A história da Dorsal Atlântica, agora em quadrinhos

Marcelo Moreira

Em sua autobiografia, o guitarrista Paul Stanley, do Kiss, diz que, em algum momento de sua longa carreira, teve de ouvir críticas pesadas por conta do "mercantilismo" que teria atingido o grupo, que licenciou sua marca para vender lancheiras, caixões, chaveiros, copos, boneco e até mesmo gibis com histórias em quadrinhos.

Será que a Dorsal Atlântica será alvo de críticas como o Kiss? Tomara que sim, já serão um combustível a mais para ajudar a banda carioca a vender mais e mais revistas.

O grupo está lançando uma revista com a sua história, que teve roteiro e desenhos do vocalista, guitarrista e líder, o multitarefas Carlos Lopes. Um pré-lançamento ocorreu no começo de maio na Semana Internacional de Quadrinhos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além de músico e de professor de música para crianças, Lopes é um talentoso desenhista – durante algum tempo tentou seguir a carreira, mas optou pelo rock em tempo integral.

"Sempre adorei desenhar e quase segui a profissão na imprensa. Depois de muito tempo voltei a desenhar e o projeto de contar a história da Dorsal em quadrinhos tomou forma muito rapidamente", disse o músico ao programa de web rádio Combate Rock.

O lançamento da biografia de uma banda de metal é um feito inédito por aqui, e ainda por cima envolvendo a Dorsal Atlântica, banda criativa e pioneira em vários aspectos, tanto musicais como de marketing.

"Assim como o cinema, as HQs proporcionam uma leitura artística e lúdica, diferentemente da interpretação literal dos fatos. O conceito do projeto não é reproduzir a biografia Guerrilha! em quadrinhos, mas acrescentar-lhe imagens, ideias, reflexões e principalmente uma visão diferenciada à saga", diz Lopes.

A "História em Quadrinhos da Dorsal Atlântica" tem 140 páginas . Da infância dos irmãos Lopes – que inclui o encontro com Raul Seixas que morava no mesmo prédio no Rio de Janeiro nos anos 70 -, aos primórdios da banda fundada em conturbado ambiente político, bastidores de shows, gravação dos discos, reflexões, crises, criação, amadurecimento.

O trabalho que emprega o simbólico para aprofundar questões. Arte gráfica em preto e branco necessária à imersão do leitor. Inclui também um texto explicativo sobre o processo de criação, charges e roteiros desenhados por outros artistas. Em breve serão anunciados os locais de venda do livro.