Previsível, mas competente, Foo Fighters diverte e se diverte em SP
Henrique Neal – especial para o Combate Rock
Foi bom, como sempre, mas também foi previsível como sempre. Foo Fighters se transformou em uma daquelas commodities do rock, com espaço e "preço" garantidos, quase uma unanimidade, com seu valor imutável.
Ainda que seu líder, o carismático guitarrista Dave Grohl, invista em algumas presepadas, como chamar um moleque aniversariante da plateia para tocar bateria e inventar de "celebrar" um casamento no palco, podemos cravar: é difícil não sair satisfeito de uma apresentação da banda.
Persistem aqui e ali viúvas do Nirvana e de Kurt Cobain em pleno ano de 2018, mas o fato é que Grohl se transformou em uma das grandes figuras do rock atual (ou classic rock, quero dizer) e elevou o seu Foo Fighters ao patamar das bandas gigantes. E não é fácil se manter entre os gigantes – o U2 que o diga.
De vez em quando alguém engata uma discussão absurda na internet sobre a "qualidade" dos hits de hoje e de antigamente.
Ontem mesmo escutei isso na minha frente, quando uma moça insistia em comparar as músicas de Grohl com as das bandas grunge dos anos 90.
Que papo mais sem sentido esse. Hit e sucesso é aquele que é cantado pelo estádio inteiro, independentemente do gênero musical.
E hit é o que mais tem em um show do Foo Fighters, que sempre teve a decência e a competência não usar as músicas do Nirvana como muleta.
E o que também não falta é competência. Show redondo, performance de boa qualidade e um bando de músicos que demonstra estar se divertindo no palco. Jogo ganho, como quase sempre.
A ideia era dar um reforço para "Concrete and Gold", o mais recente álbum, lançado no ano passado, mas não tem jeito: a galeta anseia e brada por hits. "Run" e "The Sky Is A Neighbourhood" agradaram bastante, mas sofreram coma síndrome do "disco-novo-que-ninguém-escutou".
Sorte de uma banda que pode se dar ao luxo de espalhar canções como "My Hero", "All My Life", "Learn to Fly", "Best of You", "This Is A Call", "Walk" e "Everlong" ao longo de mais de duas horas de puro rock bacana.
A banda brilhou até nas versões para clássicos do rock, como "Under My Wheels (Alice Cooper)", "Blitzkrieg Bop"(Ramones) e "Under Pressure" (Queen), pouco óbvios mas que agradaram a uma plateia um pouco anestesiada, que acordou na segunda metade da apresentação.
Ao contrário de um outro gigante, Guns N' Roses (ressuscitado), o show do Foo Fighters é homogêneo e sem grandes sobressaltos, sem um pingo de instabilidade.
Talvez falte um pouco mais de pegada "hard" para deixar a energia lá em cima, em vez das pataquadas demagógicas de casamento e chamar um baterista da plateia, mas o Foo Fighters nunca decepciona.
Queen of the Stone Age: coadjuvante de luxo, o grupo norte-americano despertou pouca atenção de uma plateia que ainda chegava e que claramente esperava pela atração principal. Mas o guitarrista Josh Homme é experiente e não levou em consideração o fato de ser uma banda de abertura.
Foi um show correto e eficiente, com um acento mais pop, em que o entrosamento estupendo do grupo se destacou.
Em alguns momentos barulhento, o show mostrou que a banda pode crescer ainda mais, mesmo sendo veterana, principalmente quando apresenta músicas boas como "Little Sister" e "Go With the Flow".
Ego Kill Talent: a banda brasileira abriu o minifestival e, como todas as bandas que caem nesta situação, tocou para um público reduzido, disperso e com pouco interesse.
No entanto, a banda surpreendeu por fazer um set mais pesado, puxado para o stoner rock/stoner metal. Mostrou estar preparada para crescer e ganhar bem mais destaque em um cenário roqueiro nacional bastante pulverizado e sem um grande nome novo que atraia bastante atenção.
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