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Aerosmith renascia 30 anos atrás com 'Permanent Vacation"

Combate Rock

30/10/2017 06h29

Marcelo Moreira

Uma banda decadente em busca de um futuro. Isso é mais frequente do que se imagina para pelo menos 80% das bandas com mais de dez ou vinte anos de estrada que perdeu o prumo, o que decide voltar após anos de separação, seja por vontade ou necessidade de caçar níqueis.

Por isso nem mesmo os integrantes do Aerosmith acreditavam no resultado estrondoso de "Permanent Vacation", lançado em 1987 e que recuperou o prestígio da banda, preparando o terreno para o multiplatinado "Pump", lançado dois anos depois e estourou o grupo mundialmente.

"Permanent Vacation" é daqueles discos que definem uma carreira, para o bem ou para o mal. É uma mudança drástica em temos de atitude e sonoridade, um risco calculado, mas real e perigoso. E cabe perfeitamente aquela frase dita por um crítico lá nos anos 60: uma saudação àqueles que ousam.

O improvável megassucesso era o ponto culminante de uma volta meio torta. Os guitarristas Joe Perry e Brad Whitford tinham saído da banda em 1979 e 1980, respectivamente, por divergências musicais e também pelo desgoverno administrativo ocorrido pelo excesso de drogas.

Ninguém se deu bem. O Aerosmith afundou na lama e nas drogas ainda mais e os substitutos guitarristas não deram conta – Jimmy Crespo e Rick Duffay. O álbum "Rock and a Hard Place" naufragou e o quinteto se viu à beira da falência.

Joe Perry com seu Joe Perry Project não teve desempenho melhor, apesar dos três álbuns bem avaliados. Whitford se uniu ao guitarrista Derek St. Holmes, e os resultados foram pífios.

Mesmo relutantes, Perry e Whitford toparam voltar ao Aerosmith em 1984, após visitarem os camarins do Aerosmith após um show. O vocalista Steven Tyler lançou a ideia no ar, e meses depois estavam no estúdio gravando "Done With Mirrors".

Cercado por muita expectativa, o álbum lanado em 1985 decepcionou, mas deixou boa impressão em algumas músicas. A química estava ali, mas precisava de mais combustão.

E foi aí que recorreram a ajuda externa, de compositores profissionais, como Desmond Child e Jim Vallance, que já tinha colaborado com Bon Jovi e outras bandas, e acabaram se entendendo bem com Perry e Tyler.

Outra mudança radical foi a contratação do produtor Bruce Fairbarn, que transformou o som do Aerosmith. O hard rock da banda agora tinha mais exuberância e potência, e aquilo que se chamou de "excesso", na verdade, deu o tom do novo trabalho.

Os arranjos grandiosos tornaram a música de abertura, "Hearts Done Time", em um hit estrondoso, enquanto "Rag Doll" virou uma maliciosa canção com toques country, com metais e pianos em profusão.

"Dude (Looks Like a Lady)" se tornou sucesso instantâneo, com seu apelo comercial evidente, nas também pelo riff cativante e pelas guitarras bem sacadas. "Hangman Jury" foi outra música bem arranjada e com toques de rockabilly, cadenciada, mostrando que Perry e Tyler ainda eram compositores habilidosos.

Claro que havia espaço para uma balada melosa e pegajosa para as emissoras de rádio, como "Angel", mas que foi compensada por uma versão inspirada de "I'm Down", dos Beatles.

Renascimento, ressurgimento, ressurreição… escolha o termo. O Aerosmith voltou das cinzas para mostrar que era uma banda subestimada nos anos 70 e que merecia melhores resultados. "Permanent Vacation" mostrou isso, e "Pump" sepultou qualquer dúvida a respeito, dois anos depois.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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