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Virada Cultural: blues domina e encanta com belos shows no Sesc Consolação

Combate Rock

23/05/2017 12h11

Marcelo Moreira

Ricardo Vignini (esq.), Sérgio Duarte (centro) e Zé Helder, o Moda de Blues (FOTO: MARCELO MOREIRA)

A Virada Cultural destroçada pela atual administração municipal foi um fiasco, mas funcionou dentro das unidades do Sesc na capital que abriram suas portas entre às 18h e 24h, com público bem acima da média.

Pela primeira vez o blues teve um local só seu para exibir algumas atrações de tendências variadas dentro do gênero musical.

A organização do Sesc Consolação foi muito feliz ao escolher como tema "Do Tietê ao Mississippi", promovendo inusitados encontros entre blueseiros, violeiros caipiras e músicos brasileiros de folk. O resultado foi ótimo.

Se os dois palcos montados não chegaram a ficar lotados, a presença do público foi considerada muito boa, com um pico registrado no Ginásio Vermelho, que recebeu Renato Teixeira, Blues Etílicos e Igor Prado Band.

No Ginásio Verde, a grande atração foi a dupla Moda de Rock, que ganhou fama ao adaptar clássicos do rock e do heavy metal para a viola caipira, de dez cordas.

Ricardo Vignini e Zé Hélder, por sua vez, fizera, adaptações ao seu repertório para o espetáculo que chamaram de "Moda de Blues".

Os dois músicos receberam convidados, como o violeiro Paulo Freire e o gaitista Sérgio Duarte e o resultado foi extraordinário.

Parte do público era fiel aos dois, mas a maioria demonstrou surpresa ao ver a habilidade e a destreza dos músicos, que agradaram com canções bacanas como "Homem Pra Casar" e uma versão sublime e blues de "Thank You", do Led Zeppelin.

Paulo Freire (esq.) e Duca Bellintani (FOTO: MARCELO MOREIRA)

Em seguida, Paulo Teixeira voltou ao palco para se apresentar ao lado do guitarrista Duca Bellintani, um dos ótimos blueseiros do país.

Com muita versatilidade, desfilaram canções caipiras adaptadas e muito feeling, com direito a uma grande homenagem a Kid Vinil, o músico e radialista que morreu na última sexta-feira.

O blues cedeu um pouquinho à soul music e ao rhythm & blues de Big Chico e sua banda, que fizeram um espetáculo sublime, infelizmente para poucas pessoas, já que no mesmo horário, no Ginásio Vermelho, o Blues Etílicos começava a sua apresentação.

Big Chico é um artista diferenciado, já que canta muito bem e é um exímio gaitista, mostrando versatilidade espantosa, indo do blues tradicional à soul music com uma facilidade irritante. ele aproveitou para divulgar seu mais recente trabalho, "I Feel the Blues".

No Ginásio Vermelho, o folk e a música caipira abriram os trabalhos com o competente Renato Teixeira, que deu uma aula de música, cultura e história, mostrando a força da música de raiz.

Big Chico e sua banda (FOTO: MARCELO MOREIRA)

Após um intervalo demorado, o Blues Etílicos dominou o palco e fez uma ótima apresentação, desfilando uma série de clássicos de sua longa discografia.

Os destaques ficaram para músicas do mais recente CD, "Puro Malte", como a faixa-título e a versão enérgica e suingada de "Espelho Cristalino", de Alceu Valença.

A banda recebeu um convidado, o violonista paulista Noel Andrade, que fez uma inusitada junção de música cabocla com um blues nacional que muito se aproximou da MPB.

Ainda com um bom público, a Igor Prado Band incendiou a plateia com seu blues tradicional mesclado com rhythm and blues e soul, tudo temperado com as brilhantes vozes dos norte-americanos Anikka Chambers e JJ Jackson (este morador de São paulo há mais de 30 anos).

Se alguém tinha dúvidas de os motivos de a banda estar fazendo sucesso nos Estados Unidos, o canhoto guitarrista e sua banda demoliram as suspeitas. Fizeram um baita show e mostraram qualidade estupenda, em um final perfeito para a "meia" Virada Cultural do Sesc Consolação.

Em um evento de seis horas e só com atrações de muita qualidade, ficou claro que, para a sorte do paulistano, o Sesc salvou a Virada Cultural Paulistana.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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