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Álbum novo do U2 falha no Teste da Feijoada

Maurício Gaia

02/12/2017 07h00

Capa de Songs Of Experience, do U2

Desenvolvi um método interessante para avaliar álbuns, o Teste da Feijoada. Ele consiste em traçar uma feijuca honesta e logo após, me dedicar atentamente à audição do trabalho em questão. Para ajudar, eu faço isso sentado em uma cadeira desconfortável. Se o álbum for medianamente bom, eu consigo chegar até o fim acordado. Se não, antes do fim, já estarei dormindo. Pois bem, adivinhem o que aconteceu com "Songs Of Experience", o novo álbum do U2?

O sucessor de "Songs of Innocence", de 2014, traz treze faixas que, em resumo, podem ser definidas assim: se um dia, o Coldplay foi acusado de fazer uma cópia do U2, hoje podemos dizer que agora o U2 faz uma cópia mequetrefe do Coldplay.

No release do álbum, aprendemos que as letras foram compostas depois de um conselho dado pelo poeta, escritor e professor irlandês Brandan Kennely a Bono Vox: "escreva como se estivesse morto". O resultado é uma coleção de canções com letras que são seríssimas candidatas a serem distribuídas em grupos de família no Whatsapp, a título de auto-ajuda.

Foto: (Anton Corbijn)

E a coisa já se começa a se desenhar ao ver os nomes das músicas: o que dá para se esperar de canções chamadas "Love Is All We Have Left",  "Love is Bigger Than Anything in Its Way" ou "There's a Light"? Nada, quase nada, mesmo. É uma pena que, na maturidade, Bono Vox não consiga avançar em outros temas que não saiam desse rame-rame que mistura messianismo com auto-ajuda, embora isso acabe sendo extremamente adequado para essa galera que não hesita um minuto sequer em compartilhar mensagens fofinhas e vazias pelas redes sociais.

Para não dizer que o álbum é totalmente ruim, há quatro (em treze) canções que se salvam: American Soul (com participação de Kendrick Lammar), Summer of Love, Red Flag Day e The Blackout. Muito pouco para um LP. A foto da capa, também é ótima, feita por Anton Corbijn, com os filhos de Bono e The Edge, nela.

Voltando ao teste da feijoada, se o disco do U2 é ruim, a feijuca era muito boa. A soneca também foi boa. Chato mesmo foi tirar a baba escorrida de cima do teclado do computador.

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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