The Who agiganta o SP Trip e a edição 2017 do Rock in Rio
Marcelo Moreira
As críticas são as de sempre: cada vez menos rock e cada vez mais entretenimento de gosto duvidoso e uma sanha incrível para abocanhar mais e mais grana.
As pancadas ao Rock in Rio não são infundadas, embora com os exageros de sempre. Ivete Sangalo?????? E de novo?????? E o que dizer da péssima Lady Gaga, que desistiu na última hora por problemas de saúde?
Partindo do pressuposto de que será assim para sempre e que o próprio dono do show, o empresário Roberto Medina, novamente está choramingando porque não trouxe este ano os onipresentes Metallica e Iron Maiden, podemos sim dizer que a edução brasileira de 2017 será histórica e memorável.
E a razão disso chama-se The Who. Às vésperas da aposentadoria definitiva, a cinquentenária banda britânica finalmente aceitou deixar o circuito Europa-América do Norte e fazer a alegria dos fãs que foram frustrados em 2007 – o Who chegou a anunciar datas no Brasil e na Argentina.
Último dos gigantes do rock a pisar por aqui, o grupo reduzido a Pete Townshend e Roger Daltrey encerra um capítulo histórico de grandes novidades roqueiras iniciado praticamente em 1974 com o show de Alice Cooper em São Paulo.
Na rápida e insípida entrevista que Daltrey deu ao Fantástico, da TV Globo, semanas atrás, o vocalista contou causos dos 54 anos de carreira, coisas que todos já sabiam, e fez a deferência que todos fazem ao lugar aonde vão tocar: "Não faço ideia do porquê de nunca termos tocado no Brasil, demoramos demais. Isso nos obriga a fazer algo memorável."
A simples questão de subir ao palco no Brasil já será memorável, e também é bem sabido o porquê de nunca terem vindo: a profunda falta de interesse da dupla de músicos e, principalmente, de seu empresário, Bill Curbishley.
Seja como for, a presença tão nobre do Who já é suficiente para inscrever a edição de 2017 como um dos grandes eventos no Brasil em todos os tempo. E é bom lembrar que, graças ao Who e ao Rock in Rio deste anos, teremos um São Paulo Trip, uma espécie de versão paulista do evento carioca.
O que espanta é que somente agora, após 32 anos da criação do festival, descobriu-se que foi uma boa ideia criar uma versão reduzida para São Paulo com as mesmas atrações do Rock in Rio – uma boa ideia lucrativa e necessária, diga-se de passagem.
O esquema de parque de diversões em que se transformou o Rock in Rio está avançando, onde a música fica cada vez menos importante, pois o entorno cresce e muito, e nem sempre com atrações que se justifiquem em um festival com um nome tão poderoso.
Seja como for, parece que o Who conseguiu fazer com que a música permanecesse no centro das atenções, talvez pela última vez. Devemos lamentar, até certo ponto, que as coisas caminhem dessa forma, mas parecia inevitável que isso ocorresse, como desenhado lá em 2011, na quarta edição.
O rock como o conhecemos a partir dos anos 70 está mudando rápido demais, seja por conta das deformações do mercado, seja pelo simples envelhecimento dos grandes nomes de sempre. Em alguns anos só vão sobrar Metallica, Iron Maiden e Guns N'Roses, talvez o U2. E não por muito tempo.
O evento de 20-17, então, já é uma prévia de como serão os festivais de grande porte da próxima década – um ensaio para se preparar para a ausência dos gigantes que ainda resistem.
Será que o Rock in Rio virará uma grande rave com artistas anônimos e anódinos, que apenas fornecerão trilha sonora ruim e pouco agradáveis para que brinquemos com videogames de última geração e com atrações do tipo Disneylândia?
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.