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'Among the Living’, o grande álbum clássico do Anthrax, completa 30 anos

Combate Rock

23/04/2017 06h48

Flavio Leonel – do site Roque Reverso

O dia 22 de março de 2017 marca o aniversário de 30 anos do álbum "Among the Living". Lançado num período efervescente do thrash metal, o disco representa o grande trabalho de estúdio do Anthrax e capaz de colocar a banda norte-americana definitivamente entre as maiores do estilo, ao lado de Metallica, Slayer e Megadeth, formando assim o hoje denominado Big Four.

Faltava ao Anthrax um álbum que marcasse pra sempre a carreira da banda e o thrash metal. Metallica e Slayer já haviam dado de presente para a história da música nada menos que o "Master of Puppets" e o "Reign in Blood", respectivamente, considerados pela maioria dos fãs do estilo os dois grandes discos do thrash. O Megadeth, por sua vez, daria, em 1990, sua contribuição definitiva com o "Rust in Peace".

O Anthrax já havia lançado dois bons discos. Contudo, tanto o álbum de estreia "Fistful of Metal", de 1984, como o "Spreading the Disease", de 1985, ainda não poderiam ser considerados trabalhos completos, daqueles que o fã escute da primeira a última faixa com dificuldade de saber qual  é a melhor.

Para felicidade dos fãs do bom thrash metal, os músicos do Anthrax estavam a ponto de bala, tanto em energia quanto em criatividade. Joey Belladonna (vocal), Scott Ian (guitarra e vocais de apoio), Dan Spitz (guitarra solo), Frank Bello (baixo e vocais de apoio) e Charlie Benante (bateria) condensaram esses detalhes fundamentais e entregaram no fim algo que entrou para a história.

A faixa-título inicia o disco já começa como um turbilhão típico do thrash metal. Riffs iniciando numa levada que convida ao bate-cabeça para depois descambar para um speed metal capaz de fazer com que o mais frio dos fãs tenha vontade de abrir um roda de mosh onde estiver.

Falando em mosh, o Anthrax incorporou a palavra no próprio título da segunda faixa do disco. "Caught in a Mosh" mantém a rapidez da segunda parte da música anterior para se transformar num dos clássicos do thrash e item praticamente obrigatório nos shows do grupo.

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Além da energia e da criatividade, os músicos do Anthrax trazem no álbum algo fundamental para quem toca com a rapidez do thrash metal: o entrosamento. A guitarra base de Scott Ian é uma das melhores do estilo e, talvez, encontre apenas na de James Hetfield, do Metallica, algo capaz de peitá-la. Dan Spitz, na guitarra solo, também mostra grande competência e é importante na construção do "Among the Living".

A terceira do disco é "I Am the Law". Baseada no personagem de histórias em quadrinho, Judge Dredd, ela vem mais cadenciada, com um destaque maior para o vocal de qualidade de Joey Belladonna. Praticamente no auge da carreira, ele consegue mesclar trechos um pouco mais graves para seu estilo com trechos agudos de causar inveja a muito vocalista de heavy metal tradicional.

"Efilnikufesin (N.F.L.)" vem na sequência e faz o Anthrax voltar com uma velocidade de guitarras impressionante. Entre as preferidas dos fãs da banda para as rodas de mosh em shows, a faixa traz alguns detalhes, a começar por ser baseada na vida do ator, comediante e músico John Belushi, que morreu em 1982. A palavra "Efilnikufesin" nada mais é do que uma adaptação de "Nice Fuckin Life" de trás para frente.

"A Skeleton in the Closet" fecha o então Lado A. Pode não ser tão badalada como as anteriores, mas é uma aula de thrash metal. Além das guitarras de Scott Ian e de Dan Spitz, merece destaque o poder do baixo de Frank Bello. E olha que ouvir o baixo em várias músicas de thrash nem sempre é uma tarefa das mais fáceis.

O então Lado B começava simplesmente com "Indians", um dos maiores clássicos do heavy metal. Obra-prima do Anthrax e presença obrigatória em qualquer show da banda, ela traz o grupo de uma maneira completa. Há melodia, rapidez, cadência, letra interessante e os músicos entrosadíssimos.

Se você já foi a uma apresentação do Anthrax, sabe que "Indians" é para a banda o que, por exemplo, "Seek & Destroy" representa para o Metallica; "Raining Blood" representa para o Slayer e "Holy Wars… The Punishment Due", para o Megadeth. É a canção que marca o ponto máximo dos shows, com rodas de mosh espalhadas por todos os cantos.

As três faixas seguintes podem não ter o mesmo brilhantismo das anteriores, mas não comprometem, de maneira alguma o disco. "One World", "A.D.I./Horror of It All" e "Imitation of Life" apenas não são clássicos incontestáveis, pois mantém o thrash no seu estado mais admirável. "A.D.I./Horror of It All" traz, por sinal, uma cadência de primeira, sem perder o peso.

Vale lembrar que a maioria das faixas do disco trazem contribuição nas letras e construção do baixista Dan Lilker, que tocou no Anthrax no primeiro disco e que depois montou grupos importantes para o rock pesado, como os ótimos Nuclear Assault, Brutal Truth e S.O.D., este último um clássico projeto paralelo que o músico montou com Scott Ian e Charlie Benante, do Anthrax, e com o vocalista Billy Milano, do M.O.D.

"Among the Living" foi dedicado ao baixista Cliff Burton, do Metallica. Ele faleceu em setembro de 1986 e mereceu a homenagem dos músicos do Anthrax, eternos amigos do Metallica e que sempre deram força ao grupo de James Hetfield e Lars Ulrich no começo de carreira.

O disco do Anthrax está definitivamente na história do thrash metal, mas é daqueles que não fica restrito ao estilo. Faz parte da seleta lista do livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer", de Robert Dimery. Quem gosta de música de qualidade, realmente não pode deixar de escutá-lo pelo menos uma vez na vida.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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