Chafurdando na irrelevância: a raiva estéril e vazia de Roger Moreira
Marcelo Moreira
O cantor Lobão cometeu um grande desatino ao xingar a presidente Dilma Rousseff no palco, no meio de um show – uma grosseria gigantesca e desnecessária.
O guitarrista Roger Rocha Moreira, do Ultraje a Rigor, zombou do escritor Marcelo Rubens Paiva, ao dizer quer o pai deste, o ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado pelos militares em 1971, morreu porque "fez merda".
Alguns outros músicos brasileiros fizeram bobagens tão absurdas como essas, mas nenhuma supera a porcaria que o mesmo Roger, do Ultraje a Rigor, cometeu nesta quarta-feira, pelo Twitter, contra uma das artistas que expôs quadros na mostra cancelada pelo Santander em Porto Alegre por conta da pressão de grupos fascistas e de direita.
Adriana Varejão deu várias entrevistas criticando o fim da mostra "Queermuseu" e foi contundente em seu protesto. Eis que o celerado e destemperado líder do Ultraje pegou uma foto da artista e resolveu usar o photoshop para desenhar um pênis e escrever a palavra "puta".
É difícil encontrar adjetivos para descrever a idiotice e a nojeira cometida pelo músico contra a artista plástica. Um amigo qualificou-o como uma pessoa infantil.
É ser muito condescentente com um cidadão que não se dá ao respeito e que adora atacar de forma agressiva e sem o menor conteúdo quem não lhe agrada.
Decadente, reacionário e ridicularizado dentro do mundo artístico, o guitarrista agride o bom senso e adora brigar com a realidade – e, invariavelmente sendo nocauteado.
Artista reconhecidamente talentoso e bom compositor nos anos 80, perdeu relevância na década seguinte e nunca mais se deu ao trabalho de buscar a qualidade.
Tornou-se um cover de si mesmo, a ponto de alguns músicos que passaram pela banda reclamarem de que há mais de 20 anos o Ultraje só toca perto de São Paulo, já que Roger não gosta de viajar.
Diante da perda de relevância, prefere tentar se destacar por seu comportamento lamentável de desrespeito e falta de educação contra todos os que lhe desagradam, jogando no lixo o pouco de prestígio que poderia ter-lhe restado.
Se essa postura é inexplicável, as consequências são bem visíveis: desprezo da classe artística e um público minguado e pouco interessado em seu trabalho, hoje restrito a ser uma atração secundária de um talk show de baixa qualidade.
Aos 60 anos de idade, aparentemente satisfeito com os rumos de sua carreira, Roger Rocha Moreira passou da fase de ter de explicar e de ter de explicar suas posições políticas. Pode dizer o que quiser e pode opinar sobre o quiser, por mais que suas ideias sejam das mais estapafúrdias.
Seus ataques grosseiros e desprovidos de inteligência, no entanto, só reforçam a profundidade do buraco da irrelevância em que ele jogou a sua reputação – e a da sua banda.
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