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Uganga evolui e aposta em parceria com instituição internacional

Combate Rock

09/01/2018 07h02

Marcelo Moreira

Apoio internacional para continuar a luta pelo rock'n'roll. a afirmação soa utópica e romântica, mas é o que ocorreu com a banda mineira Uganga, um dos nomes mais respeitados do underground pesado do rock nacional.

O Uganga, que em mais de 20 anos de carreira lançou cinco álbuns – alguns licenciados no exterior –, fez duas turnês pela Europa, centenas de shows por quase todas as regiões do Brasil e mais recentemente lançou seu primeiro DVD.

Em outubro passado inciou as gravações do novo álbum do grupo, intitulado "Servus", que será mais uma vez patrocinado por um programa de incentivo à cultura, dessa vez um internacional, o Wacken Foundation – uma organização alemã sem fins lucrativos criada para apoiar projetos de hard rock e heavy metal de todas as partes do mundo.

A organização foi idealizada em 2008 pelos produtores do Wacken Open Air (W:O:A), o maior festival de hard rock e heavy metal do planeta, e tem a missão de manter ativa a produção criativa nesse segmento e estimular novas bandas e projetos.

Desde 2010 o Wacken Foundation passou a fazer contribuições em euros para projetos de gravações de discos, turnês e até mesmo festivais.

Os projetos podem ser enviados durante todo o ano e uma comissão de curadores avaliam os mais relevantes que virão a receber o apoio. A vocalista alemã Doro Pesch figura entre a equipe de curadores. Entre os doadores estão nomes como o de Alice Cooper que fez recentemente uma doação de US$ 10 mil à fundação.

"A parceria com o Wacken Foundation foi mais uma vitória da banda e equipe à custa de muito suor, estrada, planejamento e amor à camisa', declarou o vocalista Manu Joker.

"Servus" será o quinto disco de estúdio de estúdio do Uganga e está sendo será gravado no estúdio Rock Lab em Goiânia onde a banda registrou seu disco anterior,  "Opressor". A produção será assinada por Gustavo Vazquez e pelo próprio Manu Joker

"Os dias de hoje apresentam múltiplas possibilidades artísticas, mas exige empenho e uma dedicação muito grandes. Claro que é gratificante, mas requer uma dose paciência e perseverança", diz o vocalista.

E perseverança é o que não falta para a banda do Triângulo Mineiro. Nome respeitado no rock nacional, a banda preza pela integridade e pelo preciosismo, no sentido positivo do termo.  Pé no chão e barulho na orelha.

"Para quem diz que as coisas estão complicadas, a questão é muito simples: nunca foram fáceis para quem faz rock pesado e/ou alternativo no Brasil, mas existem alternativas. É o que o Uganga está buscando. Tenho orgulho do nossa trajetória", diz Joker.

A parceria com a Wacken Foundation é um exemplo de como as bandas de fora da Europa e dos Estados Unidos podem conseguir boas opções de financiamento de trabalhos autorais.

Manu Joker , um artista inteligente e articulado, gosta de ressaltar as infinitas possibilidades para bandas underground divulgarem seus trabalhos e expandir os horizontes dentro de um panorama pouco receptivo a projetos roqueiros.

"As oportunidades existem, assim como há gente disposta a apoiar projetos culturais. Ninguém nunca disse que seria fácil e que jorraria dinheiro, e quem quer fazer a coisa virar vai ter de ralar. Sempre existe uma recompensa", diz o cantor.

Sobre o novo trabalho, Manu Joker afirma que as principais características da banda serão mantidas: "Semrpe apostamos em som pesado e em letras em português, com viés de protesto e, às vezes, de denúncia. Somos um reflexo do que vivemos em nossa sociedade."

Em seguida, emenda sobre o novo álbum. "Os nomes dos álbuns do Uganga sempre aparecem logo no início do processo, algumas vezes antes mesmo de qualquer música ou arranjo. A parada vem de uma vez, tipo psicografada, e com o Servus não foi diferente. O conceito tem a ver com duas coisas distintas: escravidão e respeito. Servus em latim quer dizer 'escravo' e é uma representação das referências históricas que vêm nos inspirando neste trabalho, entre elas a ascensão e queda do império romano. A questão do respeito tem a ver com servir. Não no sentido serviçal, adulador, mas sim servir ao próximo como um semelhante sem esperar nada em troca. Acredito que somos parte de um todo muito maior e que precisamos trabalhar juntos pela sua continuidade." 

Uganga publicará fotos e vídeos em suas mídias sociais com mais informações sobre o andamento das  gravações.

Entre outras novidades, o DVD "Manifesto Cerrado", lançado recentemente em versão digital, vai ganhar sua edição física em Dezembro. Lançado para celebrar os 20 anos de carreira do grupo, "Manifesto Cerrado" reúne um documentário de longa-metragem que conta a história da banda e um show inédito realizado na histórica estação ferroviária Stevenson em Araguari/MG. "Manifesto Cerrado" foi financiado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) de Araguari/MG e o seu lançamento online, totalmente gratuito, é uma tentativa de ampliar e democratizar o acesso ao material produzido.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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