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Edu Falaschi lota casa e celebra sucesso de sua primeira turnê solo

Combate Rock

25/01/2018 06h41

Marcelo Moreira

Edu Falaschi e convidados ao final da grande celebração no Carioca Club, em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO/FACEBOOK)

Uma conversa improvável em um lugar improvável definiu a realização de um projeto vencedor e os rumos temporários de uma carreira já bem-sucedida, ainda que por muitos percalços.

A celebração do metal brasileiro e da música do Angra, ocorrida no último domingo, 21 de janeiro, foi uma consagração para o cantor Edu Falaschi e para o baterista Aquiles Priester, ex-integrantes da banda, que puderam constatar o poder que aquele nome ainda tem no mercado nacional e internacional.

Era o encerramento oficial da "Rebirth of Shadows Tour", idealizada por Falaschi, para executar as principais músicas de sua fase na banda.

Por conta da turnê solo, o novo CD da banda Almah e os shows desta estão momentaneamente de lado para que ele recriasse as grandes canções que compôs quando estava no Angra, agora ao lado de Priester e do tecladista Fabio Laguna, que era o músico de apoio do Angra até 2012 – Aquiles saiu em 2007.

E a celebração no Carioca Club, em São Paulo, teve direito à revelação da história da origem dessa turnê – o "papagaio" Falaschi desatou a falar (até para dar um respiro aos músicos):

"Tempos atrás um produtor peruano me contatou dizendo que me queria em um festival em Lima, mas desde que eu cantasse as músicas do Angra. Não tive muito interesse, pois estava em outra fase, seguindo com minha carreira solo e com o Almah. Ele insistiu e disse que arrumaria uma banda de apoio com peruanos. Fiquei desconfiado, mas recebi vídeos e áudios dos caras, e eles tocavam demais. Aceitei o convite e foi muito legal, cantei para mais de 2 mil pessoas no festival. Após o show, jantei com Joe Lynn Turner, uma das atrações, e que cantou com o Deep Purple e com Yngwie Malmsteen. Ele ficou surpreso com a quantidade de gente que eu atraí. E, na boa, ele me perguntou: 'Quem é você?' Eu contei toda a minha história e ele ficou meio assustado: 'Não creio que você, com toda essa bagagem, despreze a sua história. Tá louco? São músicas suas, você compôs. Até hoje canto Purple e Malmsteen porque é a minha história. Não deixe de aproveitar isso."

Se artisticamente o projeto tinha reservas por não se tratar de algo novo, ou seja, apenas um "revival", do ponto de vista do mercado foi um tiro certeiro. Foram mais de 30 datas no Brasil com shows lotados e a recolocação dos nomes de Falaschi edo Angra de novo no topo do rock pesado nacional no final de 2017.

Emocionado, cantor conversou muito com a plateia que superlotou o Carioca Club em um domingo chuvoso. Nem mesmo o calor sufocante por causa da falta de ventilação do local amainou a eletricidade do ambiente.

O trio de stoner metal Acid Tree abriu a noite e mostrou muita qualidade, por mais que os vocais estivessem abaixo da média – não se sabe de os microfones estavam falhando ou se era uma noite infeliz do guitarrista, que cantou todas as músicas. No entanto, a banda fez um bom show.

Com o jogo ganho desde sempre, Falaschi e sua banda colocaram a casa abaixo, desfilando um hit atrás do outro. Bastou os primeiros acordes de "Nova Era" e o público tornou a casa um lugar insano.

Cantando melhor a cada dia, Falaschi demonstra vigor e técnica impressionantes, recriando músicas que catapultaram o Angra ao primeiro time do metal mundial entre 2000 e 2008.

Aquiles Priester deu um show em canções como "Rebirth", "Bleeding Heart" e a na maravilhosa "Arise Thunder", enquanto que os guitarristas Roberto Barros e Diogo Mafra brilharam em "Millennium" e "Shadow Hunter".

A escolha dos convidados especiais previlegiou a qualidade, mas sobretudo a amizade. Thiago Bianchi e Junior Carelli, vocalista e tecladista do Noturnall, deixaram muito mais pesada a canção "Angels and Demons".

O amigo Alírio Netto, ex-vocalista do Age of Artemis e atualmente um consagrado ator de musicais, quase ofusca o dono da festa na ótima "Bleeding Heart".

A baixista eslovaca Tonka Raven deixou tudo mais pesado nas últimas músicas do show, enquanto que o mais aguardado, o cantor e guitarrista Kai Hansen(Gamma Ray e ex-Helloween) ficou espantado com o tamanho do evento e com a extraordinária receptividade ao seu nome.

Ele cantou timidamente "The Temple of Hate", fazendo o suporte para Falaschi brilhar. Na canção seguinte, pegou a guitarra e se soltou, para uma versão antológica de "Rebellion in a Dreamland", clássico do Gamma Ray, que ainda teve outro convidado, Bruno Sutter, nos vocais. E é claro que não poderia faltar Helloween, com uma versão bem boa de "I Want Out".

O sucesso da "Rebirth of Shadows Tour" e, principalmente, do show de encerramento, certamente obrigará Falaschi a repensar a sua agenda para 2018 e abrir mais possibilidades de novas datas, inclusive no exterior. Sendo assim, sejamos eternamente gratos aos conselhos do velho e persistente Joe Lynn Turner.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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