Músicos apoiam a importante manifestação de atletas negros nos EUA
Marcelo Moreira
E eis que o presidente norte-americano Donald Trump conseguiu expandir e incendiar um assunto que, aparentemente, estava restrito aos jogadores negros de futebol americano.
Em um movimento inédito, jogadores da NFL (National Football League, o milionário campeonato norte-americano de futebol americano, o da bola oval) começaram a protestar no ano passado contra o racismo e a violência policial contra a população negra. Os protestos cresceram neste ano e atingiram praticamente toda a liga.
A manifestação está incomodando profundamente a América, que não se conforma que jogadores, brancos e negros, se ajoelhem ou simplesmente nem apareçam para a execução do hino nacional antes das partidas.
A coisa piorou bastante quando Trump, em mensagem no Twitter, reclamou da atitude "antipatriótica" dos atletas negros, e os xingou. "Essa atitude desses filhos da p… é um absurdo e todos que desrespeitarem o hino e a bandeira devem ser demitidos."
A baixaria do presidente norte-americano, claramente incapaz e indigno de ocupar o cargo, produziu um movimento inédito e uniu jogadores brancos e negros contra Trump, aumentando a adesão aos protestos, que agora incluem até mesmo os donos dos times, geralmente gente milionária alheia a esse tipo de coisa ou que tem pavor de manifestações do tipo.
Os jogadores, em vez de ficar de pé na hora do hino, para reverenciá-lo, simplesmente se ajoelham, ou então evitam ir à campo enquanto a música toca. Ficam nos vestiários como forma de boicote à autoritária e estapafúrdia gritaria do presidente.
Como era de se esperar, o movimento expandiu depois da bobagem de Trump e bateu quentinho no mundo das artes, em especial no mundo da música e do rock.
No último final de semana, que foi o auge dos protestos dos jogadores, músicos importantes como Stevie Wonder, John Legend e Pharrell Williams, negros, apoiaram os protestos durante seus shows.
"Esta noite, eu me ajoelho pela América", disse Stevie Wonder, ficando de joelhos no palco, de acordo com a agência de notícias Reuters.
A tendência é que os protestos se espalhem pelo rock nos Estados Unidos, em especial entre os músicos que militaram contra Trump na eleição norte-americana.
O movimento dos atletas e dos músicos não só é legítimo como necessário, e isso ficou evidente pela comoção e pela polêmica que causou. O objetivo foi plenamente atingido.
A violência policial, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, é um flagelo que envergonha a humanidade e atinge principalmente as populações negra e pobres de todas as cores e etnias.
Sempre ignorada e relegada a planos inferiores, finalmente o assunto ganhou a relevância necessária graças a uma pataquada de um presidente incapaz e incompetente, que reluta em criticar neonazistas e supremacistas brancos e não perder a oportunidade de manifestar sua ojeriza contra negros, hispânicos, muçulmanos e outros povos.
É utópico que tais manifestações ocorram um dia no Brasil, um país mais pobre, maios desigual e mais violento do que os Estados Unidos.
Gente como Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas Roque Clube, Marcelo Yuka, Mano Brown, Emicida e mais um poucos são exceções em um meio artístico em que as opiniões políticas ou são vistas como elitistas, como no caso dos cânones da MPB (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque), ou como manifestações abiloladas de direita cuja característica principal é a completa desinformação (Roger Rocha Moreira, do Ultraje) ou ressentimento (Lobão).
O protesto dos atletas negros norte-americanos, com o apoio dos músicos consagrados, é um dos fatos político-sociais mais importantes de 2016.
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