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Pacotão de álbuns ao vivo traz o melhor do Deep Purple dos anos 70

Combate Rock

01/04/2018 06h41

Marcelo Moreira

A crise da indústria fonográfica dizimou a cultura de lançamentos de CDs e DVDs de classic rock no Brasil que floresceu a partir dos anos 2000 no Brasil. Se ainda tínhamos de esperar por meses ou anos até um selo brasileiro licenciar alguma obra interessante nos anos 90, isso mudou para melhor neste século. No entanto, houve um retrocesso muito grande a partir de 2013.

Algumas empresas bem que tentaram colocar nas lojas brasileiras lançamentos legais nos últimos dois anos, mas foram mais aventuras do que tentativas. A Shinigami Records, de São Paulo, no entanto, quer mostrar que dá para reverter a tendência. E o Deep Purple é o protagonista da iniciativa.

Primeiro foram os lançamentos quádruplos de dois anos atrás, com os combos ao vivo "From the Setting Sun…" e "…¨To the Rising Sun". Foram CDs duplos e DVDs que registram as apresentações da banda no festival Wacken, na Alemanha, e em concorridos concertos no Japão.

No ano passado, a nova investida foi com o mais recente trabalho de estúdio do quinteto inglês, "Infinite", que ganhou versão nacional. Em 2018, uma nova versão do álbum chegou às lojas, "Infinite – The Gold Edition", com as músicas do CD mais o show completo da banda no festival francês Hellfire de 2017.

O pacotão do Deep Purple para este começo de ano vem ainda mais recheado e a Shinigami não perdeu tempo ao licenciar cinco extraordinários CDs e um DVD ao vivo da banda que havia muito tempo já podiam ser encontrados em qualquer loja do exterior. Fazem parte da série "The Official Deep Purple (Overseas) Live Series".

O principal é "California Jam 1974", o DVD, que registra a demolidora apresentação do Deep Purple no então famoso festival norte-americano. Foi praticamente a estreia da nova formação, que tinha o vocalista David Coverdale no lugar de Ian Gillan e o baixista e vocalista Glenn Hughes no lugar de Roger Glover. É um dos pontos altos do rock ao vivo em todos os tempos.

Dessa mesma época chegam também "Graz 1975" e "Long Beach 1976". Ao lado de "Live in Paris 1975", este um original lançamento desde os anos 2000, compõem um panorama dos palcos com a chamada formação "Mark III".

O show em Graz, na Áustria, já fazia do período de fraturas entre os membros, com o guitarrista e fundador Ritchie Blackmore tendo avisado aos companheiros que não seguiria com o grupo após a turnê europeia. O show de Paris seria o seu último com a banda.

"Long Beach 1976" também é importante porque é um dos poucos registros de alta qualidade, tanto no palco como sonoros, da chamada formação "Mark IV", com o guitarrista Tommy Bolin no lugar de Blackmore.

Coincidentemente, é outro exemplo de um Deep Purple esfacelado, sendo que algumas semanas depois, em Liverpool, na Inglaterra, após o show, o gruo se separaria de vez – voltaria oito anos depois com a "Mark III".

No palco de Long Beach, na Califórnia, no entanto, o quinteto fez uma ótima apresentação, mesmo com os constantes problemas de Bolin e Hughes com álcool e drogas à época.

Com o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover, o pacote traz dois shows que já circulavam havia 30 anos entre os piratas (bootlegs) mais conhecidos da banda.

"Stockholm 1970" é um um registro que iniciava as comemorações do primeiro ano da chegada de Gillan e Glover. O rock pesado já tomava forma, mas o som ainda trazia inúmeros elementos de jazz e blues, com performances soberbas de Blackmore e Gillan.

"Long Beach 1971" mostra uma evolução nítida enquanto banda, ousando mais nos temas e na execução de seus clássicos até então. "Copenhagen 1972" pode ser considerado o auge da "Mark II", pois já traz músicas do maravilhoso "Machine Head", lançado naquele ano.

A banda está afiada, com um entrosamento absurdo e uma energia que só seria captada mais de um ano depois no primeiro álbum ao vivo do grupo, "Made In Japan", cm shows gravados na mesma turnê em Osaka e Tóquio.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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