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Folk em São Paulo transforma cidade em 'colônia irlandesa e americana'

Combate Rock

05/09/2017 06h41

 

Folk na Kombi (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Folk na Kombi (FOTO: DIVULGAÇÃO)

E o folk rock/folk metal tem outras coisas bem interessantes no Brasil, por mais improvável que o ritmo tenha adeptons no Brasil. Os malucos que desembarcam da van do nada, no meio da rua, formam o combo Folk na Kombi – é de uma Kombi meio detonada que saltam os músicos.

O trabalho que fazem também é surpreendente porque a pegada é bem outra, a começar pelo fato de todas as músicas serem em português.

Há elementos de música celta e de bluegrass, bem como de folk americano e um pouco de country, mas a banda tenta mesmo firmar uma espécie de folk brasileiro, acrescentando pitadas de música sertaneja de raiz e MPB. O resultado é bom.

O projeto dos paulistanos é bem recente, mas já rendeu um DVD muito legal. "Folk na Kombi" foi lançado em fevereiro deste ano e reúne todas as influências do sexteto, com destaque para os incrementados e criativos arranjos de violão e gaitas.

O Folk na Kombi começou com Bezão (voz e violão), Jonavo (voz e bandolim) e Felipe Camara (voz e banjo), que saíam pelas ruas de São Paulo em uma Kombi vermelha.

O projeto tão inusitado atraiu a atenção de muita gente e logo o trio foi agreando mais gente para encorpar o som e está dando certo. O DVD foi gravado em setembro de 2014, com direção de Maria Silvia Siqueira Campos e fotografia de Junior Malta.

Os principais destaques são as músicas "Cafundó", "Calcanhares", "Tomate" e "Dançar Eu Vou", todas próprias. O trio principal tem recebido a ajuda de gente de alto calibre, como Thiago Monteiro (piano e produção), o conceituado guitarrista Alexandre Fontanetti, o baterista Diego Jean Vicente e um dos mestre da gaita blues no Brasil, Ivan Marcio.

O Bard e o Banjo (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Bardo e o Banjo (FOTO: DIVULGAÇÃO)

E também vem de São Paulo outro bom representante do gênero. A banda O Bardo e o Banjo, de certa forma, situa-se entre os dois grupos citados anteriormente, com uma tendência maior para a música irlandesa, o bluegrass e o blues.

Formada em 2012, já tem um CD lançado, "Homepath", de boa qualidade e de arranjos apurados, embora sem grandes novidades. Tocam no grupo Wagner Creoruska (banjo, percussão, vocais), Markus Zambelo (mandolin, vocais, sapateado), Antonio de Souza (fiddle) e Maurício Pilcsuk (baixo, vocais).

Um dos destaques dos shows da banda são as versões bluegrass para clássicos do rock, lembrando bastante o som de artistas com Charlie Daniels Band e Hayseed Dixie, influências assumidas dos integrantes.

O início do grupo guarda muitas semelhanças com o Folk Na Kombi, com os músicos se aventurando a tocar nas ruas de São Paulo meio que do nada, como os bardos na Europa medieval.

A maioria dos temas são próprios, mesclados com temas tradicionais norte-americanos e irlandeses,  sendo Creoruska, o principal compositor, mostra talento e inspiração para criar temas, em inglês, em um gênero distante do cotidiano do ouvinte brasileiro.

"Homepath" também é um trabalho bastante interessante, especialmente na recriação de um ambiente folk impecável. Os melhores exemplos do som da banda são as faixas "Music Is My Business", "You Need Some Hope" e "Go Away", com levadas que remetem aos melhores artistas do gênero. "Homepath", "Losing My Mind" e "Lakeside"  também são muito boas, com bastante ênfase em instrumentos de cordas e arranjos bem feitos.

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Terra Celta (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Terra Celta também fica em um meio termo. A música celta de inspiração irlandesa predomina, mas as letras são em português, com ótimas sacadas.

Formada em Londrina, no Paraná, em 2005, tem três paranaenses e três paulistas como integrantes, misturando uma infinidade de influências, em especial a música regional do interior de São Paulo.

O primeiro álbum da banda, "No Sintoma", tem somente regravações de músicas típicas instrumentais ou em língua inglesa. Já o segundo, "Folkatrua", é de 2011 e traz composições próprias e em português.

Com bom humor, o grupo se diverte tocando bos músicas como "Até o Último Gole", "Surdos Nós Vamos Ficar" e "Malditos Gnomos", que fizeram bastante sucesso no ano passado na apresentação da banda no Rock in Rio Lisboa.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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