Chuck Berry: a essência do rock e o começo de quase tudo
Marcelo Moreira
Bill Haley pode ter sido um dos precursores e Elvis Presley, a a imagem definitiva. No entanto, Chuck Berry era a essência do rock. Ou, como disse Keith Richards, era a própria personificação do gênero.
Irascível, genioso e genial, Berry foi o músico que definiu o gênero com composições que serviram de base para quase tudo – "Roll Over Beethoven", "Johnny B. Goode", "Come On"e mais uma penca de hinos roqueiros.
A guitarra era sempre faiscante, com uma profusão de riffs e um som cru e harmonioso. Os Beatles eram fãs, os Rolling Stones , discípulos, e o Led Zeppelin, totais servos.
A origem de tudo – ou quase tudo? Pode-se dizer que sim. Frases, licks, riffs, estrutura harmônia e melódica… quase tudo o que foi feito no rock tem um pé na musicalidade de Berry – até mesmo o jeito marrento e a postura rebelde e outsider que um dia caracterizaram os roqueiros.
Aos 90 anos, o pioneiro guitarrista morreu e deixa não um legado, mas uma obra de imensa importância para a música moderna. Toda reverência é pouco para homenageá-lo.
Os brancos tomaram conta e se sobressaíram, com as manchetes do início divididas entre Elvis, Carl Perkins, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Buddy Holly, mas a essência, na verdade estava em outro lugar.
Os negros Fats Domino e Little Richard deram o tom, mas foi Chuck Berry quem desbravou e mostrou o caminho. Nunca foi tão fácil entender o poder da música popular como nas notas e riffs do ousado guitarrista que transformou os passinhos meio ridículos em uma dancinha e em marca registrada – o duck walk, passo de pato.
Ketih Richards já o hvia encontrado por muitas vezes durante mais de 40 anos, mas foi quando finalmente conseguiu tocar com o ídolo em um espetáculo, em 1986 (do qual foi produtor e que virou filme), que pode perceber a dimensão daquele pioneiro então em certo ostracismo.
"Não era um cara dos mais fáceis de se lidar. No palco, entretanto, tudo clareava e as dificuldades sumiam. Sua musicalidade era tanta que tudo ficava fácil, Tudo se encaixava e ele comandava apenas olhando e acenando. Era sobrenatural", disse o stone anos depois, a respeito daquele evento. "A genialidade em muitos casos está na simplicidade da coisa. E ele simplificava de tal modo que tudo ficava maravilhoso."
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