rolling Stone Brasil conseguiu a proeza de mostrar um outro lado da cultura feita no Brasil.
As vertentes mais populares e de periferia ganharam imensos destaques, assim como artistas alternativos. Foi pelas páginas da revista que o Brasil conheceu grafiteiros talentosos, fotógrafos inventivos e ousados e músicos diferentes que nunca tiveram espaço na imprensa tradicional.
Coube ao eterno e interminável Frejat, ex-guitarrista do Barão Vermelho, aquela que possivelmente será a última capa de edição semanal da Rolling Stone.
O perfil atual do músico foi publicado com um texto leve e sereno de autoria do jornalista José Júlio do Espírito Santo. Um final apropriado para uma publicação importante.
Segundo o portal Comunique-se, dedicado ao mundo da comunicação, os administradores da editora Spring, que editava a Rolling Stone Brasil, informaram que a última edição imprensa, provavelmente um produto especial, chegará às bancas em agosto e que anualmente deverão ser editadas quatro edições especiais.
Mais uma porta importante para a divulgação de informações e eventos culturais se fecha, e a repercussão é desanimadora.
Ninguém mais se importa com o desaparecimento de publicações importantes e que fizeram parte da formação intelectual de muita gente. Será que a internet é mesmo a chave de tudo e vai resolver todos os problemas?
Como blogueiro atuante e que leva adiante este Combate Rock, que existe há oito anos, gostaria de acreditar que sim. No entanto, a realidade insiste em não concordar conosco…
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