Estão ressuscitando a fita K-7. Será que faz sentido no século XXI?
Marcelo Moreira
Muita gente não entendeu o movimento da volta dos LPs em vinil, em meados da década passada. Por mais nostálgico e saudosista que fosse, não havia razões práticas para que sobrevivessem, quanto mais fossem resgatados por uma indústria moribunda.
Contrariando as expectativas, o vinil voltou com força, arrebanhando uma série de admiradores e colecionadores que, se não mais vaticinam que seu som é melhor, são fiéis e fanáticos pelos discos pretos e seu som mais vivo e "quente".
Não fazia sentido a sua volta, mas passou a fazer. Será que o mesmo vai ocorrer com a fita cassete (ou K-7), outro clássico dos anos 60, 70 e 80?
Texto interessante do jornal Folha de S. Paulo, assinado pelo antenado e competente Thales de Menezes, fala da volta da fitinha de plástico.
Fábricas brasileiras já estão produzindo o novo álbum dos Arctic Monkeys em cassete, assim como relançamentos de álbuns antigos de Pitty e Planet Hemp – leia aqui. Ou então aqui, em outro texto.
Executivos das empresas garantem que há mercado, ainda que seja muito mais difícil ouvir a fita do que o vinil, já que ainda há uma oferta razoável de toca-discos mais sofisticados (e caros) no mercado.
Se o vinil ainda manteve uma aura cult e conquistou um público novo nas duas últimas décadas, o caminho da fita K-7 é mais difícil e complicado, a começar pela absoluta falta de aparelhos para reproduzir o som.
Ao contrário do LP, as fitas originais de lançamentos nunca foram alvo de reverência do público. No máximo, eram consideradas uma conveniência e mais nada, já que o som perdia, e muito, para o vinil.
Já as fitas virgens – as precursoras dos downloads legais e ilegais – apresentavam uma vantagem: o som gravado das emissoras de rádio e dos LPs era melhor, mais cristalino, e permitia a montagem de listas de músicas, coisa impossível com os vinis.
O que se pretende atualmente é que as fitas K-7 se tornem suvenires, ao menos neste recomeço. Seria uma maneira de diversificar o "cartão de visitas", que é no que o CD acabou ficando reduzido – há músicos que preferem divulgar seus trabalhos hoje diretamente em plataformas digitais ou, no máximo, enviar ou vender pen drives com seus trabalhos.
O retorno do vinil é a prova de ridicularizar ou ironizar essa onda retrô pode ser um equívoco. No entanto, é pertinente tratar com muita cautela o tal retorno das fitas K-7.
O apelo nostálgico do LP é evidente, coisa que não ocorre com as fitinhas. Em tempos de música disseminada digitalmente por aparelhos com bluetooth, especialmente por aparelhos celulares, faz sentido investir em fitas K-7 que terão dificuldades para serem reproduzidas? Quem vai fabricar aparelhos para reproduzir neste formato?
Por pura nostalgia, ainda mantenho em casa dois aparelhos de som antigos que ainda têm dois "tapes deck", ou seja, reprodutores de som de fitas K-7, além das pick ups (toca-discos) e carrossel de CDs. E quem se desfez desses aparelhos? Vale a pena investir nessa tecnologia retrô?
Tenhamos cuidado e cautela ao analisar esse mercado. Ao que tudo indica, no entanto, não faz sentido resgatar mais uma tecnologia retrô para o produto resultante não passe de um cartão de visitas caro e com pouca utilidade.
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