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Vespas Mandarinas mira o sucesso. Mas não sabemos se acertou.

Maurício Gaia

29/03/2017 07h02

As intenções de "Daqui para o Futuro", segundo álbum do Vespas Mandarinas, são bem claras: ter ampla visibilidade no mainstream, segmento que vem ignorando o rock nacional nos últimos tempos e, em contrapartida, sendo ignorado pelas bandas brasileiras, de um modo geral.

De um quarteto reduzido a um duo (Thadeu Meneghini e Chuck Hipolitho), o Vespas Mandarinas cercou-se de muitos convidados especiais no disco. Gente do porte de Edgard Scandurra, Samuel Rosa, Marcos Suzano, Carlos Malta, entre outros. Além disso, contou com a produção de Rafael Ramos  (além do próprio Thadeu e Michel Kuaker), um cara experiente e com boas idéias.

Aí é que começam os problemas do Vespas Mandarinas – "Daqui para o Futuro" tem algumas boas canções – a faixa-título lembra um pouco Skank, "Cada Um Sabe de Si" lembra um Ira! menos inspirado, "E Não Sobrou Ninguém", Jota Quest. E por aí vai o álbum, mas o problema é que, ainda assim, não existe nenhum hit irresistível, que grude na cabeça e que te faça assobiar por dias.

Outro problema está em como o próprio mainstream.  A música (e não só o rock) vem tendo cada vez menos espaço na TV aberta, sendo substituído por reality shows e programas de humor – na Globo, música só no Faustão ou no matinal da Fátima Bernardes. As emissoras de FM, cada vez mais segmentadas, restringem cada vez o espaço para o rock  – excetuando as especializadas.

Com certeza, se ainda existisse "Globo de Ouro", Vespas Mandarinas teria um espaço  certo na TV aberta. Ou se as rádios não estivessem infestadas pelo sertanejo jabazeiro. Mas ainda assim, não figuraria entre "as mais pedidas da semana" – e a maior prova disso é que o video do seu primeiro single, com a faixa título, mesmo tendo sido lançada pelo produtor Kondzilla (responsável por clipes de grande sucesso do funk paulista). Por alguma razão (baixo número de visualizações, será?) o clipe não está mais disponível no YouTube.

Com erros e acertos, "Daqui para o Futuro" expõe o desafio atual: como fazer sucesso no mainstream tocando rock no Brasil. Temo que este álbum traga mais dúvidas do que respostas.

 

Clique no player embaixo e escute o programa Combate Rock em que entrevistamos Thadeu Meneghini e Chuck Hipolitho, do Vespas Mandarinas. 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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