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Chris Cornell, morto aos 52 anos, foi a grande voz do grunge

Combate Rock

18/05/2017 11h31

Marcelo Moreira

Chris Cornell com o Soundgarden no Brasil (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O grunge foi um movimento dentro d rock totalmente superestimado, produzindo coisas ruins, como Nirvana, e algumas coisas bem razoáveis, como Pearl Jam e Soundgarden (que seria a melhor banda de Seattle se não tivesse acabado no começo dos anos 2000). Já o Alice in Chains só se tornou uma banda audível depois de sua volta, dez anos atrás.

Neste contexto, o cantor e violonista Chris Cornell se destacava entre todos os outros músicos por ser o melhor vocalista daquele movimento e daquela geração.

Sua morte aos 52 anos, anunciada na manhã desta quinta-feira (18), deixa o que sobrou do grunge ainda mais vazio. Ao juntar-se a Layne Staley (Alice in Chains), Mike Starr (Alice in Chains) e Kurt Cobain (Nirvana), praticamente encerra, de vez, a existência de Soundgarden em sua segunda tentativa e acaba com o sonho de uma reunião do Audioslave.

Um breve e sucinto comunicado de seus agentes empresariais informam que Cornell teve uma morte súbita em Detroit e que investigações serão feitas para determinar a causa da morte. Por outro lado, boatos na própria polícia de Detroit dão conta de que o músico se suicidou.

Versátil e com voz poderosa, dividiu os holofotes de "cara" do grunge com Eddie Vedder (cantor do Pearl Jam) depois que Cobain morreu, em 1994.

Se o Pearl Jam representava o lado mais pop e acessível do grunge, o Soundgarden era o peso e uma certa melancolia bruta, com guitarras afiadas e de timbres densos, quase doom.

O contraste entre o som pesado e grave e a voz potente e aguda de Cornell faziam do Soundgarden uma bada quase heavy metal para os padrões da galera de camisa flanelada. Alguns críticos dizem que isso limitou o alcance do grupo dentro do próprio movimento, que tomou os amigos do Pearl Jam como o símbolo maior do subgênero.

Cornell era excelente músico e bastante requisitado, embora não fosse fácil trabalhar ao seu lado. Tinha opiniões fortes e quase definitivas e não hesitou em praticamente impô-las ao Soundgarden, fato que ajudou a desintegrar o grupo no começo dos anos 2000.

Quando se juntou ao Audioslave, formado por três quartos do Rage Against the Machine, deu entrevistas dizendo que estava em casa, com um som pesado, mas variado.

Artista social e politicamente engajado, parecia que tinha encontrado em Tom Morello, o guitarrista, um parceiro para as mais diversas empreitadas, como o famoso concerto em Havana, capital de Cuba, em 2005 – foi a primeira banda de rock de primeiro escalão a fazer um concerto por lá.

Só que o genioso Cornell não aceitava perder uma discussão e logo as desavenças apareceram no Audioslave. O resultado é o então ex-vocal do Soundgarden resolveu virar um bardo, só com voz e violão, e o Audioslave voltou a ser Rage Against the Machine, com a volta do cantor Zack de la Rocha.

Arriscada, a empreitada de Chris Cornell como cantor acústico deu certo, rendendo alguns CDs elogiados e apresentações concorridas pelo mundo – no Brasil foram duas as mais comentadas, em festivais de rock alternativo e de blues.

Sua morte ocorre quando estava no auge artístico, a caminho de recuperar parte do prestígio enorme que teve nos anos 90. Artisticamente, era provavelmente o músico mais respeitado do falido e falecido grunge.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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