Mao decreta o fim do Satânico Dr. Mao e a ressurreição dos Garotos Podres
Marcelo Moreira
A banda O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos não existe mais. Encarnação criada pelo cantor José Rodrigues "Mao" Júnior após a implosão dos Garotos Podres, ícone punk, em 2011, o grupo agora faz parte da história, com apenas um CD gavado e lançado.
A confirmação do "sepultamento" do Satânico Dr. Mao veio do próprio cantor, em conversa rápida e exclusiva com o Combate Rock.
No último final de semana, Mao tocou em Curitiba com sua banda e fez o segundo show com o nome Garotos Podres, fato destacado pela imprensa paranaense, mas que foi revelado pelo Combate Rock entre os grandes portais de internet.
"Em relação ao Satânico Dr. Mao, posso dizer que agora ele atua secretamente nas trevas da clandestinidade", disse o músico em meio a uma gargalhada.
Em uma circunstância de certa forma surpreendente, Mao recuperou o direito de usar o nome Garotos Podres após seis anos de briga na Justiça. Ele e o guitarrista Cacá Safioti ficaram de um lado, e de outro o baixista Michel Stamatopoulos e o baterista Leandro Ciorra, conhecidos como Sukata e Caverna no meio punk.
Sukata e Caverna, alegando que Mao saíra da banda, continuaram usando o nome Garotos Podres até que o grupo encerrasse as atividades há pouco mais de dois anos.
A separação em 2011 foi a primeira de que se tem notícia no Brasil ocorrida por questões político-ideológicas. Em entrevista ao Combate Rock em 2014, Mao reconheceu que os problemas dentro dos Garotos Podres, um dos grandes nomes do punk brasileiro e que tinha 27 anos de trajetória em 2011, eram vários. No entanto, a questão política deu o tom da briga.
"Não era novidade que o resto da banda não engolia minhas letras e o direcionamento político mais à esquerda que eu imprimi ao grupo. Só que foi isso que nos fez conhecidos e respeitados, nossos 'maiores sucessos', digamos assim, são conhecidos e cantados até hoje, e são músicas de cunho esquerdista e de protesto, e as tocamos por 27 anos, o que significa que o resto da banda as tocou por esse tempo se que houve um incômodo incontornável", afirmou à época o vocalista, que é professor universitário de história e militante de esquerda e dos direitos humanos.
Mao diz ter ficando perplexo com o que viu nas redes sociais após a separação. "Li mensagens dos outros músicos elogiando a Polícia Militar e fazendo apologia de teses e discursos identificados com a direita. É direito deles, óbvio, mas isso claramente provoca uma erosão enorme da imagem dos Garotos Podres, identificados com o protesto e com ideias humanistas."
Para quem acredita que agora, finalmente, os Garotos Podres voltaram para as mãos de onde jamais deveriam ter saído, Mao garante que novos caminhos se abrem, com inúmeras possibilidades. "O importante é que, sob o ponto de vista jurídico, não existe nenhum impedimento legal para que eu utilize o nome Garotos Podres."
Não dá para falar em usurpação do nome por conta da utilização que outros ex-integrantes do nome Garotos Podres após a separação, em 2011. No entanto, nos poucos shows em que fizeram, deixaram a impressão de que faltava muita coisa no palco – além do vocalista icônico, faltava a atitude, a vontade de dar certo, o comprometimento e, de certa forma, a legitimidade. Parece que não conseguiam disfarçar a artificialidade.
Com Mao de volta ao comando, ainda que seja o único integrante das formações original e clássica, os Garotos Podres têm a chance de recuperar a aura de legitimidade e espantar a perda de credibilidade que os acometeu após a separação.
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.