Os 40 anos de ‘The Idiot’, o seminal álbum de estreia da carreira solo de Iggy Pop
Ricardo Gozzi – do site Roque Reverso
"The Idiot", o seminal álbum de estreia da carreira solo de Iggy Pop, completa neste dia 18 de março de 2017 seu quadragésimo aniversário de lançamento. Se você viveu ou ouviu falar de música pop nos Anos 80, dificilmente ela teria acontecido da maneira como aconteceu sem este disco.
Produzido por David Bowie às vésperas do início de sua "Trilogia de Berlim", "The Idiot" traça as linhas gerais que seriam exploradas nos anos seguintes por artistas e bandas que seguiram pelos trilhos do pós-punk, do gótico e até do rock industrial.
Iggy Pop tinha acabado de sair do Stooges e deixou-se conduzir por Bowie.
As guitarras pesadas foram substituídas por timbres até então pouco explorados por artistas de rock, resultando num álbum até introspectivo, mas com lampejos dançantes e recheado de experiências sonoras corajosas que apenas uma parceria entre Iggy Pop e David Bowie seria capaz de proporcionar naquele momento específico.
Gravado em estúdios na França e na Alemanha, "The Idiot" abre com maestria a série de referências literárias que Iggy Pop vincularia a sua música ao longo da carreira. O título refere-se a "O Idiota", obra-prima do russo Fiódor Dostoiévski.
O disco abre com "Sister Midnight", permeada por um riff simples e grudento que serve de cama para viagens sonoras que abalariam as convicções dos roqueiros mais puritanos da época. O Lado A vai crescendo até desembocar em "China Girl", que anos mais tarde acabaria imortalizada na voz de David Bowie e com as guitarras de Stevie Ray Vaughan.
Já o Lado B traz duas canções inusualmente longas para o que se conhecia de Iggy Pop até então – "Dum Dum Boys" e "Mass Production" -, mas essenciais para fazer a cabeça de integrantes de bandas como Joy Division, The Cure, Sisters of Mercy, Depeche Mode, R.E.M., Bauhaus, Nine Inch Nails e tantos outros grupos e artistas que sacudiram os anos 80.
Quando o corpo de Ian Curtis, do Joy Division, foi encontrado depois de uma tentativa lamentavelmente bem sucedida de enforcamento, o LP "The Idiot" ainda tocava em sua vitrola.
É relativamente comum fãs mais antigos de Iggy Pop torcerem o nariz para "The Idiot". Em determinados aspectos, o álbum às vezes remete realmente mais a Bowie do que a Iggy. Mas seria insanidade usar esse argumento para desqualificar um trabalho tão influente e merecedor de lugar em qualquer discoteca básica que se preze.
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