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Patrulha do Espaço anuncia o seu fim, e Pastore reavalia a carreira

Combate Rock

14/09/2017 07h09

Marcelo Moreira

Patrulha do Espaço (FOTO DIVULGAÇÃO)

Esticamos até onde deu. Esta frase resume, até certo ponto, as razões que levaram dois artistas brasileiros de rock a anunciar a aposentadoria dos palcos e dos estúdios.

Rolando Castello Júnior, um dos mais importantes bateristas brasileiros de todos os tempos, carregava havia muito a ótima banda Patrulha do Espaço, criada lá nos anos 70 para fazer rock de qualidade, ora caindo para o hard, ora caindo para o progressivo – sem falar que teve Arnaldo Baptista, dos Mutantes, como um dos fundadores.

Em sua página no Facebook, Castello informou nesta terça-feira (12 de setembro) que, no ano em que a banda completa 40 anos de fundação, encerrará as atividades. Cumprirá seu último compromisso em 17 de setembro.

"Desfiar o rosário de razões para essa decisão seria longo e chato, um dia o farei, mas as razões básicas, são o cansaço e a extrema dificuldade em se fazer algo digno num Brasil onde as dificuldades são cada vez maiores que as facilidades.
Reproduzo aqui algo que li em algum lugar por estes dias, que realmente foi a gota d'água para tomar essa decisão, pois concordo 110% com o que li, que foi o seguinte: 'Se não fosse pelo imoral monopólio dos meios de comunicação a Patrulha do Espaço lotaria estádio de futebol com 50 mil pessoas!"', diz o baterista.

O calejado músico, com mais de 50 anos de carreira, sucumbiu a uma realidade que insiste em estapear artistas, produtores e empresários do setor: arte e cultura perdem valor a cada dia, desvalorizados pela crise e por uma crescente falta de interesse de um público acomodado e pouco  disposto a apoiar a cena undeground- como sempre, há algumas exceções, mas que são tão pontos fora da curva que fica arriscado desfiar qualquer teoria.

É evidente que a forma de se ouvir e consumir música mudou e que muitos artistas ainda penam para se adaptar a um mercado em que o produto ficou grátis e onde o rock virou coisa de nicho, com menos lugares para tocar e com a disseminação cada vez mais rápida da praga chamada "bandas cover".

Castello, no entanto, só se equivoca quando valoriza demais a tal frase de que sua banda "lotaria estádios" se não fosse um "monopólio dos meios de comunicação" (???????). Na atualidade, nem mesmo artistas outrora campeões de venda como Paralamas do Sucesso e Skank conseguem tal feito, por que a Patrulha conseguiria.

O fato é que Castello e sua banda, dentro do classic rock brasileiro, detêm invejável prestígio e um respeito imenso, que infelizmente não se traduziu, nos últimos anos, em ´público consistente e frequente em seus shows.

Assim como outras bandas do segmento, vinha tendo cada vez mais dificuldade para arrumar shows decentes e dignos de sua arte – e isso tudo tem um custo muito alto. Portanto, o fim da Patrulha do Espaço é perfeitamente compreensível, embora lamentável.

Mario Pastore (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Já o cantor paulista Mario Pastore também usou o Facebook para, surpreendentemente, revelar que seu próximo CD, o terceiro da banda Pastore, poderá ser o seu último trabalho.

Caso ele confirme o que por enquanto é apenas uma insinuação – a postagem na rede social foi apagada -, irá se retirar do palco e dos estúdios precocemente, aos 49 anos de idade, o que significa que interromperá a colaboração com as bandas Powerfull e Heaviest, onde era o vocalista.

Sem muitos detalhes, Pastore dá a entender que continuará com as atividades ligadas à música – provavelmente dando aulas de canto, coisa que já faz há muito tempo.

Não é de hoje que o cantor de São Caetano do Sul (ABC paulista) critica de forma severa o mercado atual e a postura de muita gente dentro do nicho do rock pesado brasileiro.

As dificuldades são imensas para o metal nacional, isso é fato, e a coisa fica um pouco mais complicada com o aparente desgaste do público local, que têm demonstrado pouca disposição para prestigiar a maioria das bandas nacionais, em que peses o valor baixo dos ingressos.

Tomara que Mario Pastore não confirme a sua decisão, pois sua carreira sempre foi um exemplo de persistência e qualidade.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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