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Neurosis toca em SP para exaltar a liberdade total e o som pesado

Combate Rock

04/12/2017 06h43

Marcelo Moreira

Neurosis (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Música underground e atitude podem ser encontradas aos montes nas esquinas brasileiras, ainda que falte púbico para alguma atrações bem bacanas e que haja reclamações generalizadas por parte de certos meios roqueiros.

No entanto, dificilmente ouviremos coisa parecida dos integrantes do quinteto norte-americano californiano Neurosis, há mais de 30 anos na estrada e fazendo seu som sem concessões. Para eles, sucesso é estar na estrada tocando e compondo.

E é surpreendente que produtoras nacionais de shows apostem em atrações internacionais bem lado B desde o ano de 2015 para formar uma alternativa de cenário roqueiro no Rio de Janeiro e em São Paulo.

É o caso de Abraxas, que trouxe duas vezes a boa banda ucraniana de stoner rock Stoned Jesus, patrocina o Neurosis no Brasil neste mês e trará o os alemães do Kadavar em 2018.

A boa acolhida do Stoned Jesus pelos brasileiros deu margem para apostas mais altas, para a sorte grande do público daqui, e a vinda do Neurosis é uma grata surpresa.

A Abraxas aproveitou e licenciou três álbuns da banda para comercializar nos shows que o quinteto fará por aqui. São eles "Through Silver in Blood" (1996), "Times of Grace" (1999) e "Fires Within Fires" (2016). Em São Paulo, no dia 8 de dezembro, os CDs estarão à venda neste que é a única apresentação do Neurosis em terras brasileiras, no Carioca Club.

Algumas bandas gostam de confundir a cabeça dos fãs com as constantes mudanças de direção musical. Desde a década de 1980, o Neurosis passou pelo pós-punk, pelo punk mais puro, pelo heavy metal, pela psicodelia pesada até diminuir gradativamente a velocidade e apostar em riffs arrastados, quase doom metal (subgênero inspirado nas músicas do Black Sabbath).

Essa versatilidade, digamos assim, é a marca característica de um grupo que nunca teve medo de ousar, por mais que os resultados, às vezes, tenham chocado os fãs ou mesmo os afastado – fato mais comum do que imaginamos no mundo do rock, ainda mais no rock underground mais pesado.

E a intensidade da banda nos palcos e no estúdio também se reflete fora dele, nas conversas e entrevistas concedidas pelos integrantes. Como se diz atualmente, "é papo reto e direto", sem muito tempo para firulas.

É o caso de Steve von Till, guitarrista e vocalista, que respondeu por e-mail a algumas perguntas do Combate Rock. Completam a banda Scott kelly (guitarra e vocais), Dave Edwardson (baixo, sintetizador, vocais), Noah Landis (órgão, piano, samples) e Jason Roeder (bateria).

Combate Rock:  A quantidade de definições para a música Neurosis é quase tão grande quanto os anos da atividade da banda. Para aqueles que querem conhecer e ouvir pela primeira vez, onde podemos ajustar o som de você?

Steve von Till: Eu não gostaria de menosprezar o nosso som com rótulos sem sentido que mudam ao longo do tempo. É alto, pesado, emocionalmente intenso, psicodélico, honesto e original.

Neurosis é uma banda que não está no mainstream, e nunca esteve em sua carreira de 32 anos. Como você avalia o impacto das mudanças no mercado de música no histórico da banda?

Uma vez que efetivamente mantivemos nossa própria empresa e criamos nosso próprio universo, as mudanças na indústria da música tiveram muito pouco impacto sobre nós. As coisas estão sempre em fluxo e mudança e nós apenas continuamos a seguir nossos corações.

O Neurosis lançou 11 álbuns de estúdio e três álbuns ao vivo. Ainda há sentido em 2017 para liberar material inédito no formato do álbum físico quando o modo de consumir música mudou drasticamente?

Sim, eu acredito. Eu ainda consigo música de maneiras antigas e comprar LPs em vinil e CD, bem como digital dependendo do que é. Eu apoio bandas que eu gosto e acho que os verdadeiros fãs de música sempre apoiarão o que amam.

Recentemente Grant Hart, baterista de Huskert Du, morreu. Esta banda, um dia, na década de 80, foi considerada um modelo no sentido de transitar bem no underground/hardcore e entre gravadores de tamanho médio e pequeno. Vocês, de alguma forma, pensaram em seguir um caminho semelhante?

Husker Du, Black Flag, o Minutemen e todas as bandas daquela época tiveram um enorme impacto sobre nós crescendo. Com os registros da SST, a Black Flag criou uma casa para a música externa, que é apenas fio comum, originalidade, intensidade e paixão. Eles também reservaram suas próprias turnês e criaram as redes underground onde bandas como nós puderam se beneficiar mais tarde.

Em algum momento houve um "risco de contaminação" do thrash metal da Bay Area, já que vocês são de Oakland, na Califórnia? Você consegue ver qualquer afinidade com as bandas desse estilo de rock com o som de vocês?

Esse foi realmente um momento muito emocionante. Não havia apenas um um cruzamento de metal e punk, mas também arte underground, industrial e qualquer outra coisa que não fosse "mainstream". Como um jovem adolescente, esse cruzamento inicial entre o metal e o punk foi minha porta de entrada para outras formas estranhas de música. O começo de bandas como Metallica, Slayer, Exodus, Possessed e Sacrilege foram extremamente importantes e muitas vezes eram o link para outras bandas importantes como VoiVod e Celtic Frost. Para mim, essa música se encaixa bem com a apreciação de, Discharge, G.B.H., Motorhead, etc.

Jello Biafra, do Dead Kennedys, sempre diz que rock é resistência, em todos os sentidos. A resistência pode ser um adjetivo associado à sua música?

Isso parece muito político para nós. A nossa "causa", digamos assim, é mais uma guerra espiritual por algo real e honesto neste mundo.

Como é o trabalho de um selo de música em 2017? Como a Neurot Records, de vocês, consegue se destacar em um mundo que as pessoas escutam música de maneiras diferentes?

Nós simplesmente fazemos e divulgamos a música que amamos e esperamos ajudar os "espíritos livres" atualidade  do jeito que foram ajudados quando éramos mais jovens.

Muitos artistas importantes estão lamentando o que eles chamam de decadência da guitarra elétrica neste século? Como você vê essas declarações, já que a banda tem dois guitarristas e um som muito forte, com base nas guitarras?

A música com guitarra é tudo para mim. Na história da música toda a expressão por meio de guitarra elétrica ainda é relativamente nova.

Serviço:

Neurosis em São Paulo

8 de dezembro no Carioca Club (rua Cardeal Arco Verde, 2899 – Pinheiros/SP)

Evento: https://www.facebook.com/events/430366533985478

Abertura da casa: 18 horas

 18h15: Saturndust

19h15: Deaf Kids

20h15: Neurosis

Ingressos: https://www.sympla.com.br/neurosis-em-sao-paulo—8-de-dezembro-no-clash-club__157448

1º lote antecipado promocional: R$ 100 – ESGOTADO

2º lote antecipado promocional: R$ 120 (até a véspera do show 7/12)

Camarote: R$ 180

Na hora: R$ 140 meia / R$ 280 inteira.

Pontos de venda 

Yoga Para Todos (rua Doutor Cândido Espinheira, 156 – Perdizes)

(11) 94314-7955

Volcom (rua Augusta, 2490 – apenas em dinheiro)

(11) 3082-0213

 Loja 255 na Galeria do Rock

(11) 3361-6951

 Ratus Skate Shop (rua Doná Elisa Fláquer, 286, Centro, em Santo André)

(11) 4990-5163

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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